Na marca dos 70 dias, análise do quadro político mostra que aliados podem ajudar mais

Tenho ouvido muitas coisas nos bastidores da Assembléia e fora dela nos últimos dias, diante do recrudescimento das relações entre governo e oposição neste começo de gestão de Siqueira Campos à frente do Araguaia. A forma como a equipe foi montada e ...

Já se vão cinco meses do anúncio do resultado das urnas na eleição mais disputada da história recente do Tocantins. Já estamos na marca dos 70 dias de governo Siqueira e parafraseando o jingle, ainda parece faltar muito para que ele ponha “as coisas todas no lugar”.

Do janeiro turbulento, desaguando no fevereiro de 12 a 12 na Assembléia, entramos pelo março de carnaval sem Orçamento aprovado com clima de animosidade ainda presente nas relações entre Executivo e Legislativo.

Muito aconteceu entre as quatro paredes das salas de reuniões com a montagem da equipe de Siqueira, os bastidores da disputa pela presidência da Assembléia, até os dias atuais. Para ganhar a eleição, o governador precisou contar com uma soma de forças e esforços hercúleos no período de campanha. E só assim superou a máquina poderosa do governo - que agora se sabe –  a quão alto custo tocou suas ações e campanha.

Vencida a eleição, desmontou-se o time da campanha. O governador, auxiliado de perto pelo ex-senador Eduardo passou a montar a seu modo sua equipe e os aliados... bem, os aliados precisaram esperar. Das duas maiores alavancas de votos, apoios, lideranças e recursos - Kátia Abreu e João Ribeiro - aos menores construtores da vitória (presidentes de pequenos partidos e suas formiguinhas pedindo voto de porta em porta), todos assistiram e consentiram a uma certa distância, que o novo governador fizesse as suas escolhas, desse o seu tom e a partida no seu governo.

As repercussões da primeira quinzena de janeiro

Tragédias à parte, tudo que aconteceu após as duas primeiras semanas de janeiro, são fatos que ainda hoje têm seus impactos. De alguma forma, do maior ao menor, todos começam a ser acomodados na estrutura de poder, mas nós jornalistas, que ouvimos toda sorte de desabafos, sabemos que nem tudo chegou ao seu lugar.

E talvez seja esta sensação de desajuste, interno e externo que ainda paire no ar assombrando os primeiros meses de governo. Há insatisfações em toda parte. Nos 12 do governo, há os que amargaram oito anos na oposição, e ainda não descobriram vantagem em ser novamente governo. Nos 12 da oposição, há os que tremeram nas bases e quase aderiram, mas foram espantados pelo tom duro que ainda transparece no governo.

João Ribeiro e Kátia Abreu podem de novo, fazer a diferença

Agora, sabe-se, os aliados podem fazer de novo a diferença, como fizeram na campanha. Nos bastidores já se sabe de articulações da senadora Kátia Abreu para diminuir o fosso das diferenças entre governo e parcela da oposição. Por outro lado, João Ribeiro - que enfrentou crise interna ao se opor a qualquer acordo que implicasse em rompimento da filha Luana Ribeiro com a orientação da bancada de governo para ser presidente da Assembléia – é chamado a intermediar o diálogo entre oposição e governo.

Para sair do impasse que não deixa esta máquina pública andar, o governo ainda precisa de toda ajuda possível. Esta é a leitura que fica dos primeiros 70 dias: por melhor comandante que seja, Siqueira não consegue governar sozinho. As mudanças que a sociedade tanto espera, precisam começar a acontecer. Por incrível que pareça, isto é bom para todo mundo: situação e oposição.

Afinal, já se vão alguns dias que ele voltou aplicando remédio amargo para a doença que se abateu sobre a máquina pública. E os dias turbulentos ainda parecem não ter fim.Quando tudo isto passar, o governo poderá mostrar a que veio, e a oposição na função de árbitro, finalmente poderá cumprir seu melhor papel.

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