Governo pede e Dito baixa a gasolina dos seus postos: mas e o cartel?... ah, nunca houve cartel

Morro e não vejo tudo. Aliás, Deus me ajude a não morrer tão cedo. Afinal, há muito mais para ver nos próximos dias. Não é que estou vendo baixar a gasolina em Palmas, e com acordo? Justamente. Um acordo entre o novo governo, do nosso governador Siqu...

A Secom divulgou ontem no final da tarde uma boa notícia para o consumidor da capital, dois dias depois da comemoração da data de implantação do código Nacional de Defesa do Consumidor. Baixou o preço da gasolina em Palmas. Era uma promessa de campanha do então candidato a governador Siqueira Campos, fazer isto. Promessa cumprida então, há menos de três meses do começo do governo.

O total da redução é significativo para quem encher o tanque: R$ 0,18 centavos no álcool e R$ 0,17 centavos na gasolina. E a redução no preço negociada pelo Secretário de Indústria e Comércio do Estado, mais o dirigente do PROCON está valendo desde ontem nas bombas de uma rede de postos da capital, a maior:  Petrolíder.

O desafio é levar o aumento para os postos do interior, começam a dizer os comentaristas na manhã de hoje. Estão certos. A gasolina, o álcool e o Diesel (que movimenta a maior quantidade de litros) tem que baixar é para todos os tocantinenses. Mas como isso será possível?

Siqueira cresceu na campanha combatendo cartel

Não fui eu quem disse, mas o nosso governador, que a política do seu governo nesta área seria o combate ao cartel de combustíveis de Palmas. O vespeiro em que Siqueira mexeu na campanha foi tão grande, que abri aqui um editorial explicando que alhos não são bugalhos e que processo criminal por formação de cartel não era coisa fácil de provar. Aprendi isto a duras penas depois de um período de muitos embates com os donos de postos da capital e do estado inteiro por onde circulei como diretora do Procon no antigo governo Siqueira.

Naqueles embates é que conheci Dito, durante uma fiscalização. Sempre tivemos uma relação respeitosa e nunca abri manchetes aqui para falar de supostos crimes que ele tivesse cometido na atuação empresarial e política que fez de sustentação da campanha do ex-governador Carlos Gaguim(PMDB). Quem fez acusações a ele foi o prefeito de Fortaleza do Tabocão, levadas ao conhecimento da Polícia Federal e da justiça eleitoral pela nossa brava senadora Kátia Abreu (DEM).

Numa daquelas fiscalizações, multado em 5 mil ufirs, à época, Dito me respondeu ao lado de uma bomba de gasolina: “pode multar, isso aí não vai dar em nada mesmo”. Será que deu? Não sei. Resta ver onde foram parar aquele e outros processos com multas aplicadas dentro da lei.

O que me intriga e tenho certeza de que também incomoda a muitos é essa rápida mudança de opinião, de condução, de atitude. O que será que aconteceu?

Resultado agrada consumidor, mas e a origem do problema?

O governo está certo em buscar resultados. Para o consumidor o que vale são os centavos a menos na bomba. Mas espera aí um pouquinho, vamos entender. Quer dizer que não tem cartel em Palmas? Nem no restante do estado? O governo restou convencido de que o governador estava enganado quando levantou esta bandeira?

Por que se for isto, o Dito,o Duda e tantos outros empresários de bem da nossa capital são merecedores de uma reparação pública. Ou não? Se fosse comigo eu ia querer.

Já disse aqui que não divido o mundo em bons e maus, santos e pecadores. Estou mais para os que acreditam que somos um pouco de tudo, lutando contra as nossas imperfeições diariamente. Mas, sinceramente? Tem coisas que não é fácil entender. Sei que a política é a arte da convivência, e os adversários de ontem são os aliados de amanhã. O que impressiona é a rapidez.

E como ficam os que não se curvaram?

Lendo o release divulgado ontem e publicado aqui, fiquei imaginando aquele dono de uma rede de postos extensas em todo país, e pelo menos oito postos no Tocantins, que foi convidado a dar uma contribuição de campanha ano passado para o candidato governista. Fixaram um valor e ele se recusou. Seu posto, na capital, estava repassando o desconto que recebia da distribuidora para o consumidor. Por isso incomodava os que naturalmente não repassam, afinal, não são obrigados. Depois de se negar a dar uma quantia razoável para campanha, teve seu Tare cancelado. Uma espécie de redução de impostos estaduais.

O que aprendi todos estes anos foi que gente de bem é punida todos os dias por se colocar contra a maré, contra o sistema, contra o que considera errado, ilegal mesmo. Esta é também minha posição, minha luta, pela qual não sou digna de nenhum elogio, é a minha obrigação.

Só nos resta, diante de um acordo atrás do outro, parabenizar o governo por ter efetivamente baixado o preço dos combustíveis em Palmas. O que se espera é que, pela forma, não tenha baixado também a esperança de muitos em ver situações insustentáveis resolvidas definitivamente.

A esperança afinal é a última que morre e só a perde, quem a tem. (Atualizada com correções às 12h02)

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