Perdas e decepções: que Brasil é este?

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A perda de verdadeiros ícones da decência e da dignidade, como o de Ruth Cardoso, leva-nos a uma reflexão sobre a égide na qual vivemos. Antropóloga atuante, Ruth nunca esteve à sombra do marido, mas sempre em meio à luta pelas causas que possam tornar mais próxima a concretização do sonho de colaborar para a existência de um país mais solidário, rico e justo.

As perdas existem,temos consciência desde que nascemos, de que elas fazem parte da vida e infelizmente nos servem, muitas vezes, como ferramentas para enfrentar novos desafios. No entanto, alguns desafios, “de certo modo”, fogem de nossa alçada, apesar de estarem a nos rondar todo o tempo e de desabarem, constantemente, como verdadeiras cascatas.

Um desafio é tentar entender o porquê de nosso país aceitar ter como presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados um parlamentar como Sérgio Moraes, possuidor de uma vasta “ficha de qualidades” que vão desde o envolvimento em casa de prostituição até receptação de jóias, sem falar de agressões.

É um verdadeiro constrangimento um cargo de tamanha visibilidade ser ocupado por uma pessoa com este vasto histórico, quando a função exigiria, no mínimo, uma “vida acima de qualquer suspeita”.No entanto, as vergonhas não param por aí. A justiça eleitoral não entra em consenso na discussão sobre se o eleitor deve ser informado a respeito da “vida pregressa dos candidatos” ou não. Uns acreditam que tal medida só deva ser tomada após a comprovação de alguma acusação.

E o que dizer do foro privilegiado?!? Mesmo “fora de cena”, alguns políticos, como José Dirceu, torcem para que continuem responder a processos criminais nos tribunais superiores, pois acreditam que não vão ser punidos..... outros querem ser julgados na esfera federal, com a certeza de que a morosidade vá protelar o julgamento até sua prescrição.

O que fazer?! Só nos resta parafrasear o compositor Renato Russo ..... que país é este???

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