Organizações civis repudiam violência de Policial Militar durante batalha de rima

A nota conjunta das organizações ainda pede ao Estado o pleno exercício da garantia constitucional de proteção integral das crianças, adolescentes e jovens de todas as formas de violência.

Policial Militar destruiu equipamento que era utilizado na Batalha de Rima
Descrição: Policial Militar destruiu equipamento que era utilizado na Batalha de Rima Crédito: Divulgação

Na última terça-feira, 05, enquanto um grupo de jovens e adolescentes ensaiava no Ginásio Ayrton Senna, no Aureny II, um sargento da polical militar do Tocantins, identificado como Fabrício Alexandre Lopes, ameaçou os participantes com uma arma de fogo, agrediu fisicamente um dos adolescentes, xingou os presentes e destruiu a chutes e pancadas o equipamento de som que estava sendo utilizado pelo grupo.

 

De acordo com informações apuradas pelo T1Notícias, os jovens estavam ensaiando para um evento cultural de rima e poesia, chamado de Batalha do Ginásio (BDG), que acontece todas as quintas-feiras no Ginásio Ayrton Senna e é organizada pelo Movimento Unidos Por um Mundo Melhor (UPMM). O grupo contava com três jovens que ensaiavam e alguns observadores. Para a atividade, os jovens estavam utilizando uma caixa de som emprestada pela diretoria do UPMM, quando o policial militar interferiu de forma truculenta e agressiva a manifestação do grupo, utilizando arma de fogo. Segundo testemunha que estava no local, o homem agrediu um dos adolescentes, batendo a cabeça do mesmo diversas vezes contra uma das paredes do ginásio. “Dá para ver na parede do Ginásio um monte de mancha de sangue que ficou depois que ele bateu no menino”, disse testemunha que não quer ser identificada.

 

A Polícia Militar, por meio de nota, informou que o agressor estava “de folga e em trajes civis, interviu em situação com o seu filho, cuja participação no evento não estava autorizada pelo pai”. A PM disse ainda que até o momento não foram registradas denúncias, apesar de um vídeo circular na internet comprovando que o policial ameaçava os presentes com arma de fogo, ofendia pessoas e destruía a caixa de som. “Destaca que recebeu informações preliminares sobre o fato e aguarda denúncia de eventuais vítimas, as quais ainda não procuraram a PM. A postura adotada pelo PM, após formalizadas denúncias, serão investigadas á luz da Polícia Judiciária Militar”, informa nota divulgada pela instituição militar. No vídeo, o agente de segurança grita, xinga e destrói a caixa de som do grupo. “Bando de vagabundo, incentivando a vagabundagem. Desgraçados! Ensinando ao meu filho coisa errada! Vagabundo! Eu arranco a cabeça de vocês e de qualquer um aqui!”.

 

De acordo com a testemunha, após a ameaça, o policial se retirou do local depois de contatar a Força Tática e alegar que acontecia tráfico de drogas ali. A testemunha ainda relatou que foram encaminhadas cinco viaturas militares ao local e que nada foi encontrado.

 

Depois do acontecido, diversas instituições sociais e organizações civis se juntam nesta sexta-feira, 08, no Ginásio Ayrton Senna, local onde acontecem as manifestações artístico-culturais, às 19h30. A roda de conversa está sendo organizada pelo Movimento UPMM e vai tratar do acontecimento desta terça-feira e medidas que serão adotadas, além de constar na pauta a segurança dos movimentos sociais e culturais e a sua importância na formação das pessoas.

 

As organizações sociais, que atuam na defesa dos direitos humanos, também publicizaram nesta sexta-feira, 08, uma nota de repúdio em desfavor da ação do policial. “As organizações repudiam veementemente a violência institucional reiterada contra as batalhas de rima. E ainda, ressaltam que são atividades culturais como essas que garantem o desenvolvimento integral da pessoa humana, especialmente de crianças e adolescentes, capazes de promover a superação das diversas violências vivenciadas, de sensibilizar para a participação social, para o respeito e solidariedade e para garantir o reconhecimento enquanto sujeito de direitos”, argumenta a nota.

 

Já a Polícia Militar diz que “manifesta total apoio às manifestações artístico-culturais, mas destaca a necessidade de se adotarem medidas preliminares legais, a fim de garantir a segurança dos participantes. O comando do 6º Batalhão realizou reunião integrada com a presença dos organizadores do evento informal, Conselho Tutelar e gestão do Ginásio Ayrton Senna, mas as diretrizes para legalizar a atividade ainda não foram adotadas pela organização”.

 

A nota conjunta das organizações ainda pede ao Estado o pleno exercício da garantia constitucional de proteção integral das crianças, adolescentes e jovens de todas as formas de violência.

 

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