O público e o privado

Você vê a universidade pública como um espaço de cunho privado? Lava sua calçada todos os dias imaginando que só porque a água é paga por você é direito seu usá-la à revelia? Tira a embalagem do seu sorvete e a descarta sobre uma via pública sem pesar? 

 

Você certamente está na linha tênue e confusa de não saber definir o público e o privado. E mais, de não saber respeitá-los e discerni-los. 

 

Hanna Aredth (1906-1975), uma das grandes filósofas e pensadoras do nosso tempo, escreveu um dia sobre essas esferas. Ela diz que a oposição entre a esfera pública e a privada está entre aquilo que é comum a todos nós e aquilo que é próprio ou do domínio da casa.

 

A provocação dessa reflexão é necessária e urgente, porque especificamente no Brasil, tratamos o público com pouca qualidade e mais, não entendemos a sua dimensão e tampouco conhecemos o caminho para ocupar a esfera pública, espaço denominado por Arendth como reino da liberdade. 

 

Liberdade, pois é nesse espaço que a ação política, mediada pela linguagem e por uma pluralidade de opiniões, é efetivada. 

 

Infelizmente, os processos pedagógicos e de cidadania brasileiros, não estimulam homens e mulheres a participarem do espaço público, a conhecê-lo. E sem conhecimento não há respeito. 

 

Homens e mulheres interagem no dia a dia disputando e compartilhando espaços, no entanto, esse espaço é muitas vezes pouco considerado devido à nossa falta de capacidade de pensar no comum. 

 

O espaço social quando bem associado pelo público, arremete a sociedade a uma evolução irreversível.  

 

Quando cuidamos da nossa rua como se fosse nossa, quando escolhemos levar o lixo para casa ao invés de jogar no chão de uma via pública, desfrutamos de uma consciência inatingível pelos discursos egoístas e conservadores que escutamos até nos dias de hoje. 

 

Desfrutamos, sobretudo, de uma capacidade de socialização comunitária e respeitosa.

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