Contrariando discurso de Bolsonaro, Carlesse e Cinthia mantêm orientações da OMS

Tanto o governo do estado quanto a prefeitura de Palmas reagiram com moderação sobre o discurso de Bolsonaro, sugerindo o fim do "confinamento social". Carlese e Cinthia preferem orientação da OMS.

Cinthia e Carlesse
Descrição: Cinthia e Carlesse Crédito: Reprodução

O governador do Tocantins, Mauro Carlesse, evitou fazer qualquer comentário crítico sobre o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, realizado nesta terça-feira, 24, em rede nacional, sobre o fechamento de escolas, entre outras medidas adotadas por governos e municípios. Jair indicou que o fechamento dos comércios e o “confinamento em massa” devem ser revistos. Em nota encaminhada à imprensa nesta quarta-feira, 25, o governador se ateve às medidas adotadas pela gestão para enfrentar a pandemia do Covid-19 no estado. Disse que o Tocantins seguirá firme no propósito de manter a população livre do novo Coronavírus e conta com a parceria dos demais Poderes, dos municípios, dos órgãos de controle e, principalmente, com a população.

 

Sustentou no documento que continuará seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Lembrou as medidas que já foram adotadas no sentido de proteger a população e evitar a propagação do novo Coronavírus no Estado.

 

“O Tocantins foi um dos primeiros estados a apresentar o plano de contingência para a Covid-19; foi também um dos primeiros estados a criar um comitê de crise formado por todos os poderes, órgãos de controle, forças de segurança e especialistas em saúde, para debater a antecipação de ações, com o objetivo de minimizar os impactos da chegada da doença ao Estado”, destaca um trecho da nota.

 

O governador enumerou uma série de ações empreendidas pela gestão: decretou estado de calamidade pública, já aprovada pela Assembleia Legislativa, determinou a aquisição de seis mil testes rápidos para aferir a Covid-19 e também o reforço no estoque de equipamentos de proteção individual para assegurar aos profissionais da saúde as condições necessárias para atenderem a população.

 

O Chefe do Executivo observou ainda a decisão de antecipar as férias escolares e a entrega de kits de alimentos para as famílias dos alunos da rede estadual; de autorizar os Secretários de Estado a implantarem o trabalho remoto para os servidores, preservando principalmente os grupos de risco, mas também outros colaboradores que podem realizar o trabalho em casa.

 

Lembrou também que restringiu o número de passageiros em 50% da capacidade dos veículos do transporte intermunicipal e recomendou aos municípios o fechamento de empresas que não prestam serviços essenciais.

 

Nesta terça-feira, 24, o governador Mauro Carlesse assinou Medida Provisória proibindo por 90 dias o corte no fornecimento de água e energia elétrica.

 

O Governo do Tocantins também mantém em todos os meios de comunicação, mensagens de orientação à população para que fiquem em casa. O objetivo é evitar a propagação do novo Coronavírus, proteger a população e não permitir que haja um colapso na rede de atendimento em saúde no Estado.

 

Prefeitura de Palmas

 

A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro,  foi objetiva e econômica com as palavras ao comentar sobre o discurso do presidente Bolsonaro. “A luta é para permanecermos vivos; não há precedentes no mundo sobre o que estamos enfrentando, até que provem ao contrário , estatisticamente e de forma segura”, disse a prefeita na terça-feira à noite, 24, em rede social.

 

“Em Palmas, vamos continuar seguindo as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS); são vidas que estão em jogo, não vamos arriscar”, sustentou Cinthia.

 

Ela disse que as melhores armas são a ciência, as informações corretas e a responsabilidade individual, para lidar com a crise sanitária de largas proporções, atingindo todos os setores da sociedade.

 

Cinthia preferiu não entrar no mérito da crítica à postura do presidente Bolsonaro, preferindo reafirmar as ações que o município vem desenvolvendo para conter a contaminação do coronavírus.

 

Nas suas ponderações, a prefeita reforçou a recomendação para que as pessoas fiquem em casa, “para o bem de todos” ao ressaltar que sacrifícios são inevitáveis nesse momento.

 

Senadora Kátia Abreu

 

A senadora Kátia Abreu, do Tocantins, também foi às redes sociais para criticar o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, feito em rede nacional de rádio e TV, na noite desta terça-feira, 24. No twitter, Kátia citou convite do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, para todos assistirem o pronunciamento do pai. O convite teria sido feito durante a sessão online do Senado realizada na terça.

 

Em seguida a senadora criticou o presidente pela fala. “Francamente senador, não é possível que um jovem como você pode concordar com essa atrocidade; eu ainda tive esperanças no seu convite; decepção total”, escreveu a senadora no post.

 

 

Conass


 

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro, ao se pronunciar em rede nacional de TV, nesta terça-feira, 24, tentou “desmobilizar” a sociedade, autoridades sanitárias e o próprio Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus. “Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e de técnicos”, afirma a carta dos secretários endereçada ao presidente.

 

Na carta, os secretários dizem que assistiram “estarrecidos” ao pronunciamento. “É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências para que toda a sociedade perceba a gravidade do momento que estamos vivendo”, afirmam.

 

Segundo o Conass, as recomendações dos secretários e do próprio Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas. “Não temos intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do SUS e, sobretudo com a saúde de nosso povo. É isso que norteia nossas ações e esforços. Este é nosso compromisso”, dizem os secretários.

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