O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira será divulgado nesta quarta-feira (21), mas a oposição já prepara representação para a continuidade das investigações na Procuradoria Geral da República (PGR).
O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), não adiantou o conteúdo de seu parecer, mas afirmou em seu blog que o documento será "contundente" e vai pedir o indiciamento de todos os depoentes que se recusaram a depor.
Nas cerca de três mil páginas, segundo as informações, Cunha deve pedir o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e de assessores do governo do Distrito Federal e goiano. Ele deve poupar, no entanto, os governadores do DF, Agnelo Queiróz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).
Avaliação
Já o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), avalia que os 180 dias de trabalho e 48 de prorrogação permitiram aos parlamentares aprofundar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, apontando a existência de um Estado paralelo criado pelo jogo ilegal.
"Eu entendo que essa CPMI foi completamente diferente de todas as outras instaladas na República ao longo dos últimos anos”, disse Vital do Rêgo. “Veio quando muito já estava apurado, aprofundou as investigações, vai mostrar que nós precisamos combater esse estado paralelo que o jogo propicia e que leva a outros crimes, como a corrupção e a desintegração do aparelho estatal, e imagino que as soluções possam ser dadas tanto pelo Legislativo quanto pelo Executivo."
“Governo sonegou investigação”
No entanto, parlamentares de oposição, contrários ao resultado dos trabalhos, querem que a Procuradoria Geral da República conclua a investigação que, na opinião deles, foi "sonegada pela maioria governista da CPMI".
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que a representação à PGR vai cobrir as lacunas deixadas pelo relatório oficial de Odair Cunha. "Nós temos a opinião de que será um relatório chapa branca, que vai apenas se direcionar contra o governador de Goiás e vai deixar de lado, por omissão ou ocultação, o esquema de corrupção que a [construtora] Delta vem aplicando em vários estados e no governo federal.”
Segundo ele, os oposicionistas vão, “de maneira prudente, aguardar a manifestação do relator e compará-la com a representação” que eles estão preparando. “Onde houver omissões, vamos mostrar o caminho das pedras para o procurador-geral da República iniciar as investigações".
Requerimentos
O grupo, também integrado pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) e os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT), reclama da não votação de centenas de requerimentos da oposição e pretende pedir a abertura de investigação contra outros governadores de estados nos quais a Delta teve contratos suspeitos.
A CPMI do Cachoeira só encerra os seus trabalhos oficialmente no fim de dezembro. A apresentação do relatório de Odair Cunha está marcada para as 10h15, na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
Raul e Cachoeira
O prefeito Raul Filho foi flagrado em gravações apreendidas pela Polícia Federal negociando apoio financeiro para sua campanha eleitoral de 2004, quando se elegeu prefeito de Palmas pela primeira vez. As suspeitas ficaram ainda mais graves pelo fato de a empresa Delta teria contratos feitos com dispensa de licitação com a prefeitura de Palmas, no valor de quase R$ 72 milhões. Após a divulgação do vídeo do encontro entre Raul e Cachoeira, o prefeito foi convocado pela CPI, onde prestou depoimento.
Comentários (0)