Cedeca liga mortes a dados da desestruturação familiar entre pessoas de baixa renda

Ao expor os dados, o Centro pede à Secretaria de Segurança que investigue com prioridade mortes de Sione e Weliton

Maioria das mortes violentas estão ligadas a desestruturação familiar
Descrição: Maioria das mortes violentas estão ligadas a desestruturação familiar Crédito: Da Web

Dados do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - Cedeca Glória de Ivone, apontam que a maioria das mortes violentas no Tocantins está ligada a desestruturação familiar nas casas das pessoas de menor renda.

 

Ao lamentar a morte de Sione Pereira de Oliveira e Weliton Pereira Barbosa em uma distribuidora da Aureny III, em Palmas, na madrugada da última sexta-feira, 15, e lembrar que os familiares já vinham sofrendo com o desaparecimento da menina Laura Vitória, o Cedeca divulgou dados de homicídios de homens e mulheres em situação de vulnerabilidade social.

 

“Essas mortes simbolizam as consequências da violência estrutural nos relacionamentos de pessoas que residem nas periferias das cidades, sejam elas por queima de arquivo ou por relações conflituosas mediadas pelo desemprego, famílias com menor sentimento de pertencimento, uso abusivo de álcool ou outras substâncias psicoativas e dentre outros efeitos da falta de garantia dos direitos sociais básicos”, afirma a Organização Não-Governamental (ONG).

 

Violência contra mulher

De acordo com o Cedeca, no ano de 2016 no Tocantins, foram apuradas 59 mortes de mulheres e nos primeiros cinco meses de 2017, houve o homicídio de 17 mulheres, de acordo com a Secretária Estadual de Segurança Pública (SSP-TO). O Tocantins, nos anos de 2012 a 2016, ocupou o segundo lugar no ranking dos estados brasileiros com maior violência contra a mulher, segundo a Central de Atendimento à Mulher da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, no ano de 2015. Entre as capitais, Palmas foi classificada como a primeira no ranking, conforme o mesmo levantamento. Desta forma, o contexto inserido por essa mulher a nível estadual e referente às violações de direito sofridas sinaliza que as investigações possam apresentar olhar a partir da violência estrutural e de gênero.

 

Morrem mais homens por arma de fogo

O homem, Weliton Pereira Barbosa, também morto nesse fato retrata os dados referentes à morte por arma de fogo, a qual mata mais pessoas do sexo masculino. Nesse sentido, em 2004 Palmas estava na 25ª posição e passou para 22ª colocação em 2014, onde mais pessoas têm as mortes causadas por este instrumento, de acordo com o Mapa da Violência 2016.

 

Caso Laura

O Cedeca ainda lembra que o caso da filha de Sione, Laura Vitória Oliveira da Rocha, que desapareceu em Palmas no dia 09 de janeiro de 2016, mesmo após “um ano e oito meses, a Secretaria Estadual da Segurança Pública ainda não conseguiu solucionar o desaparecimento da criança ou apresentar explicações para o caso. Isso expõe a fragilidade da estrutura estatal em produzir e garantir a segurança pública das pessoas residentes nesse estado. Como já mencionado acima, as populações periféricas morrem com maior incidência do que em outras regiões das cidades e em muitos casos devido alguma conexão em outro crime ou contravenção penal”.

 

Ao expor os dados, o Centro pede à Secretaria que investigue com prioridade, celeridade e profissionalismo as causas da morte dessas duas pessoas e verifique a possível conexão com o desaparecimento da criança Laura Vitória Oliveira da Rocha.

 

O Governo do Tocantins informou em coletiva que abriu inquérito sobre duplo homicídio no caso da morte de Sione e Weliton.

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