A escolha de Kátia Abreu e os impactos da criação do partido de Kassab no Estado

A imprensa nacional já dá como certa a saída da senadora Kátia Abreu, maior liderança do Democratas no Tocantins, da legenda que substituiu o PFL e na qual está desde a fundação. Bastante próxima de Gilberto Kassab, que recém anunciou a criação do PS...

Desde o processo de escolha do candidato a vice de José Serra (PSDB) as coisas não vão muito bem dentro do Democratas. A ala carioca, que tinha o comando do partido, acabou gerando estremecimentos dentro da legenda pela forma como conduziu as negociações com o PSDB.

O saldo negativo das eleições no entanto, é o principal motivo para o esvaziamento do Democratas, que vive o dilema de permanecer entre quatro e oito anos na oposição, perdendo quadros e espaço político, ou buscar outras saídas. Parceiros de proximidade ideológica e de interesses nos últimos anos em nível nacional, DEM e PSDB fortaleceram a dobradinha no Tocantins quando a senadora Kátia Abreu (DEM) abriu mão de uma pré-candidatura a governo, quando era a segunda nas pesquisas, para apoiar Siqueira Campos (PSDB), então primeiro colocado, indicando o vice, João Oliveira(DEM).

O que muda se Kátia mudar

Vencidas as eleições no Tocantins, o DEM é oficialmente governo e como tal, vai aos poucos ocupando espaço. Se a senadora oficializar nos próximos dias sua decisão de deixar a legenda, pode não ser acompanhada pela totalidade das lideranças do partido que detêm mandato.

Um dos motivos é a insegurança que ainda existe com relação ao novo partido - PSD, de Kassab - quanto ao tempo de televisão. Ano que vem tem eleição e vereadores, candidatos a vereadores, prefeitos e candidatos a prefeitos não podem embarcar numa aventura. Assim, quem tem pretensões políticas para o ano deve aguardar um pouco mais.

O segundo motivo é a acomodação nas estruturas de poder do próprio Democratas e do PSDB, que tem em Aécio Neves(PSDB) seu virtual candidato à sucessão de Dilma Roussef. Pensando lá na frente, governadores tucanos começam um movimento nacional que prega a permanência no DEM dos aliados do PSDB. É que ninguém sabe o que será do PSD: se vai fundir-se com o PSB como inicialmente acordado, para migrar de vez para a base de Dilma, ou se vai seguir rumo próprio.

Dorinha e os outros que não querem mudar

O fato é que se a senadora Kátia Abreu migrar para o PSD pode não levar todos os companheiros. A primeira que já sinalizou não ter motivos para deixar o DEM é a deputada federal Professora Dorinha. Está bem acomodada pelo partido dentro da cota que a legenda tem nas comissões dentro da Câmara dos Deputados. Por outro lado, enfrenta um processo para garantir o mandato cuja defesa foi assumida pelo partido.

Na mesma linha deve ir o marido de Dorinha, vereador da capital, Fernando Rezende(DEM). Seu colega Valdemar Jr., a seguir o raciocínio de buscar reeleição ano que vem, também não deixa a legenda. E assim como eles, outros seguirão a mesma tendência: ficar.

Presidente do Democratas no Estado, e vice-governador, João Oliveira é outra incógnita. Nos bastidores a informação é de que ele também não pretende deixar o partido. E ainda tem a questão de uma possível vaga no TCE, ventilada a possibilidade de que ele venha a ocupá-la, por indicação do governador tucano, Siqueira Campos.

A pergunta que fica é: com as adesões sinalizadas ao PSD, de Solange Duailibe(PT), Eduardo do Dertins(PPS) e outros insatisfeitos de outras legendas, em que força se transformará o novo partido no Estado? Será visto como governo, ou como oposição? Trilhará um rumo independente?

Como se vê, a escolha de Kátia Abreu tem muitas implicações no cenário. Consciente delas, a senadora vem adiando o anúncio sobre a ida ao PSD, ou a permanência no já desgastado DEM. Uma prorrogação que como tudo na política, tem prazo para terminar.

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