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Vacinação lenta contra a Covid: uma dose de resistência e outra de acomodação

O Tocantins é um dos estados com a vacinação mais lenta no País. Se a vacinação não avançar e os casos insistirem em se manter em patamares altos, será inevitável novos fechamentos...

Crédito: Raiza Milhomem

Desde ontem, quarta-feira, 9, que estamos em campo para buscar dados do Estado e das prefeituras para entender os motivos pelos quais a vacinação contra o Coranavírus no Tocantins é uma das mais lentas do País. Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam os estados mais retardatários: Acre, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e o nosso Tocantins.

 

Os números do Integra Saúde mostram que recebemos, ao todo, 642.963 doses somando todas as marcas de vacina enviadas ao Tocantins. Deste total, 430.248 haviam sido aplicadas até esta quarta-feira em todo o Estado.

 

Ou seja, 212.715 doses seguem em poder dos 139 municípios tocantinenses sem aplicação, a exemplo de cidades com vacinação lenta e que menos de 10% da população foi vacinada. A relação de municípios que não foram retirar até ontem, 9, mais doses de vacinas é grande.

 

Em poder do Estado seguem 38.287 doses. Destas, 26 mil são de Astrazeneca que chegaram na madrugada de hoje, dia 10, quinta-feira. Ao todo, no depósito do Estado estão, nesta data 31.757 doses de AstraZeneca e 6.490 de CoronaVac.

 

Parte deste quantitativo são reserva de estoque para segunda dose de pacientes já imunizados com a primeira (5.797 AstraZeneca e 6.490 CoronaVac).

 

Segundo a SES (Secretaria de Esta.do da Saúde) informou ao portal, via Secom, as doses que chegaram hoje estarão disponíveis na próxima semana, dia 16, nos centros de distribuição. As vacinas chegam semanalmente, entre quinta e domingo, e são disponibilizados normalmente na quarta-feira seguinte de cada semana.

 

No Estado, a cidade que mais recebeu doses foi Palmas, que aplicou 84.29% delas e está com 20.04% da população vacinada.

 

Resistência à segunda dose e acomodação dos gestores em ampliar o leque

 

Dois fatores saltam aos olhos da simples análise dos números e dos depoimentos colhidos nas redes sociais do T1 Notícias.

 

O primeiro é que há uma demora e também alguma resistência nos pacientes que deveriam retornar para a segunda dose e estão protelando esta volta. Alguns em depoimentos relatam: “passei muito mal com a primeira, não sei se vou voltar para a segunda”. O que é um erro, já que as vacinas que precisam de dose de reforço, não imunizam com uma dose só.

 

Outro erro é imaginar que a vacina faz mal por que tem efeitos colaterais como febre e dor no corpo. A reação do organismo à vacina significa produção de anticorpos e deve ser vista como um bom sinal.

 

O segundo problema que salta aos olhos é que falta por parte de muitos gestores uma reação diante da demora ou negativa de parte da população em se vacinar. O que se espera é que estes gestores ampliem o público que pode ter acesso à vacina, uma vez que esta possibilidade foi aberta pelo Ministério da Saúde, permitindo que outros públicos sejam chamados, além dos que tem comorbidades, por exemplo.

 

Autoridades precisam pressionar mais

 

De tudo que se pode ler nos números e justificativas, cabe uma observação: as autoridades governamentais e o próprio Ministério Público precisam pressionar mais pela execução do Plano Estadual de Vacinação.

 

De dimensões quase continentais, o Tocantins não conseguirá recuar dos números que nos assombram (1.380 casos nesta quarta, um recorde de confirmações de Covid-19) sem duas coisas: distanciamento social e vacinação ampla.

 

Do jeito que está, o remédio mais amargo acabará tendo que ser aplicado: fechamento de atividades econômicas para segurar nova onda de contaminações.

 

Os números mostram que a Covid-19 avançou sem precedentes nas últimas semanas no Estado. A reação precisa ser proporcional, já que infelizmente boa parte da população só se enquadra diante do poder de mando do Estado sobre suas vidas.

 

Se a vacinação não avançar, e os casos insistirem em se manter nesses patamares será inevitável novos fechamentos. Como o que algumas cidades do interior já fazem.

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