Aos que acham que já dá para abrir: se acalmem! Antes de melhorar, vai piorar muito

Parem de circular pelas ruas desnecessariamente, deixem de reclamar por que o comércio não essencial finalmente fechou em Taquaralto e região. Deixem de pregar a normalidade que não existe: vai piorar

Empresário grava vídeo e defende reabertura de empresas
Descrição: Empresário grava vídeo e defende reabertura de empresas Crédito: Reprodução

Assisti no meio da tarde um vídeo, entre os tantos que me são encaminhados, via Whatsapp todos os dias, o dia todo . Era do auto-intitulado comerciante, que em outros momentos se apresenta como empresário e pré-candidato a prefeito de Palmas, Gil Barison.

 

Nele, a expressão de uma preocupação com as empresas que não reabrirão depois da crise, provocada pela pandemia. Primeiro o comerciante afirma que “sobre esta crise da área de saúde não sabemos ao certo quando ela vai finalizar”, para em seguida afirmar: “de uma coisa temos certeza: vai ser em breve”.

 

Não é verdade. Nem tão cedo esta crise vai passar.

 

Em outro dos trechos, o empresário diz “lógico que temos que seguir as normas e orientações das nossas agências de saúde, entretanto temos que cobrar bom senso dos nossos gestores, caso contrário eles vão aprofundar ainda mais o desespero da nossa população”(sic).

 

Não fica claro quais as medidas de bom senso que ele recomendaria “aos nossos gestores”, uma vez que governo do Estado e prefeitura municipal estão finalmente alinhados na mesma direção: que comércio não essencial não abra.

 

Nas contas de Barison, um terço das empresas que fecharam nesta crise por não integrar segmentos essenciais, não reabrirão suas portas quando forem autorizadas a funcionar. 

 

Embora não se conheça a projeção que o fez chegar a este número, ela pode ser verdadeira. Muitas empresas não sobreviverão à crise.

 

Enquanto isto, no entanto, outras estão abrindo neste exato momento. E outras estão se reiventando, para chegar até o cliente com seus produtos e serviços.

 

Mas, de fato, trago más notícias.

 

Empresas vão quebrar, muitos trabalhadores vão ficar desempregados e esta realidade não é privilégio nosso, em Palmas, ou no Tocantins.Muitos venderão seu patrimônio, outros dependerão do auxílio do governo. E no final, todos, de uma forma ou de outra recomeçaremos.

 

Só não recomeçarão, os 12 que já morreram no Tocantins. Os 10 mil que morreram no Brasil inteiro. E tantos outros que vão perder a vida na guerra contra o vírus, por diversos motivos nas próximas semanas.

 

Não quero estar entre eles, então, faço o que posso. Fico em casa o máximo. Circulo o mínimo. Mas ainda não é o bastante. Todas as vezes que saio às ruas elas estão cheias. Sempre que vou ao supermercado, está cheio. Muitos não estão nem aí para o uso obrigatório de máscaras. Muitos querem seguir bebendo sua cerveja na esquina do espetinho. Como se a vida seguisse igual. Muitos acabam se tornando veículos de propagação do vírus.

 

Um amigo, empresário, recolhido há 49 dias em casa me enviou uma mensagem. “Se cuide amiga. Palmas descambou de vez. Parece que o povo perdeu o medo”.

 

Em outro trecho, ele sugere: “ E o pior é que para segurar o povo em casa precisa cortar o transporte público como a Europa fez. Bloquear avenidas. E as forças de segurança irem para a rua fiscalizar. Se não for assim, esquece...’

 

É a mais pura expressão da verdade.

 

Refletindo muito sobre este momento e acompanhando o noticiário do nosso vizinho estado do Maranhão, observando o colapso do sistema de Saúde que já chega também para o Amazonas e o Pará não há o que duvidar: impossível reabrir comércio em Palmas, sem superar o pico da doença, sem oferta suficiente do número de leitos de UTI Covid, sem vencer primeiro o auge da batalha contra a doença. Sem que nos arredores ela esteja controlada.

 

E vejam, não há como isolar Palmas do restante do Tocantins. As situações de Araguaína, lá no Norte do Estado e de Paraíso, na região Metropolitana podem impactar diretamente a capital. No caso da vizinha Paraíso, já impacta, uma vez que cidade não dispõe de UTI e envia seus casos para tratamento no HGP.

 

Não há perspectiva de melhora rápida. Ao contrário, trago más notícias. Antes ainda do hospital de Campanha que o governo do Estado vai montar, comece a funcionar poderemos ter o esgotamento da rede pública e o início da ocupação por Estado e prefeitura de Palmas, de leitos particulares adquiridos na rede hospitalar da Capital.

 

Nesta segunda-feira, 11, o boletim do Governo do Estado informa que 48 municípios do Estado têm casos positivos e que 23 pacientes tocantinenses estão internados em leitos de UTI COVID. Desses, 17 em leitos públicos. A oferta do HGP é de 26 leitos, enquanto Araguaína oferece 10 leitos públicos de UTI.

 

No relatório da SES falta Aurora, onde dois moradores testaram positivo: o Neném que teve o teste contabilizado em Goiás, pois trabalha em Campos Belos, e o Parente, que ficou famosos hoje por se recusar a ficar em quarentena e ameaçar em áudio, levar muitos com ele “pra baixa da égua”. No Bar do Parente, muitos outros podem ter contraído o vírus e ainda estarem sem sintomas. Por aí, transmitindo. E olha que a cidade está fora da estatística oficial. E como ela podem existir outras tantas...

 

É difícil. O cenário é difícil. Sem barreiras, nosso interior é invadido por “parentes” e “aderentes” vindos de outros estados, para festar, se encostar e fugir da Covid que se espalha nas suas cidades de origem. Até quando?

 

Com um quadro tão preocupante, há ainda quem vá para as redes atacar as medidas de segurança. Desculpem a franqueza, mas o que é preciso, é apertar mais.

 

Não só em Palmas, mas no Estado. Para que decisões equivocadas como a que tomou Ronaldo Dimas no começo da crise em Araguaína, não custe um alto preço para todos.

 

Sim, empresas vão quebrar.

 

Sim, CNPJ’s serão baixados nos próximos meses. E a culpa não é de A nem de B.

 

Fomos todos pegos de surpresa neste barco e não há muito resultado em reclamar.

 

Como em toda crise, é imperioso enfrenta-la. E priorizar a vida. A nossa e a dos que nós amamos.

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