Avanços na educação indígena no TO; programa destaque é de alfabetização até 8 anos

Com as políticas públicas, o estado atende 6.084 estudantes, em 108 unidades escolares que oferecem educação indígena com currículo específico, diferenciado, intercultural, bilíngue/multilíngue

 Políticas educacionais prioriza a preservação da identidade cultural
Descrição: Políticas educacionais prioriza a preservação da identidade cultural Crédito: Divulgação/Governo do Tocantins

No Tocantins, os avanços nas políticas públicas direcionadas aos povos indígenas têm garantido a sua inclusão no universo das oportunidades. Um dos programas que está promovendo bons resultados é o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que está sendo aplicado em algumas escolas, visando assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. “Este programa está ajudando bastante”, contou a supervisora Maria Arlete Rodrigues Fernandes, da Diretoria Regional de Tocantinópolis.

 

Com as políticas públicas ligadas à educação, o Tocantins atende 6.084 estudantes, em 108 unidades escolares que oferecem educação indígena com currículo específico, diferenciado, intercultural, bilíngue/multilíngue para os povos Xerente, Krahô, Javaé, Krahô Kanela, Karajá, Xambioá, Povo Pani e Apinajé.

 

Para a técnica da Educação Indígena da Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes, Cleide Araújo Barbosa Mecenas, um dos avanços mais significativos foi o estabelecimento de uma meta específica no Plano Estadual de Educação (PEE/TO). É a Meta 13, que estabelece a universalização, a oferta de educação escolar indígena diferenciada, bilíngue, intercultural e comunitária, em todas as etapas e modalidades da educação básica. “Isso garante que a educação indígena seja pensada a partir da realidade de cada etnia, pensar na etnogeografia, na etnohistória, na etnomatemática e não repetir os mesmos conteúdos das outras escolas”, contou Cleide.

 

De acordo com a Proposta Curricular, conteúdos de Língua Portuguesa são repassados desde o 1º ano do ensino fundamental usando a oralidade. A língua materna é praticada na escola desde a pré-alfabetização, garantindo oportunidades de os indígenas aprimorarem e preservarem a língua materna. Já a Língua Portuguesa é ensinada visando ampliar o universo de leitura e produção de textos dos estudantes promovendo a inclusão social e intelectual.

 

O Tocantins foi o primeiro Estado da federação a criar, em 2005, o Conselho Estadual Escolar Indígena, com o objetivo de deliberar sobre políticas públicas relacionadas à formação de professores e ao processo de ensino e aprendizagem. O Estado é um das cinco unidades da federação que possui o conselho.

 

Data para reflexão

 

No dia 19 de abril, comemora-se o Dia do Índio, desde 1932, instituído pelo presidente Getúlio Vargas, como uma forma de refletir a situação e os direitos dos povos indígenas. Para a professora Rhoselly Xavier, de Língua Portuguesa do Centro de Ensino Médio Rui Brasil, localizado em Miranorte, que realizou a XIV Semana dos Povos Indígenas, a data não é para comemorar, é para conhecer como vivem os povos indígenas. “Com essa atividade, a escola promove reflexões sobre a vida e a cultura dos povos indígenas. Que os nossos alunos possam reconhecer os povos indígenas como pessoas com as quais poderemos nos identificar. É uma forma de conhecer a cultura e o modo de vida para compreender suas lutas”, frisou.

 

Durante a semana, em todas as escolas indígenas estão sendo realizadas atividades como contação de histórias por parte dos anciões, danças, exposição de artesanatos, de comidas típicas e rodas de conversas sobre a cultura dos povos indígenas.

 

A Escola Estadual Indígena 19 de Abril, localizada na aldeia Manoel Alves Pequeno, e a Escola Estadual São Vidal, localizada na aldeia São Vidal, em Pedro Afonso, estão promovendo o projeto Dia do Índio: Minha Cultura e Minha Identidade, com estudos, produções de textos sobre história e costumes indígenas.

 

Investimentos

 

Nos últimos anos, a educação escolar indígena tem conquistado consideráveis avanços no Estado, com investimentos da ordem de R$ 3.458.619,49 efetuados em infraestrutura, em obras de reformas e melhoramentos de 73 unidades escolares indígenas. 

 

Algumas dessas escolas estão recebendo obras de reforma e ampliação, a exemplo da Escola Estadual Indígena Warô; a Escola Estadual Indígena Wakomekwa; Escola Estadual Indígena Skawe, todas de Tocantínia; e a Escola Estadual Indígena Tainahaki e o Centro de Ensino Médio Indígena Xambioá, em Santa Fé do Araguaia.

 

Em 2017, foram criadas quatro novas escolas indígenas no Estado: Escola Indígena Morrão, Escola Indígena Brejinho, Escola Indígena Serrinha e Escola Indígena Boa Vista, todas em terras Xerente.

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