Mais de 120 transplantes de córnea foram realizados em dois anos no Estado

Os transplantes foram feitos após a implantação do Banco de Olhos do Tocantins (Boto). Atualmente, 61 pessoas ainda estão na lista de espera para receber o transplante de córnea.

Procedimento cirúrgico de transplante de córnea
Descrição: Procedimento cirúrgico de transplante de córnea Crédito: Nielcem Fernandes

O Governo realizou 128 transplantes de córnea em pouco mais de dois anos após a implantação do Banco de Olhos do Tocantins (Boto), localizado no Hospital Geral de Palmas (HGP). O local é responsável pela captação e pela preservação de tecidos oculares para serem transplantados em pacientes na lista de espera da central de transplantes que atende à demanda do Estado e do País.

 

Desde a sua implantação, no final do ano de 2016, até março deste ano, dos transplantes de córnea realizados no Tocantins, 73,08% foram captados dentro do Estado, e os demais recebidos de outras localidades do país. Segundo informações da Central de Transplantes do Tocantins (CTTO), foram realizados 47 transplantes de córnea no ano de 2018; e 13 nestes três primeiros meses de 2019.

 

Atualmente, 61 pessoas ainda estão na lista de espera para receber o transplante de córnea, que só pode ser doada após o óbito de um potencial doador, considerado aquele que tenha entre 2 e 80 anos e não possua um histórico médico com contraindicações impeditivas.

 

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico que é realizado em centro cirúrgico e não necessita de internação do paciente. A cirurgia consiste em substituição de uma córnea doente ou opaca por outra sadia, com intuito de melhorar a visão do paciente ou mesmo corrigir defeitos oculares que ponham em risco a sua anatomia ou a função do seu olho.

 

Segundo Núbia Maia, oftalmologista e responsável técnica do Banco do Olhos, “em 2018, após análise de potenciais doadores no HGP e conversas com os familiares, o Banco de Olhos conseguiu o consentimento para a doação em 32,35% das famílias abordadas, que está abaixo da média nacional, mas dentro da média da Região Norte. No ano de 2019, até o momento, o consentimento para doação chegou  a 51,85%, que já é uma porcentagem satisfatória e compatível com a média nacional estipulada em 55%, mas que pode ser melhorada inclusive com o diálogo em casa, expressando, aos familiares, o seu desejo de ser um doador, pois no momento da morte é a família, necessariamente na ordem de primeiro e segundo grau, que detém o poder de decisão”, explicou.

 

A captação deve ser realizada em, no máximo, 6 horas após o óbito, o que necessita de uma logística ágil para que todo o procedimento, entre a identificação do potencial doador, a abordagem familiar e a captação das córneas, ocorra dentro do prazo.

 

Com um prazo muito curto de 6 horas, entre o óbito e a captação do globo ocular, e levando em consideração a sensibilidade do material coletado, os profissionais possuem somente 12 horas para a preservação da córnea, que é liberada em um ou dois dias para a distribuição, que é feita exclusivamente pela central de transplantes.

 

A doação passa por uma avaliação, por meio de exames de sorologia, que permitem o diagnosticar e identificar anticorpos e antígenos, para certificar e avaliar a qualidade do tecido e garantir o êxito do transplante. A córnea tem até 14 dias para ser transplantada. Quanto antes ocorrer o procedimento cirúrgico, melhor será o prognóstico do receptor.

 

Como ser um doador

 

A legislação brasileira, por meio da Lei nº 9.434/1997, é bem específica sobre a doação de órgãos. No caso da doação das córneas que ocorre somente após o óbito, cabe aos familiares do paciente, autorizar ou não o procedimento. Portanto, se o paciente deseja ser um potencial doador, é necessário que manifeste em vida o seu desejo para que sua família o respeite após a morte.

 

Podem ser doadores pacientes entre 2 a 80 anos que não apresentem histórico de infecção generalizada, hepatite B e/ou C, HIV (Aids), linfomas ativos e leucemias, dentre outros critérios estabelecidos por regulamentação.

 

Com serviço de captação 24 horas no HGP, o Banco de Olhos também atende hospitais particulares quando acionado, podendo ser contactado por meio dos telefones (63) 3218-1061 e 99208-9392. Dúvidas e informações também podem ser esclarecidas pelo e-mail: boto@saude.to.gov.br e pela rede social www.facebook.com/bancodeolhosdotocantins.

 

Fluxo para transplante de córnea no SUS

 

Para entrar na lista de espera do transplante, o cidadão deverá ser avaliado por um oftalmologista, vinculado ao Sistema único de Saúde (SUS) ou da rede privada que emite um laudo indicando a necessidade da realização do transplante. Em seguida, o paciente entra em contato com a Secretaria de Saúde do Município de origem com o laudo médico, documentos pessoais, comprovante de endereço e cartão do SUS.

 

Após esse acionamento, a central de regulação do município realiza o agendamento do paciente no Ambulatório de Transplante de Córnea no HGP para confirmar a necessidade do procedimento e a possibilidade de realização do mesmo no Estado. O médico oftalmologista da equipe de transplante inscreve o paciente no Sistema informatizado de Gerenciamento do Sistema Nacional de Transplantes (SIG-SNT). O paciente recebe o comprovante da inscrição com o Registro Geral da Central de Transplantes (RGCT), que contém informações necessárias para a consulta de sua posição na lista, disponível no endereço https://snt.saude.gov.br.

 

A Central de Transplantes do Tocantins (Cetto) faz o gerenciamento da lista e informa, à equipe transplantadora, da disponibilidade do tecido (córnea) e o nome do próximo receptor em espera. Ficam a cargo da Cetto todas as operações logísticas necessárias para que o tecido chegue à equipe que realizará o procedimento cirúrgico.

 

Com o sucesso do procedimento, o paciente recebe o devido acompanhamento no Ambulatório de Transplantes de Córnea, conforme agendamento realizado pela própria equipe transplantadora.

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