A pré-campanha, as críticas de Lélis a Raul e o discurso errado de Bismarque: o que é isso companheiro?

Ainda falta mais de um ano para ter início a disputa eleitoral que vai escolher o próximo prefeito, ou prefeita de Palmas. A gestão de Raul vem há dois anos com dificuldades, crise interna do PT e saldo negativo das obras do PAC que literalmente &quo...

O vereador Bismarque do Movimento (PT) saiu-se com um discurso na Câmara Municipal de Palmas hoje em que tenta cassar o direito do deputado Marcelo Lélis(PV) de questionar a gestão petista da capital. Fala em questão de competência do deputado para tratar de assuntos do município. Na lógica de Bismarque, Lélis tem que se ocupar com o Estado e deixar de lado a capital. Anh? Como assim? Onde está o muro que separa a cidade do Estado, e Palmas do resto do Tocantins?

Tudo bem que estamos falando de Marcelo Lélis, pré-candidato a prefeito. Mas fora isso, e colocado isso, por que é que ele não pode questionar a gestão da capital na condição de deputado estadual mais votado em Palmas? Só na cabeça do companheiro Bismarque, que na defesa do prefeito escolheu o argumento errado.

Ora, o que são mandatos populares senão uma carta de representação que o político recebe para falar em nome daqueles milhares que ficam presos diariamente à sua rotina de levantar cedo, trabalhar, voltar pra casa, e no dia seguinte novamente trabalhar?

Voto é procuração popular

Mandato é representação. E esta Marcelo Lélis tem com uma força e autenticidade inquestionáveis. Me lembro quando ele começou. Diziam que era um rostinho bonito a mais disputando espaço ao sol entre os legítimos talentos da política tocantinense. Nos últimos anos ele mostrou que era mais, bem mais que isto. O “Belo” Lélis, como dizia um amigo jornalista, ironizando, se tornou o “combativo” Lélis, o “atuante” Lélis, o “sempre presente” Lélis.

É um nome forte na disputa eleitoral que a capital vai viver no próximo ano. Contornada a ciumeira interna, os outros interesses - também legítimos, de outros candidatos dentro do mesmo grupo – tem tudo para entrar na campanha como o nome de mais fácil acesso ao eleitorado. Vai pegar pela frente - se tiver as condições de ser candidato com o apoio de Siqueira e Eduardo - os nomes que nascem no próprio grupo de Raul, no PMDB e nos demais partidos de oposição que tentam a conquista de espaço.

Pré-candidato, Lélis enfrenta fogo amigo e inimigo

O problema é que por ter a intenção explícita de administrar Palmas, Lélis virou o alvo da vez para as duas artilharias de fogo cruzado: o fogo amigo e o fogo inimigo.

Esta questão de criticar a gestão municipal e questionar as obras paralisadas, faz parte sim das suas atribuições de parlamentar com a principal base eleitoral em Palmas. É seu dever, sua obrigação. Ou se não, que oposição seria esta?

As dificuldades que vejo no horizonte de Lélis dentro do seu grupo político, advêm do fato de ter composto o governo Carlos Gaguim em 2009, contrariando a orientação de Siqueira Campos aos seus, que era ficar. Mas isto é assunto interno que eles têm a resolver.

Eleitor quer ver deputado e prefeito atuando

Para o povo o que interessa é ver seus representantes atuando. É o que espera o eleitor de Lélis. E é também o que espera o eleitor de Raul, político carismático, que se vê enrolado nas dificuldades duplas: as financeiras e administrativas de um lado, e as políticas (advindas da sua maneira de lidar com os aliados e os problemas) de outro.

Assim,na minha opinião, erra Bismarque ao querer retirar de Lélis o direito de questionar a gestão pública municipal. Ele fala em nome de sua excelência o eleitor, que lhe confiou procuração com o voto.

À base de Raul, não cabe cassar o direito da oposição falar. Pelo contrário: cabe ajudar a encontrar a solução, e traze-la ao conhecimento da sociedade. Querer cassar o direito de voz de quem usa a tribuna para falar, é coisa do tempo da ditadura. Na boca de um vereador do PT, esse discurso causa arrepio e provoca na hora a pergunta: “o que é isso companheiro?”

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