Após operação contra ex-juiz, delegado é exonerado em Araguaína; Sindepol repudia

Delegado acredita que a exoneração do cargo seja retaliação por sua atuação em operações envolvendo familiares de político

Delegado regional de Araguaína é exonerado do cargo
Descrição: Delegado regional de Araguaína é exonerado do cargo Crédito: Divulgação

Saiu na edição do Diário Oficial do Estado da madrugada deste sábado, 17, a exoneração do delegado da Regional da Polícia Civil de Araguaína, Bruno Boaventura. O próprio delegado acredita que a exoneração seja retaliação por sua atuação em caso recente, polêmico, envolvendo a família do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB).

 

Nesta semana, o delegado atuou na Operação Expurgo, tendo como principal suspeito, por crime ambiental, o pai do deputado, o ex-juiz eleitoral João Olinto. Neste caso, há um mandado de prisão expedido pela Civil contra o ex-juiz e durante a operação policiais apreenderam provas que ligam o pai do parlamentar a um depósito de lixo hospitalar que armazenava os resíduos de forma irregular. João Olinto é considerado foragido da Justiça.  

 

Em outubro deste ano, o delegado também atuou na apreensão dos R$ 500 mil, de origem duvidosa, que foram encontrados em poder do irmão do deputado estadual, o advogado Luís Olinto Rotoli, em período eleitoral. A Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra a Administração Pública (Dracma) instaurou um inquérito para apurar a conduta do deputado Olyntho Neto neste caso.

 

Na publicação de hoje, no Diário Oficial, o secretário-chefe da Casa Civil, Rolf Costa Vidal, dispensou da função comissionada de Delegado Regional de Polícia Civil - FCSP-9, os servidores, lotados na Secretaria da Segurança Pública: 1. ABELICE ABADIA DA CUNHA OLIVEIRA; 2. ADRIANO CARRASCO DOS SANTOS; 3. AFONSO JOSÉ AZEVEDO DE LYRA FILHO; 4. BRUNO BOAVENTURA MOTA; 5. CLECYWS ANTÔNIO DE CASTRO ALVES; 6. EDUARDO MORAIS ARTIAGA; 7. JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA; 8. LUCÉLIA MARIA MARQUES BENTO; 9. OLODES MARIA DE OLIVEIRA FREITAS; 10. RAIMUNDA BEZERRA DE SOUZA; 11. TIAGO DANIEL DE MORAES; 12. WAGNER RAYELLY PEREIRA SIQUEIRA.

 

Sindepol emite nota de repúdio

 

Em nota enviada à imprensa na madrugada deste sábado, o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins (Sindepol/TO), Mozart Felix, repudiou a exoneração do delegado Bruno Boaventura “que, por vontade do governo do Tocantins, não continuará a exercer suas funções. Desde junho de 2017, Bruno Boaventura exerceu o cargo de Delegado Regional, tendo prestado um excelente serviço à população de Araguaína e demais cidades que compõe a regional. A chegada de Bruno Boaventura e de outros 12 delegados em meados de 2017, somando forças aos que lá já estavam, revolucionou a segurança pública da região”, informou o presidente do Sindepol.

 

Para o Sindicato, a exoneração seria uma retaliação. “A Polícia Civil passou a atuar de forma mais incisiva no combate à corrupção. É de conhecimento público o fato de que o irmão do deputado Olyntho Neto (PSBD) foi detido transportando uma mala com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) no dia 01 de outubro de 2018, em Araguaína. Para tanto, Luiz Olinto Rotoli Garcia de Oliveira (irmão do deputado) utilizava uma caminhonete da Assembleia Legislativa do Tocantins e era escoltado por Policiais Militares que prestam serviços àquela Casa de Leis. Da mesma forma, todos sabem que, no dia 12 de novembro de 2018, uma equipe chefiada pelo Delegado Bruno Boaventura cumpriu mandado de busca e apreensão em imóveis que pertencem ao advogado e ex-juiz eleitoral, João Olinto Garcia de Oliveira (pai do deputado Olyntho Neto). Há ainda um mandado de prisão preventiva expedido em desfavor desse advogado. No dia 14 de novembro deste ano, a Polícia Civil, por meio de sua Delegacia Especializada no Combate aos Crimes contra a Administração Pública (DRACMA), instaurou inquérito policial em desfavor a esse mesmo deputado estadual e líder de governo para investigar a utilização do carro e de servidores da Assembleia Legislativa no episódio da apreensão da mala com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)”.

 

O presidente do Sindicato aponta que a exoneração de Bruno Boaventura é algo que “nos causa profundo espanto e preocupação com o futuro do Tocantins. Apesar de não estarem publicadas as razões do ato, sabemos que certamente não teriam ligação com os excelentes serviços prestados no cargo ou com o alto grau de satisfação da população de Araguaína com os resultados obtidos. Assim, só nos resta deduzir que se trata de um ato de perseguição política face às investigações que vem sendo desencadeadas e isso não iremos permitir”.


O T1 Notícias questionou o Governo do Estado sobre a exoneração e aguarda que se manifeste sobre o assunto. 

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