Bitcoin e o Ambiente

O grande consumo de energia é acompanhado pelas infraestruturas necessárias para a realização do processo de mineração

Crédito: Divulgação

Será o mining prejudicial ao ambiente?

 

Porque é que a criptomoeda prejudica o ambiente e como podemos o podemos evitar? Nos últimos dias, a atenção do mundo tem estado nos assuntos do ambiente, apontando todas as indústrias que têm um impacto na situação atual e no futuro do planeta. O mercado das criptomoedas tem sido frequentemente apontado como uma ameaça crescente pelos ambientalistas e vamos analisar se é mesmo assim.

 

O que é o mining?

 

Vamos começar pelo básico: mining, numa tradução livre, significa mineração. Conforme a definição apresentada na Wikipedia, a mineração de Bitcoin “é o processo de adicionar registos de transações ao livro razão público do Bitcoin, que armazena transações passadas”. Isso é o que conhecemos como blockchain e este é usado para validar as transações e confirmar a sua legitimidade. O processo é conhecido como mineração porque, tal como com outras commodities, como o ouro, por exemplo, a morosidade e dificuldade marcam todo o processo.

 

O objetivo é garantir que os nós da rede Bitcoin sejam consensuais, garantindo a segurança e inviolabilidade. Permite ainda que moedas Bitcoin sejam introduzidas no sistema, num processo descentralizado e seguro para todo o sistema.

 

Num mercado tão volátil, esse processo é essencial para manter o equilíbrio. Assegure-se de verificar para comprar ethereum sempre em canais autorizados e seguros para o utilizador.

 

Como é que a mineração afeta o ambiente?

 

O processo de mineração tem mudado ao longo dos tempos. Nos seus primórdios em 2009, era feito de uma forma individual, usando o seu próprio computador, num processo incrivelmente moroso. Atualmente, existe uma profissionalização dos data centers que atingem proporções gigantescas, havendo 3 fatores a ter em conta aquando da decisão de criar um data center: o clima, o valor da eletricidade e a posição que ocupa na rede bitcoin. Existe uma crescente preocupação por parte dos ambientalistas do impacto negativo que o mining terá no ambiente. E isso é porque a quantidade de eletricidade que precisa usar são cada vez maiores e a tendência é para aumentar exponencialmente, já que vai usar máquinas cada vez mais potentes. Além disso, são vários supercomputadores a competir entre si, sendo um processo muito ineficiente do ponto de vista energético.

 

Qual é o consumo de energia por minerar Bitcoin?

 

Há 3 momentos-chave que afetam o consumo de energia por minerar Bitcoin:

 

  1. O momento da produção do equipamento e da própria entrega. O equipamento ainda nem foi utilizado e já há uma grande fatura energética.
  2. Eletricidade: mal é ligado, o consumo é constante.
  3. Arrefecimento. Esses equipamentos têm tendência para aquecer, portanto há necessidade de criar unidades de arrefecimento para manter o seu bom funcionamento. Daí que muitos data centers se localizem na Islândia, numa tentativa de reduzir esta fatia.

 

Para termos uma noção do seu impacto, se a mineração de bitcoin fosse um país, ocuparia o ranking 34º no consumo de energia mundial, à frente de países como a Finlândia ou as Filipinas, segundo a CNN.

 

Como tornar o mining mais sustentável?

 

O impacto das restrições quanto à sustentabilidade ambiental do mining

 

A China aprovou este ano uma série de regulações que afetam o mercado de criptomoedas, acabando até por proibir a mineração. Previamente, entre 60 e 40% da mineração mundial ocorria neste país, onde a produção de eletricidade ainda é assente no carvão, altamente poluente, mas muito barato. Com esta proibição, as empresas que controlam os data centers têm investido cada vez mais em outros países e em formas de recorrer a energias alternativas, o que permitiria diminuir despesa e aumentar a responsabilidade com o ambiente.

 

Mining com recurso a energia solar

 

Os sistemas solares de produção de energia garantem o seu bom funcionamento durante 25 anos, o que permite obter um excelente retorno após o investimento inicial necessário. É uma forma de energia abundante, barata e limpa e muitas empresas de mineração de bitcoins têm investido em regiões com benefícios fiscais para a sua instalação. Alguns cálculos demonstram que o seu custo seria quase ⅓ dos atuais gastos com eletricidade. Relembramos que é relevante que os data centers se localizem em climas frios para o bom funcionamento dos seus equipamentos, regiões onde o sol não brilha tanto. Mas muitos investimentos têm sido feitos no Brasil e Georgia, EUA, porque há indicadores de que acaba por compensar financeiramente.

 

O uso de energias alternativas

 

Aliada à maior consciência ambiental e à tentativa de redução de despesas, a pressão dos investidores, incluindo Elon Musk, é muita para que a mineração de bitcoin reduza a sua pegada ambiental. Existe assim uma pressão para relocalizar os data centers para países com maiores preocupações ambientais.

 

Um dos problemas é que as fontes renováveis normalmente estão longe de centros urbanos, não permitem armazenamento e a sua produção não é constante, ou seja, variam consoante as estações do ano, enquanto as necessidades para a mineração são constantes ou aumentam ao longo do tempo. Há assim uma necessidade de resolver esse problema que, parece, já ter uma solução temporária: a colocação de mineradoras portáteis (containers) de bitcoin em centrais hidrelétricas, eólicas, solares e geotérmicas, que garantem ao operador um retorno mínimo que lhe permita funcionar sem problemas. Uma solução que precisa de ser melhorada, mas que indica uma luz ao fundo do túnel.

 

 

Conclusão

 

Conclusão: o bitcoin não é tão vilão como se pensava. Mas isso também não faz dele nenhum herói. A mineração de bitcoin pode ser responsável apenas por 0,6% da energia utilizada no mundo, muito inferior a outras indústrias, mas a tendência é para aumentar cada vez mais o seu consumo. Claramente, ele é um dos problemas, a quem se pede responsabilidades na hora de resolver os problemas ambientais.

 

A mineração de bitcoin não pode manter uma matriz energética poluente e ineficiente. É necessário que haja uma união de esforços, por parte dos governos, empresas e sociedade no combate aos desafios climáticos. E o mesmo se aplica à indústria das criptomoedas.

 

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