Chama o Zé Gotinha

Zé Gotinha nasceu com a finalidade de conscientizar a população sobre a importância da vacinação, ao mesmo tempo em que alertava sobre a importância da prevenção contra outras doenças

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Descrição: Imagem ilustrativa Crédito: Divulgação

As pessoas idosas e as meia idade certamente se recordam de como eram as campanhas de vacinação nos anos 80. Não me esqueço do pavor que muitas crianças, jovens e até adultos tinham das vacinas: na minha infância, no sertão de Itacajá-TO, no dia D de vacinação na escola, era comum ver gente correr pro mato para não ser vacinado, muitas vezes era necessário quatro ou cinco homens para segurar uma pessoa que possuía pavor da vacina. Era uma enorme luta.

 

Fosse nesse período que surgiu o Zé Gotinha, personagem que ficou popular na divulgação da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite (doença infecto-contagiosa aguda, causada pelo vírus denominado Poliovírus), que causou uma forte crise de saúde no século XX. 

 

Nesse contexto, Zé Gotinha nasceu com a finalidade de conscientizar a população sobre a importância da vacinação ao mesmo tempo em que alertava sobre a importância da prevenção contra outras doenças, a exemplo do sarampo.

 

A popularização do Zé Gotinha cumpriu o propósito do Ministério da Saúde à época: tornou o processo de vacinação menos pavoroso para as crianças e, ao mesmo tempo, incutiu na opinião pública a importância da vacinação como forma de prevenção das doenças infectocontagiosas. 

 

A história supradita, não deixa dúvidas que todo processo de vacinação em massa necessita de empenho e trabalho sério de governos, veículos de comunicação e da sociedade organizada/esclarecida, pois, paradoxalmente, vacina é algo que ainda põe medo em muita gente. 

 

É nesse elemento subjetivo chamado medo que reside o porquê dos discursos políticos oportunistas em volta da vacina contra a COVID-19: uma verdadeira polarização radicalizada que tenta dividir o país entre quem é contra e quem é a favor da vacinação, algo absolutamente irracional, pois o sucesso da vacina é a solução que beneficiará a todos, indistintamente.

 

Nesse sentido, caso persista essa espécie de "campanha odiosa ou preconceituosa" – em desfavor da vacina contra a COVID-19 e da ciência – estaremos diante de uma radicalização ignorante que somente servirá para confundir as pessoas, potencializando uma sensação de insegurança e medo. O que tornará mais difícil combater o vírus pandêmico.

 

É importante enfatizar que, historiamente, doenças virais sempre foram combatidas com vacinas, logo, a gritaria contra a vacina da COVID-19 é algo que beira a ignorância irracional. 

 

Que as palavras do Ministro da Saúde, ditas na quinta-feira, 7 (“É o momento que a saúde não pode ter bandeiras, partido, ideologia. Nós estamos falando de brasileiros”), se confirmem para além do discurso, através do início imediato de uma campanha nacional de vacinação feita de forma inteligente, séria e objetiva. E que cesse o culto ao negacionismo ignorante e os movimentos anticiência.

 

Antonio Bandeira é graduado em direito e empreendedor

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