A PEC da vergonha: nem Kátia Abreu, que marcha para enfrentar Amastha, vota a favor…

A quase dois anos da próxima eleição, coisas deste tipo só enchem mais ainda a bola do prefeito da Capital. E reforçam o mote de que ele segue temido pela classe política...

Prefeito Carlos Amastha
Descrição: Prefeito Carlos Amastha Crédito: Aline Batista

Recebi mais cedo nesta quinta-feira, 23, a seguinte mensagem da senadora Kátia Abreu, via WhatsApp: “Sou contra a PEC que quer impedir estrangeiros de se candidatarem ao governo. Não sou oportunista: disputas se vencem nas urnas. Votarei contra esta PEC”.


Aplaudi de pé. Primeiro por que há anos acompanho as idas e vindas nas relações entre a senadora e o prefeito Carlos Amastha. São duas personalidades fortes. São dois políticos com pouca preocupação em jogar para a plateia em assuntos polêmicos: pagam o ônus de defenderem o que pensam, ainda que isso possa ser, ocasionalmente, impopular. As semelhanças param por aí e provavelmente, pelo andar da carruagem, os dois poder se enfrentar lá em 2018.
 

Por isso mesmo é mais significativa a mensagem da senadora: de que não teme enfrentar ninguém nas urnas. Para ganhar ou para perder. Isso coloca uma pá de cal na suposição de que antes desta PEC ela teria articulado outra, de teto semelhante, para atingir Amastha.
 

Mas vamos além, a questão não é meramente eleitoral, nem de conveniência… é de preconceito. É aquela coisa que tomou conta da campanha de 2012 e não teve coragem de se repetir claramente em 2016. É a coisa subentendida de que por algum motivo somos “raça” superior. Me lembro de ter escrito um artigo na campanha de 2010 sobre xenofobia.
 

Agora me digam: qual a razão que assiste o controverso deputado federal, Hildo Rocha, do mais baixo clero da Câmara, para mover uma PEC desta natureza? Óbvio que está a serviço de terceiros. Prestou-se a este papel movido sabe-se lá por que moeda de troca. Os argumentos são pífios.
 

Um deles, de que são cargos estratégicos o de governador, senador e Ministro das Relações Internacionais e, portanto, não podem ser ocupados por estrangeiros. Ocorre que há muitos brasileiros, aqui criados, que dominam perfeitamente o idioma, e que são estrangeiros de nascimento. Ocorre que muitos estrangeiros naturalizados brasileiros, aqui viveram sua vida quase toda e estão prestando um serviço imenso ao País. E aí, qual é o medo?
 

Na semana passada fui informada por uma fonte na Câmara Federal, de que o deputado Carlos Gaguim levava a PEC debaixo do braço, de gabinete em gabinete da bancada federal tocantinense, em busca de assinaturas. Foi recusado em TODAS, pelo que se vê numa pesquisa à Câmara. Ouvindo dois assessores de parlamentares, confirmei que o deputado buscou seus assessorados em busca de assinaturas. Os dois foram orientados a não assinar. Quem quer ficar com o carimbo do preconceito estampado? Quem quer se indispor diretamente com o prefeito da capital, para quem a PEC parece ter sido talhada tal qual um terno sob medida?
 

Desde a informação, tentamos ouvir o deputado, sem sucesso, quando… surpreendentemente, o deputado autor da PEC, liga para um veículo local para dar matéria completa. Seria cômico se não fosse daquelas coisas que deixam a digital estampada.
 

O deputado Carlos Gaguim não vai falar sobre o assunto, mas já está carimbado nele o carimbo de autor oculto da PEC. Amastha, como de seu feitio, respondeu com ironia: “não me acho tão importante para dar causa a uma PEC. Será que sou?”.
 

Vamos ver se o documento, para o qual haveria 300 assinaturas, encontrará ambiente para prosperar. Afinal, uma PEC é uma Proposta de emenda à Constituição, tem peso e gravidade. Neste caso, a gravidade de restringir a participação nas eleições. Uma coisa que no Brasil, país de imigrantes, não combina muito bem.
 

Só sei que a quase dois anos da próxima eleição, coisas deste tipo só enchem mais ainda a bola do prefeito da Capital. E reforçam o mote de que ele segue temido pela classe política. Será?

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