UFT e IFTO registram pedido de patente de biocombustível a base de açúcar fermentável

É o primeiro pedido de patente internacional pelo Tratado de Cooperação de Patentes (PCT)

Éber Souza, Sérgio Ascêncio e Adão Montel pesquisadores do biocombustível
Descrição: Éber Souza, Sérgio Ascêncio e Adão Montel pesquisadores do biocombustível Crédito: Daniel dos Santos/ Dicom UFT

A Universidade Federal do Tocantins (UFT) depositou seu primeiro pedido de patente internacional pelo Tratado de Cooperação de Patentes (PCT), em parceria com o Instituto Federal do Tocantins (IFTO). Isso significa que a inovação tecnológica realizada por pesquisadores das instituições tem prioridade em 195 países nos próximos 18 meses, caso outros inventores solicitem o registro de patente. 


A invenção inovadora consiste em produzir açúcar fermentescível – ou seja, que pode ser convertido em álcool (etanol) – tendo como fonte de matéria-prima a quitosana, presente em crustáceos e insetos. 

 

O produto depositado é resultado da pesquisa desenvolvida durante a dissertação de mestrado defendida por Éber Souza, sob a orientação do professor Sérgio Ascêncio, docente nos programas de pós-graduação em Agroenergia e Rede Bionorte da UFT, e co-orientação do professor Adão Montel, docente na UFT.


A criação


Foi durante o mestrado em que Éber Souza pesquisava como aumentar a produtividade de álcool, através do reaproveitamento de resíduos da cana de açúcar, que ele fez sua descoberta. Por sugestão de seu co-orientador, Adão Montel, o pesquisador resolveu testar a quitosana, polissacarídeo encontrado no exoesqueleto de crustáceos, e conseguiu desenvolver açúcar fermentescível a partir disso. “Isso foi feito com a degradação da quitosana utilizando métodos químicos de baixo custo. Em seguida, através de técnicas de purificação e isolamento de moléculas e utilizando tecnologia de ponta foi possível identificar a estrutura química do composto fermentescível”, explica Souza. O experimento, que contribui para elevar o nome da instituição a nível internacional, foi desenvolvido no Laboratório de Pesquisas em Produtos Naturais - UFT (LPPN-UFT), coordenado pelo professor Sérgio Ascêncio.



O produto desta invenção pode ser utilizado na indústria de biocombustíveis e demais procedimentos ou fórmulas envolvendo o uso do etanol. A inovação vai ao encontro do interesse mundial pela diversificação de matrizes energéticas. Por conta deste potencial internacional é que houve o interesse em registrá-la em um sistema de patentes que engloba diversos países, como explica o co-orientador. “Em um país como o Japão, o potencial de uso desse biocombustível é enorme. Porque eles não têm as mesmas condições climáticas e de solo que o Brasil tem para produção de cana de açúcar. E por outro lado já possuem uma grande produção de pescados estabelecida. Com isso, o que hoje é descartado na produção de camarão, por exemplo, pode ser reaproveitado para produção de biocombustível”.

 

Para efeito de comparação, a produção de álcool com uma tonelada de cana de açúcar é de 80 litros, enquanto que uma tonelada de quitosana resulta em cerca de 250 litros de álcool. Dentre as linhas de pesquisa do professor Sérgio Ascêncio, destaca-se a de Aproveitamento de Resíduos, vinculado ao Mestrado em Agroenergia - UFT. "Buscar soluções que permitam diminuir os resíduos industriais, bem como aproveitar o potencial de matérias primas descartadas como lixo, no sentido de transformá-las em uma nova matriz energética de baixo custo e alto rendimento, comparado com as matrizes atuais, tem sido o foco em nossas pesquisas no programa de pós-graduação em Agroenergia-UFT", completa o mentor da pesquisa Sérgio Ascêncio, que além desta patente internacional, também possui outras três nacionais depositadas no NIT UFT.



 

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