Policial Militar - Mudança de Conceito

Parte da sociedade ainda tem a visão sobre a instituição da Polícia Militar como composta por pessoas de baixo conhecimento intelectual, acadêmico e técnico. Em seu artigo Cel Falcão destaca que hoje a classe no Tocantins se preocupa em estar requali...

Recentemente, lendo um artigo em uma revista semanal de grande circulação nacional sobre um importante documentário, uma citação da autora me chamou a atenção sobre um comportamento que infelizmente ainda existe em nossa sociedade. “A citação é: “...Não promessas, não seminários com sociólogos, religiosos, psicólogos e antropólogos, médicos e, quem sabe, policiais...”(grifei).

Considerando que esta colocação seja voltada para o preconceito contra a classe policial, e aqui destaco somente a Polícia Militar, depreende-se que esta importante Instituição ainda é vista por grande parte da sociedade como composta por pessoas de baixo conhecimento intelectual, acadêmico e técnico.

Ainda encontramos pessoas na sociedade que gostam, mesmo em tom de “brincadeira”, de soltarem a conhecida pérola: “não estudou vai ser polícia”. É comum em uma roda de amigos quando todos falam sua profissão notar-se uma certa rejeição diante do colega que diz “sou policial militar”, principalmente quando diz que é soldado. Não discuto aqui a causa deste preconceito que sofre forte influência dos idos da ditadura militar, quando as Polícias foram utilizadas em favor de objetivos meramente políticos dos governos ditatoriais da época causando assim uma repulsa social a seus integrantes. Porém, vivemos atualmente em uma democracia onde reina o estado democrático de direito e a Polícia Militar tem papel extremamente importante e indispensável neste contexto.

Foi-se o tempo em que para ser policial militar os pretendentes precisavam ter pouca capacidade intelectual. No Tocantins, desde 1998, exige-se o ensino médio completo para acesso aos quadros da Polícia Militar. Após uma difícil seleção em que são aprovados os mais preparados tem início um curso de formação. O curso de formação de soldados tem uma grade curricular composta por 1503 (mil quinhentos e três) horas/aulas abrangendo disciplinas que vão do português à psicologia, do direito à sociologia, sendo ainda contemplada com temas transversais e interdisciplinares imprescindíveis para a formação policial. Toda essa gama de conhecimento é transmitida por profissionais, civis e militares, muito bem preparados para a docência militar.

Destaco aqui o alto nível do Curso de Formação de Oficiais, Bacharelado em Segurança Pública, existente em nossa Corporação. O CFO é composto de 4.614 (quatro mil seiscentos e catorze) horas/aulas, com duração de 03 anos e dedicação integral de seus alunos. O CFO atual, em realização na Academia de Polícia Militar Tiradentes, é composto por 44 alunos. Deste total, 40% com nível superior completo, advindos de importantes instituições de nível superior do país. 10% com nível superior incompleto e o restante com nível médio.

Em busca da qualidade profissional a Polícia Militar Tocantinense preocupa-se em estar requalificando e especializando o seu efetivo através de cursos técnicos ministrados aos quadros policiais no decorrer do ano. Qual o resultado alcançado? Profissionais melhores qualificados para prestarem serviço à sociedade tocantinense. É dispensável citarmos aqui integrantes de nossa Corporação que se destacam em assuntos técnico-profissionais de relevante interesse para sociedade.

Não se pode negar que toda regra tem exceção, porém, é inadmissível a existência de preconceito contra policiais militares no que se refere ao seu preparo técnico-profissional. É certo que a qualidade de suas ações refletem a sua formação e em nosso Estado podemos afirmar categoricamente que ser policial militar é sinônimo de profissionalismo e, acima de tudo, motivo de orgulho.

Marcelo Falcão Soares é oficial da Polícia Militar do Tocantins, Comandante da Academia de Polícia Militar Tiradente, Bacharel em Direito pela UNIRG e Pós-Graduado em Direitos Humanos.

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