Bebês são acompanhados por até dois anos após deixarem UTI Neonatal no Dona Regina

Todo esse acompanhamento aos bebês que nascem prematuros ou com baixo peso faz parte do Método Canguru, um projeto em etapas

Bebês são acompanhados até os dois anos
Descrição: Bebês são acompanhados até os dois anos Crédito: Divulgação

Os cuidados com o bebê prematuro vão muito além da UTI Neonatal. Com os avanços da assistência neonatal, a taxa de sobrevivência de bebês prematuros se torna cada vez maior, aumentando com isso a importância de um rigoroso acompanhamento de “follow-up” desse grupo especial. Após deixarem o leito da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, gerida pela Intensicare, os prematuros são acompanhados por até dois anos no Ambulatório do hospital.

 

“Esse acompanhamento é feito pelos médicos do hospital e também pelos próprios neonatologistas que cuidaram desses bebês quando eles ainda estavam internados na UTI Neonatal. Assim que a criança recebe alta a mãe já é orientada para fazer os retornos, que podem durar de um a dois anos de idade da criança. Nesse ‘follow-up’ nós acompanhamos o passo a passo do desenvolvimento dessas crianças”, explica Neide Brito, médica intensivista e neonatologista da Intensicare.

 

Todo esse acompanhamento aos bebês que nascem prematuros ou com baixo peso faz parte do Método Canguru, um projeto em etapas. A primeira etapa para alguns dos bebês começa com a internação do recém-nascido prematuro na UTI, onde os pais devem ter livre acesso; na segunda etapa, o bebê permanece de maneira contínua com a mãe e a posição canguru deve ser realizada o maior tempo possível. A mãe participa ativamente dos cuidados do prematuro; a terceira etapa é o follow-up, que começa após a alta hospitalar.  

 

“O follow up faz parte do Método Canguru, no qual o Hospital Dona Regina é habilitado nas três etapas. Depois que o bebê recebe alta da UTI, da Unidade Intermediária, e da Unidade Canguru, esse bebê se tiver menos de 2,5 quilos ele já é encaminhado para a terceira etapa, até ele atingir esse peso ele tem o nosso acompanhamento. Se ele for um bebê que nasceu com a idade gestacional menor ou igual a 34 semanas e/ou peso menor ou igual a 1,5 quilo, a gente acompanha ele até os dois anos de idade no follow-up. Porque depois que ele sai da terceira etapa, e apresenta esses dois últimos critérios, ele já segue para o follow-up”, explica Helen Manzano, fonoaudióloga e tutora do Método Canguru no Hospital Dona Regina.  

 

Ainda segundo a especialista, “o primeiro retorno do bebê é obrigatoriamente em até 48 horas após a alta hospitalar. Quando necessitamos desse atendimento na terceira etapa, nós solicitamos que o médico da UTI atenda a criança no follow-up para checar se o bebê apresenta alguma alteração. Temos também o egresso da neonatologia, que os bebês são atendidos também pelos neonatologistas que cuidaram dele na UTI”, informa.

 

Vencendo a prematuridade

 

Conforme Neide Brito, há alguns anos não se podia imaginar que um recém-nascido com peso de nascimento de 500 gramas ou idade gestacional de 24 semanas fosse capaz de resistir a todas as complicações associadas à prematuridade e ao baixo peso. Mas hoje em dia é grande o número de casos de bebês que recebem alta da UTI Neonatal alguns meses depois, mas que precisam ser bem acompanhadas de uma maneira mais especial em seus primeiros anos de vida.

 

“Nós recebemos na UTI crianças que chegam a pesar 600, 700 gramas, que ainda não se desenvolveram completamente. Então temos essa atenção especial com o prematuro, que muitas vezes desenvolve problemas neurológicos, como epilepsia; cardiopatias; problemas motores ou psicológicos, portanto fazemos esse acompanhamento para encaminhar a criança aos tratamentos necessários. É um trabalho muito importante e que tem uma grande demanda aqui em Palmas”, afirma a neonatologista.

 

Pontos chaves do follow-up

 

A avaliação do crescimento do bebê deve ser feita em todas as consultas, com aferição do peso, estatura e perímetro cefálico a cada retorno. Os recém-nascidos de muito baixo peso terão crescimento mais lento, demorando a atingir os padrões das curvas considerados adequados. O comprimento da criança atinge a normalidade ao redor de 2 anos, e o peso com 3 anos de IC. Para acompanhamento dos marcos do desenvolvimento, também não se pode levar em consideração a idade cronológica até os 2 anos, já que a maturidade desse paciente vai estar de acordo com sua idade corrigida.

 

O intervalo entre as consultas no follow-up são: até os 6 meses é mensal; de 6 meses a 1 ano ocorrem de 2 em 2 meses; de 13 meses a 2 anos ocorrem de 3 em 3 meses; de 2 a 4 anos são de 6 em 6 meses; após 4 anos, apenas uma vez por ano.

 

Outro ponto importante é que o médico do follow-up deve manter uma boa relação médico-paciente com a família da criança, enfatizando a importância do acompanhamento e evitando assim faltas às consultas. “Os pequenos guerreiros, ao deixarem a UTI, têm um caminho ainda cheio de tropeços a seguir durante seu crescimento, que pode ser facilitado quando se garante um adequado vínculo entre o médico e a família”, finaliza Neide Brito.

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