Sessão na Assembleia Legislativa revela exclusão e desigualdade racial no Tocantins

Na ocasião, personalidades do movimento foram homenageadas,

Presidente pede mais respeito pelos negros e suas crenças
Descrição: Presidente pede mais respeito pelos negros e suas crenças Crédito: Portal T1

Em alusão a Semana da Consciência Negra e oportunizando o debate sobre medidas e mecanismos de resgate da dívida social e histórica que o Brasil tem com a população negra, além de apresentar formas de combate à desigualdade racial, a Assembleia Legislativa do Tocantins (AL), realizou uma sessão solene na manhã desta quarta-feira, 22, no plenário da Casa em homenagem ao “Dia Nacional da Consciência Negra”.

 

Celebrada no dia 20 de novembro, a data ficou marcada pelo dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial, assassinado em 1965, após trajetória de luta pela libertação do povo afrodescendente no Brasil.

 

A sessão solene requerida pelo deputado Paulo Mourão contou com apresentações musicais com o cantor Dorivã Borges, dança cigana com os representantes e filhos do Terreiro de Umbanda Tenda do Caboclo de Palmas, capoeira com o grupo Academia Tambor, explanação da Situação no Negro no Tocantins e dentre outras expressões da cultura afro-brasileira.

 

“Assim como todos os dias do ano, o ‘Dia da Nacional Consciência Negra’ é um importante momento para reconhecer a luta contra o preconceito e refletir sobre a importância de ações que valorizem a cultura negra em âmbito nacional", defendeu o autor.

 

Na oportunidade também foram homenageadas 14 personalidades ligadas aos movimentos sociais, e que atuam em prol da comunidade afrodescendente no Tocantins.

 

Comitê dos Direitos Humanos

 

O Secretário de Cidadania e Justiça do Tocantins (Seciju), Glauber Oliveira, que esteve presente na sessão solene adiantou ao T1 Notícias na manhã desta quarta-feira, 22, que será criada a Casa dos Direitos Humanos no Tocantins. “Estamos aguardando agenda da Ministra dos Direitos Humanos para entregar a Casa dos Direitos Humanos do Tocantins, onde todos os conselhos estarão lá. Vamos ter toda uma estrutura criada e voltada para atender e garantir os Direitos Humanos nesse Estado”.

 

Contrariando muitas opiniões que questionaram o desempenho do coronel da PM aposentado frente à uma pasta que visa desenvolver os direitos humanos, Oliveira disse que ainda vai surpreender muita gente e pontou algumas medidas do seu planejamento de ações da pasta onde o quesito cidadania será o foco na sua gestão. “Estamos investindo bastante nas áreas de direitos humanos, diversidade religiosa, sexual, das minorias. Já reunimos com todos os conselhos que deverão nos trazer seus projetos e prioridades para que possamos trabalhar em cima deles em 2018”, revelou o secretário.

 

Situação do negro no Tocantins

 

Em discurso na tribuna durante a sessão, a jornalista e coordenadora do Instituto Crespas, Maria José Cotrim explanou o contexto atual em que vive a população negra no Tocantins. Beseada em dados do IBGE, Cotrim mostrou que 74% da população do Estado são negros. Destacou números e comentou “a situação de reparação social ainda está longe de acontecer no Tocantins. O combate ao racismo precisa ser amplamente difundido nesse estado. Precisamos de projetos que ajam no cotidiano, que evidenciem a qualidade de ter um Tocantins com mais igualdade”, avaliou a ativista.

 

Maria José também mostrou que o Tocantins é um dos quatro estados com a maioria de trabalhadores resgatados em situação análoga a escravidão. E mostrou ainda através de dados que apenas 4% dos prefeitos do Tocantins se declaram negros.

 

Diversidade Religiosa

 

A presidente da Federação da Casa de Culto de Matriz Africana, Ebomi Roberta de Osoguiã, também explanou durante discurso na tribuna sobre o respeito à religião do negro e lembrou que o Estado do Tocantins foi, em sua maioria construído pelo trabalho do negro. A líder religiosa agradeceu o espaço e pediu ainda ações efetivas do poder p0úblico.

 

“O dia em que a casa do povo abriu a casa para nós e esse dia merece ser saudado. Agradeço a inclusão aos povos de religião de matriz africana na sessão solene. Cabe lembrar que o Tocantins foi forjado pelo trabalho negro, as cidades históricas foram, em sua maioria feitas com o trabalho do negro. Depois de 28 anos de Estado, criamos a Federação das Casas de Culto de Matriz Afro Brasileira. Aproveito para pedir que o nosso povo seja lembrando do orçamento do estado. O Tocantins é de uma riqueza imensa. Temos uma diversidade que precisa ser mostrada e nós queremos quebrar o preconceito contra a religião do preto. Não podemos ser demonizamos, não cultuamos o demônio. Nossa fé desconhece essa entidade. Não louvamos isso, louvamos a força divina . Trabalhamos para a fé, a força e a evolução”, esclareceu.

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