Na linha de frente contra a covid-19, bombeiros comemoram o dia deles nesta quinta, 2

Os guerreiros que têm por lema: vidas alheias, riquezas a salvar, sempre serão lembrados como heróis que são.

Crédito: Carlos Magno/Governo do Tocantins

Em 2020, as comemorações ao Dia Nacional do Bombeiro Militar serão diferentes, assim como outras datas especiais festivas em todos os cantos do mundo. Por aqui não teremos a tradicional Corrida do Fogo e nem a Travessia no Lago, que reúnem centenas de pessoas. Mas o brilho e a importância deste dia 02 de julho não mudam. Os guerreiros que têm por lema: vidas alheias, riquezas a salvar, sempre serão lembrados como heróis que são. E, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a missão continua, sem retroceder.

 

E tem sido assim desde o surgimento da covid-19 no Tocantins, com as medidas restritivas, isolamentos ou com outras ações para se evitar a contaminação das pessoas. E os militares do Corpo de Bombeiros continuam em suas atividades, seja na linha de frente do serviço operacional, quer seja na retaguarda dos serviços administrativos. E, mais recentemente, nas ações de sanitização em cerca de 27 cidades do interior, onde os índices de infecção da covid-19 têm sido maiores.

 

E é inevitável que alguns bombeiros não sejam infectados pelo novo conoravírus, afinal, tanto os combatentes quanto aqueles que dão suporte à linha de frente, estão em situação de risco, pois essa é a própria natureza do serviço de bombeiro. Apesar das medidas de prevenção, do uso de equipamentos de proteção, o guerreiro não está imune.

 

Em sua jornada diária, o contato com desconhecidos, o atendimento a vítimas de acidentes das várias naturezas, o corpo a corpo com pacientes que precisam ser deslocados de suas casas para unidades hospitalares, ou em um acidente e precisam ser socorridos. São várias as formas em que esses estão expostos.

 

Mas, como dito antes, a corporação é uma das que tem suas atividades de risco e de prestação de serviço essencial à população. Na corporação, o sargento E. L. é um dos que já tiveram a covid-19. Ele relata que a contaminação ocorreu em maio, durante uma das missões executadas no Bico do Papagaio, extremo norte do Tocantins, região com o maior número de casos no estado.

 

"Num primeiro momento, eu não senti nenhum temor quanto a isso. Estava imbuído da missão, mas quando retornei, voltei com sintomas e achei que fosse decorrente da viagem, de poeira, com muita coriza e tosse seca. E devido à tosse intermitente (contínua), e sensação de fraqueza, no próprio Corpo de Bombeiros mesmo me orientaram a ir ao Posto de Saúde, onde me deram atestado e me recomendaram que me afastasse do trabalho", conta.

 

"Nesse primeiro momento não tive temor, até que me deparei com as pessoas que sabiam que eu tinha essa possibilidade. Confesso que compreendi que o mais grave não era o vírus, mas sim o preconceito", completou o sargento que testou positivo nos exames.

 

Hoje o sargento está curado e já voltou ao trabalho. “Durante 13 anos no CBM, tenho tentado cumprir minha missão com esmero. Fico feliz em servir a sociedade e a corporação a qual sirvo. Encaro a missão como uma missão do próprio Senhor [Deus], aonde quer que eu esteja, preciso estar brilhando, ser luz, exemplo", disse.

 

Juramento - O subtenente R. L. tinha histórico de problema de garganta quando, numa crise, resolveu procurar um médico. Daí veio a surpresa do resultado. "Não me passou pela cabeça que eu poderia estar com a covid, porque eu estava me prevenindo de forma ‘caxias’ (rigorosa) mesmo, e fui procurar o médico com sintoma de garganta. Deu uma febre ‘light’ e no segundo dia voltou a febre. Daí retornei ao médico. Nisso foi feito o teste para a covid-19. Mas quando saiu o resultado, nossa! e você não está esperando, dá um baque psicológico”, conta.

 

A preocupação do subtenente era com a esposa e o bebê. "De certa forma é muito incômodo estar isolado das pessoas que você ama, estar privado da convivência, ainda mais com a criança em casa", explicou. RL relatou que os cuidados na prevenção e a fé em Deus ajudaram a passar pela tristeza do isolamento, porém, a esposa também foi acometida pela doença, e juntos superaram os problemas.

 

"Graças a Deus a gente venceu. O incômodo foi o fato de as pessoas ter receio de serem infectadas, e dependendo da pessoa, há sim uma discriminação. A gente começou a entender e procurou esquecer isso. Deus enviou outras pessoas para nos ajudar. A gente superou sem sequelas”, revelou o subtenente.

 

Outro bombeiro militar, com atuação no Setor Operacional do 1º Batalhão, o sargento A. N. B. pegou a covid-19 recentemente, depois de trabalhar dois dias numa outra repartição pública. Como os exames eram de rotina, logo ele descobriu que estava infectado.

 

“Dia 06, de junho, ligaram pra mim [do trabalho] falando do resultado positivo. Daí me isolei e fui, dia 08, ao Posto de Saúde da minha quadra pegar atestado. Acho que contraí durante o serviço, talvez no alojamento, onde a gente dorme”, explicou o sargento.

 

A.B cumpriu o período de isolamento e destacou que não teve preocupação por estar com a convid-19. “Não tive sintomas agravantes, apenas congestão nasal ao dormir”, comentou. “O período de isolamento é muito difícil porque não se pode sair pra nada e ficamos dependendo de favores para adquirir mantimentos, além de estar privado de atividades físicas, laser, enfim. Já estou de volta ao trabalho normal, já que quase não tive sintomas”, pontuou.

 

O soldado F. G. ainda está com a covid-19. O resultado dele saiu na última segunda-feira, 29. Dores de cabeça, coriza e dores no corpo foram os principais sintomas observados. "Após o resultado a gente compreende que a doença não é tão simples", reconheceu.

 

F. G. não sabe onde pegou a doença, já que tem estado nas escalas de trabalho no dia a dia. "É a nossa missão. É o que nos foi proposto no ingresso da nossa carreira, se possível com o sacrifício da nossa vida", lembrou. "Estamos aqui para ajudar e espero estar de volta daqui uns dias", concluiu.

 

O Corpo de Bombeiros Militar presta assistência contínua aos bombeiros militares, por meio da junta de saúde e fundação Pró-Tocantins de assistência aos beneficiários. Oito bombeiros testaram positivo desde o início da pandemia, cinco deles curados. Onze encontram-se em serviços home-office, por pertencerem a grupos de riscos, e três afastados preventivamente.

 

“O Corpo de Bombeiros está comprometido no atendimento social, seja de qual for a natureza, estará buscando a melhor solução para garantir a proteção da vida, sem abrir mão da segurança dos nossos militares. Nesse dia 2 de julho, dia nacional do bombeiro, o meu respeito e minha continência a todos os valorosos guerreiros que estão na linha de frente, exercendo o seu juramento de atender a população tocantinense, mesmo com risco da própria vida“, frisou o coronel Reginaldo Leandro da Silva, comandante do CBMTO.

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