Vivendo o novo no velho-mundo

Uma das características do continente europeu é o tamanho de sua história e de seu tempo. Na verdade, a própria história começa a ser contada e dita como ciência e disciplina através das memórias e destes cenários que moldaram a humanidade. Do Império Romano à União Europeia, a Europa é constituída por milênios de história divididos em 46 países, sendo o Reino Unido um deles - este território que resolvi me arriscar para viver o novo.

 

Para ser mais específico, estou vivendo uma temporada em Manchester para aprender a língua inglesa (como mencionei na última vez em que escrevi nesta coluna), e aqui tenho vivenciado grandes descobertas. A cidade é um grande centro industrial e é marcada pelo seu fundamental papel na Revolução Industrial. Como a economia da Europa vem buscando novamente se estabilizar desde a crise de 2008, pode-se dizer que Manchester compara-se favoravelmente em relação a várias outras cidades da região.

 

Talvez tenha sido esse enorme potencial econômico e industrial que a coloque em crescimento mesmo diante das adversidades. Foi nessa cidade que se viu a primeira máquina a vapor da indústria têxtil. Os museus aqui se proliferam em contar essa característica histórica preponderante. Foi Manchester que ajudou a levar ao mundo a técnica de mecanização do trabalho: o tear mecânico.

 

Mesmo com tanta história, a cidade e o continente sempre estão dispostos a apresentar o novo. Na Europa, diferente da América Latina, transporte público é serviço de qualidade e prioritário. Todos dependem e podem contar com ele, tanro pobres quanto ricos. No Reino Unido, todas as grandes metrópoles disponibilizam linhas de metrô, trem, VLT, ônibus, ciclovias e calçadas. Para quem aprecia arte e estudo, os espaços são acessíveis a todos. Caminhar por museus e se aquietar em uma biblioteca com um acervo imenso é fácil por aqui. 

 

No centro de estudo de línguas onde eu me encontro, lidar com a diversidade de nacionalidades e etnias diferentes é constante. E este é um dos maiores e mais compensadores exercícios que faço aqui: lidar com o outro diferente! É lindo quando descobrimos que a convivência e o aprendizado são unânimes para todos, e que a história de cada um pode agregar afetividade e conhecimento à história do outro. 

 

De fato, aqui parece que o caminho é mais livre em direção a uma humanidade mais desenvolvida. Mas não nos esqueçamos que a Europa vive grandes problemas humanísticos também, embora tenha “mais tempo” de vida e de território explorado do que nós. Ainda caminhamos contra nossa história constituída por tanta violência para se conseguir território e que deixou marcas. Mas creio que a América Latina ainda tem longos passos no rumo deste desenvolvimento. Os países do Sul também ensinarão e também aprenderão, tal como eu vivo aqui compartilhando, recebendo e oferecendo minhas vivências a esse mundo velho. 

 

Assim eu sigo em um velho país à procura de novos saberes, encontrando inspiração e motivação para construir novos caminhos e quebrar velhos hábitos, além de levar de volta comigo toda uma experiência que influenciará novas decisões e projetos.

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