#EspecialTJ - Lutar contra a homofobia e os demais preconceitos é uma ode à empatia

Conforme o juiz Wellington Magalhães, a homofobia é considerada uma forma de intolerância, assim como o racismo, o antissemitismo e outras formas de preconceito

Estudante de Teatro Daniele Alves Dorneles
Descrição: Estudante de Teatro Daniele Alves Dorneles Crédito: Divulgação

“Cresci ouvindo o tempo inteiro do meu próprio pai que se tivesse um filho gay ele matava”. A fala de Diogo Paz é a realidade de milhares de pessoas na condição LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Quem Mais). A definição da sigla segue incompleta buscando ser cada vez mais abrangente e inclusiva.

 

Mas como conviver diariamente com o preconceito? Será que há fórmulas mágicas para ser feliz, mesmo quando não há aceitação? Neste dia 17 de maio, em que se é comemorado o Dia Internacional Contra a Homofobia, o Poder Judiciário do Tocantins não somente abraça essa luta contra, mas também contra todos os tipos de preconceitos.

 

 “Em uma sociedade tão fechada como a nossa, eu sempre procuro ignorar o preconceito. Quando gritam que eu sou um erro, eu vou seguir a minha vida, pois se começar a ficar pensando nisso o tempo todo vou ficar só me martirizando”, afirma Diogo, que prefere ignorar prejulgamento social.

 

Conforme o juiz Wellington Magalhães, que é mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Tocantins, (UFT), a homofobia é considerada uma forma de intolerância, assim como o racismo, o antissemitismo e outras formas que negam a humanidade e dignidade das pessoas.

 

“No artigo 3, no inciso IV da Constituição, dispõe que a Federação deve promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor ,idade e quaisquer outras formas de discriminação. Sendo assim, a homofobia pode ser contemplada como outra forma de discriminação e pode ser classificada como um crime de ódio, passível de punição”, explica o juiz.

 

Mensagem de amor

 

Segundo dados da ONG Transgender Europe (TGEU), o Brasil continua a ser o país onde mais se matam transexuais. Diogo resolveu transitar na contramão dessas expectativas tristes. O estudante de Jornalismo desenvolveu para a rádio da UFT um programa especial que leva informações sobre a situação da comunidade Trans no Brasil. “Foi uma mensagem de amor. O nosso corpo não é o limite para nossa personalidade. Tentei passar para todo mundo a realidade diária do quanto é difícil ser transgênero e transexual aqui no Brasil.”

 

O programa de rádio faz vários apontamentos para ajudar outras pessoas na mesma condição, trazendo relatos de aceitação, mas também de sofrimento e preconceito. Além disso, traz orientação por meio de entrevistas com advogados e psicólogos que sempre ressaltam que é fundamental o apoio familiar neste processo.

 

“Um amigo meu estava passando por um processo de transformação. Para ajudar ele a passar por isso, eu tive que entender mais e falei com um psicólogo que explicou como é que funcionava a questão da transexualidade”.

 

Segundo Diogo, por mais que existam avanços alcançados pela visibilidade e mobilizações ainda são predominantes os discursos de ódio, a violência e a discriminação. E mesmo assim, o estudante é esperançoso com o futuro. “Infelizmente aprendemos a conviver com os riscos à vida. Mas devemos ter esperança na geração que está vindo por aí, que precisa ser ensinada sobre aceitação. Já que no fim de tudo, estamos falando sobre empatia, amor e respeito.” concluiu.

 

"Mas você nasceu menino, como você é menina?" Isso me machuca!

 

A frase poderia apenas dividir o texto, mas marcou a vida da estudante de Teatro Daniele Alves Dorneles cujas mãos são capazes de modificar o enredo composto de momentos sofridos. Em seu blog, o Transdiário da Daniele, ela usa a escrita para promover orientação, aceitação e respeito para os diferentes.

 

O blog traz relatos e desabafos da estudante, que menciona que o primeiro passo para o empoderamento é o reconhecimento de si. E que o segundo é a forma que externamos isso para outras pessoas. “É necessário desconstruir essa imagem distorcida, que envolve a promiscuidade. E isso acontece na exposição de informações que mostrem quem realmente são as pessoas, quem somos de verdade. Essas possibilidades e encaramentos são formas de empoderamento.”

 

A estudante ainda lembra que o preconceito sofrido já a impediu de ir e vir. “Uma vez, em uma cachoeira em Taquarussu, um grupo de rapazes ficou tentando ver se eu era homem ou mulher, olhando diretamente para o meu biquíni”, revela, ressaltando que o episódio a machucou muito e fez com que ela passasse a evitar determinados tipos de locais.

 

Para Daniele, a empatia deve ser exercitada constantemente, e a sua maior aliada é a arte da pergunta. “Perguntar ao outro como o ele se sente, quem é, e como deseja ser tratado. A base de tudo é o respeito.”

Confira o programa de rádio do Diogo, e o transdiário de Daniele.

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