Onde estão os jovens e as jovens negras?

Aqui em Palmas, as informações cedidas pela Superintendência Municipal de Igualdade Racial, dizem que 70% da população que vive aqui é negra

Está passando um documentário em um canal de sinal fechado intitulado: “Eu não sou seu negro” que é sempre um desses trabalhos visuais que nos colocam de frente a um problema tão real e ao mesmo tempo tão pouco discutido. 

 

O filme documentário revela como a história dos Estados Unidos foi construída a partir da separação entre pessoas negras e brancas. Conforme a história seguiu, o racismo (de alguma forma), mesmo estando presente ou não, constitui grande parte do que podemos chamar de nação norte-americana. E é fato: as pessoas esquecem das injustiças históricas para não lidar com elas. 

 

As pessoas subjugadas possuem suas realidades destroçadas pelos modelos de opressão que o racismo impõe. Personagens históricos como Martin Luther King e tantos outros líderes negros, se levantaram para expressar o tempo de violência sofrido por mulheres e homens negros(as).

 

E o Brasil? Sabemos muito ou pouco sobre nossas histórias de opressão? Conversamos a respeito da herança cultural que a escravidão nos deixou?

 

Grata Kilomba, escritora e pesquisadora de São Tomé e Príncipe, afirma que o silêncio anda sendo quebrado pontualmente, principalmente pelos movimentos negros politizados e pela produção de conhecimento e literária, mas ainda há muito a ser feito. Sobre o Brasil, ela faz referência à colonização e como ainda estamos infectados por ela. A escritora diz: “A arquitetura é um exemplo disso. Há uma porta da frente e uma porta dos fundos. Isso eu só vi aqui no Brasil. E as portas do fundo e as da frente possuem sujeitos diferentes. E essa arquitetura não foi construída no século 19, mas nos anos 1980, 1990. E aqui há um senhor que abre a porta, um senhor que conduz o carro, uma senhora que limpa... Estes são serviços completamente coloniais. Como é possível ter tantos corpos negros prestando serviços dentro de uma estrutura assim? O branco de hoje não é mais o responsável pela escravidão, mas ele tem a responsabilidade de equilibrar a sociedade em que vive. Ninguém escapa do passado”.

 

Aqui em Palmas, as informações cedidas pela Superintendência Municipal de Igualdade Racial, dizem que 70% da população que vive aqui é negra. E por isso, a minha questão de hoje é: como tratamos os negros e negras? Como a cidade participa dos quadros de inclusão e exclusão? 

 

É urgente a reflexão para que continuemos a pensar em políticas públicas e educacionais que agreguem todas as raças e, principalmente, as historicamente excluídas dos espaços de poder e de maior prestígio. Precisamos acompanhar as práticas governamentais em torno dessa população e cobrar sobre isso. E mais: precisamos ter clareza sobre as condições de vida dessa população na nossa cidade. Essa é a parte política que a mim precisa ser estabelecida hoje, fundamentalmente, e eu sugiro isso a você. Então levante da cama e se pergunte: “Como desconstruirei meu racismo hoje?” Viver é política, é sensibilidade. E como disse um dia Mandela: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

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