Escrever para não esquecer de si!

Considere a coluna dessa semana como um incentivo e um alerta para mim e para você

Pensando sobre as novas formas de viver, ando me perguntando onde costumo escrever, e o fundamental: ainda escrevo?

 

Cartões postais, bilhetes de paquera trocados em bar, mensagens de agradecimento por uma agradável estadia oferecida, diários... Perdemos a capacidade da escrita ou a escrita agora ronda outros espaços e sensações? 

 

Sim. Os espaços são outros, mas de certa forma, a comunicação perdeu um sentido subjetivo de se expressar de maneira mais elaborada. Textos enviados pelo aplicativo whatsapp não demonstram sua capacidade de falar de si como quem se expressava em uma carta. Sim, os tempos são outros. Temos de viver as mudanças tecnológicas, mas também não podemos perder a oportunidade de refletir sobre como essas mudanças atuam em nós. 

 

Por exemplo: você conhece a letra da sua ou do seu melhor amigo? Se não, penso que a intimidade ainda não atingiu seu ápice. Você ainda sabe como é sua letra? Se não, corra para a antiga escrivaninha e recomece a lembrar de si. 

 

Muitas vezes, as dificuldades que acreditamos ter em escrever moram muito mais na falta de exercício do que em alguma inabilidade específica. O atleta só se torna bom porque treina.  A escrita ainda pode ser feita à mão ou no teclado, o importante é que ela exista além da comunicação via redes sociais.  

 

Esse é o sentido da áskesis, palavra grega que denominava o treinamento de si próprio, no sentimento mais espiritual. O grande filósofo Foucault dizia: “Escrevo para transformar a mim mesmo”. 

 

Sendo assim, considere a coluna dessa semana como um incentivo e um alerta para mim e para você. Voltemos ou comecemos a escrever, acionando um movimento da alma que vamos perdendo com a velocidade das coisas e do tempo, para que não nos esqueçamos, já que a vida na vida e nas experiências do dia a dia, a palavra DELETE não existe.

 

Lucas Meira

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