Cerca de 80 famílias de acampamento incendiado em Carrasco Bonito resistem no local

Algumas famílias perderam todos os seus pertences, além de uma grande quantidade de alimentos, já que seis alqueires plantados também foram atingidos pelas chamas

Moradora de acampamento mostra as cinzas do incêndio
Descrição: Moradora de acampamento mostra as cinzas do incêndio Crédito: Loise Maria

Mais de 80 famílias permanecem no acampamento Padre Josimo, em Carrasco Bonito, na região do Bico do Papagaio, que foi atingido por um incêndio no dia 14 de agosto. As causas do ocorrido ainda estão sob investigação. O incêndio no acampamento não deixou vítimas fatais, mas destruiu muitos barracos. Algumas famílias perderam todos os seus pertences, além de uma grande quantidade de alimentos, já que seis alqueires plantados também foram atingidos pelas chamas.

 

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o acampamento Padre Josimo está situado em um assentamento do Incra, criado na década de 90, em uma região de forte disputa. Os trabalhadores rurais relatam que o Incra destinou cerca de cinco mil hectares, contudo, no cartório só consta a desapropriação de pouco mais de dois mil hectares. A área restante não possui título de domínio e está sendo tomada por posseiros.

 

“Tinha cama, prateleira, fogão, berço, carrinho de bebê, cadeiras, rede e roupa, arroz. Foi triste ver as nossas coisas queimadas, ficar sem nada”, afirma a lavradora Evane Sousa Silva, de 33 anos, olhando as cinzas do barraco em que vivia com seus seis filhos, o mais velho com 21 anos e a mais nova com nove meses. “Ainda tenho uma esperancinha, porque ainda estou aqui dentro. Eu queria a terra para os meus os filhos, para eles trabalharem. Eu não tenho estudo, meus filhos também não. Por isso acho que eles vão ter um futuro melhor na roça”, disse a lavradora que, assim como os demais acampados, é assistida pela Defensoria Pública do Tocantins.

 

Os lavradores reconstruíram as moradias em mutirão. A madeira e palha, por exemplo, são coletadas na área do acampamento. Após o incêndio, os acampados se uniram para ajudar todos da comunidade, e após morar alguns dias com outra família, Evane recebeu um novo barraco, além de comida, utensílios de casa, colchão e roupas.

 

Atendimentos

 

A comunidade está sendo acompanhada pelo Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas (NUAmac) de Araguaína e pelo Núcleo da Defensoria Pública Agrária (DPAgra). Os acampados tiveram atendimento jurídico da DPE na época do incêndio e, mais recentemente, no último dia 26 de setembro. Os acampados falaram de dificuldades para registrar boletim de ocorrência na localidade e solicitaram a atuação da DPE para resolver esse problema.

 

As famílias foram orientadas sobre como proceder em situações similares e também foi informado que existe no Ministério Público Federal (MPF) um pedido de informações acerca da área junto Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), resultado de uma reunião conjunta realizada com a parceria interinstitucional da Defensoria Pública e MPF.

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