Depois de entregar milhões a Gaguim, oposição tenta engessar Siqueira: quem é que não aceita o resultado das urnas?

Toda boa vontade do mundo é pouca para entender o que fez ontem a bancada de oposição na Assembléia Legislativa. Depois de adotar nos últimos dias a política do avestruz - que enfia a cabeça na areia e ignora o mundo ao redor - para não responder sob...

A democracia tem destas coisas, saudáveis para a sociedade: o governo entregue a um político em quem o povo confia para executar as ações que deseja, e a maioria do parlamento formada por representantes da oposição, que tem a função de fiscalizar e legislar.

No Tocantins, no entanto estamos caminhando para uma inversão total de valores. A oposição quer governar da Assembléia, engessando o governo e submetendo o governador ao que beira um capricho de adversário, fora do período de eleição.

É só o que dá para entender nesta questãosobre o Orçamento 2011. Como explicar a posição adotada pelos dois líderes de bloco, Josi Nunes (PMDB) e Sargento Aragão (PPS) – a primeira, líder dos dois últimos governos do PMDB, o segundo, aliado incondicional do ex-governador - em apresentarem emenda de bancada que reduz para 10% a possibilidade de que o governo remaneje o Orçamento 2011?

A regra para Marcelo, aprovada pela Assembléia, foi de 50% de remanejamento. A regra para Gaguim, definida por aqueles deputados( todos companheiros com sua cota de secretarias e cargos no governo) foi de 40%. Por que Siqueira deve governar apenas com 10% de possibilidade de remanejar? A dedução é simples: para não trabalhar sem ter que pedir bênção aos deputados que fizeram o que quiseram do governo compartilhado e agora querem impor suas regras absurdas.

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Digo que a lógica da oposição é absurda e provo, com um breve olhar no Orçamento. Vejam o caso da Comunicação. O ex-governador executou (empenhou e pagou) R$ 42 milhões o ano passado. Ano de Acelera Tocantins, ano de eleição. A super exposição de Carlos Gaguim na mídia custou isto aos cofres públicos e os que estavam no mesmo barco que ele buscando suas eleições e reeleições não questionaram absolutamente nada.

Agora vêm dona Josi e seu Aragão com subterfúgios para explicar o óbvio: para Gaguim, com toda a inconsequência de suas ações, valia tudo; para o governador que não pertence ao seu grupo nem dividiu com eles o governo conquistado nas urnas uma sisudez que faria gosto, se tivessem estes deputados a idoneidade moral para propô-la. Sem falar na herança maldita: R$ 16 milhões em dívidas dos últimos oito anos somados.

Mas adotando a lógica do avestruz, oposicionistas de todas as matizes abrem a metralhadora giratória contra o orçamento proposto e se recusam a dar uma resposta lógica para este contra senso. Aragão quer tirar R$ 18 milhões da Comunicação. Um milhão a mais do que a dívida deixada no final do governo passado. Pela lógica oposicionista, a comunicação deve ter o mínimo. Assim, o que o governo adversário fizer, a população não precisará saber.

É o típico “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Mas tem mais dessa lógica invertida nos argumentos que povoam as redes sociais.

Fundo de combate anti-drogas

No Twitter, micro blog onde jornalistas, servidores públicos, advogados, empresários, autônomos e estudantes trocam suas impressões, a discussão sobre Orçamento ferve, propagando afirmações equivocadas que vão se tornando verdade se não forem esclarecidas.

É o caso do post que roda por aí dizendo que o Orçamento do governo atual reduz os recursos para o combate às drogas. Questionando a Seplan sobre isto, recebi o relatório do que foi orçado pelo governo passado e do que foi efetivamente gasto, para comparar ao que propõe o novo governo.

O orçamento inicial era de R$ 265 mil reais. Nas alterações, reduziram o orçamento para R$ 74.522,00. Mas ao final de 2010, o governo Gaguim tinha investido míseros R$ 6.608,25 reais no combate a um dos maiores males sociais que o Tocantins enfrenta: o avanço da comercialização e consumo do crack, entre outras drogas ilícitas.

De novo com a política do avestruz enlouquecido, o governo passado teve a coragem de mandar para Assembléia uma previsão de orçamento para este fundo de R$ 2 milhões e trinta e cinco mil reais. Coisa fácil para a lógica de quem gastou R$ 6 mil, não é? Mas o governo atual colocou lá R$ 2 milhões e cinqüenta mil. E está se comprometendo a investir todo este recurso na política antidrogas, compromisso de campanha.

Será que a oposição vai deixar, ou vai mexer aí também?

Análise do orçamento revela mais

De posse finalmente de todos os dados, pasta a pasta, do Orçamento deste ano, o Site Roberta Tum vai colocar os números do que vai subir efetivamente entre o praticado ano passado, com relação a este ano, e o que vai cair para apreciação do leitor.

Desta forma, desta sexta-feira, até o próximo domingo, o internauta terá amplo conhecimento sobre o que há no orçamento para tirar suas próprias conclusões e formar sua opinião.

O que está claro, já há alguns dias, é que o grupo de deputados que apoiou os dois últimos governos e permanece na oposição a Siqueira começa a perder o rumo e a oportunidade de fazer uma oposição coerente e autêntica.

Onde isso vai dar?

Nas comissões o governo tem maioria para derrubar as emendas esdrúxulas. No plenário tem minoria. Mas é de duvidar que todos os oposicionistas votarão dentro desta lógica absurda, com a intenção evidente de atrapalhar o governo que – queiram ou não - foi a maioria que democraticamente elegeu.Se votarem, será 12 a 11, e aí o "abacaxi" fica para o governo descascar, e explicar à sociedade onde e para quê vai faltar dinheiro.

Quem deu tudo à Gaguim para fazer o que fez, agora se coloca no meio do caminho com a clara disposição de impor sua vontade a quem recebeu do eleitor a delegação do voto para governar. O que vale perguntar é: com que direito? Será que foi para isto que foram eleitos?

O que quer a bancada de oposição é o cúmulo da falta de bom senso em alguns casos, mas em outros, beira ao cinismo. E ainda dizem que respeitam o resultado das urnas. Quem quiser que conte outra...

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