Amastha, a desistência e uma fragilidade exposta a pretexto de motivos pouco críveis

Ex-prefeito desiste, solta vídeo em que explica que não vai sem companheiros do PC do B e PTB, mas não convence dos seus motivos. Afinal, o que estaria por trás deste movimento?...

Zé Geraldo apoiou Carlos Amastha durante eleição suplementar, em junho
Descrição: Zé Geraldo apoiou Carlos Amastha durante eleição suplementar, em junho Crédito: Divulgação

Está bem difícil acreditar nos motivos com os quais o ex-prefeito Carlos Amastha justifica a desistência, um dia depois da convenção que lotou o Espaço Cultural, da candidatura a governador, que já estava homologada por um grupo de partidos políticos desde ontem, domingo, 5 de agosto.

 

A tristeza no vídeo em que se dirige ao eleitor tocantinense é real. Gera a empatia que andava em falta com as atitudes mais recentes do ex-prefeito, agora ex-candidato. Lembra aquele Amastha da política por ideal de contribuir com a cidade. Alguém que empolgava, lá atrás, quando começou. E antes dos exageros que a segurança da caneta na mão cometeu.

 

Nas atitudes mais recentes, transpirava um outro Amastha. Arrogante, queria dos partidos aliados, financiamento próprio para seu nome, ao invés de captar para ajudá-los. Alguém que se portava como um Messias salvador das oposições, do tipo que diz: se não forem comigo, irão com quem?

 

Se a tristeza cola, a alegação de que na falta do PC do B, de Nésio Fernandes, Germana Pires e Danilo de Melo - um bando de idealistas - e do PTB de José Geraldo (outro sonhador), foi decisiva para a desistência, no mucho.

 

Os bastidores que cercam os últimos dias que antecederam o domingo e a segunda-feira que fizeram história mostram um Amastha pouco preocupado com o destino desses partidos.

 

Senão vejamos. José Geraldo, que o ex-prefeito foi buscar, descrente da participação política para integrar sua gestão, foi o vice que ele rifou em cima do palanque para receber o PT nas eleições suplementares.

 

Nésio Fernandes ouviu um sonoro palavrão numa das últimas reuniões para definir chapão ou chapinhas. Nela, o então pré-candidato disse claramente que esta eleição não era para candidatos pobres. E que quem não fosse milionário, estava fora. 

Nésio contradisse Amastha e o confrontou afirmando que aquele argumento era do tipo que deixava fora da disputa muitos companheiros que estavam alí ao redor daquela mesa e daquele projeto. Ouviu um sonoro VTNC.

 

Minutos antes, Paulo Mourão havia se retirado da conversa, pelo nível do debate. O seguiu o deputado Paulo Roberto. Mourão, aliás, há tempos advogava que o PC do B ficasse com o PT junto a Marlon Reis. Nésio resistiu. Até ser surpreendido -  em cima do palanque, na hora da convenção -  pela informação de que as duas chapas acordadas para proporcionais haviam caído.

 

E qual foi a resposta de Amastha? “Sigam a orientação do Adir”.

 

O PC do B se retirou. Ainda na noite do domingo, avançaram as conversações com o PT e com Marlon Reis.

 

Amastha vinha errando no tom das relações com aliados e partidos políticos há muitos dias. Reuniões tensas e muita esculhambação. Difícil acreditar num súbito arrependimento.

 

Os bastidores são ricos em uma lista de outros possíveis motivos.

 

Fala-se nos desdobramentos previstos para os próximos dias da Operação Jogo Limpo.

 

Nela, duas delações seriam mortais para aliados bem próximos de Carlos Amastha. Mesmo não envolvido diretamente, pesaria sob a gestão do prefeito sérias dúvidas. Especialmente sobre sua capacidade de conter a corrupção que tanto critica.

 

Outras fontes trazem a baila uma suposta chantagem que o ex-prefeito estaria sofrendo por parte dos dois vereadores que estão com prisões decretadas. E ainda não se apresentaram à Justiça.

 

A fragilidade emocional de Amastha em enfrentar acusações públicas que comprometeriam a imagem que construiu seria o real motivo da desistência.

 

A tarde termina com novas informações de que, pressionado ao desmontar toda estrutura política que se formou para levar aliados seus à disputa do 6 de outubro, Carlos Amastha ainda pode desistir da desistência.

 

“É uma personalidade histriônica”, definiu um aliado. 

 

Se sair de cena, avaliando que o momento e a conjuntura não lhe são propícios, Carlos Amastha passa recibo de fragilidade e fica com essa marca em seu futuro político.

 

Se voltar à cena depois do dia de hoje, deixa sem dúvidas a imagem de que é aquele que muda demais de opinião com coisa séria. Alguém em quem não se pode confiar. E terá queimado a largada.

 

No primeiro dia após as convenções, só uma leitura desses fatos é inegável: Mauro Carlesse e Márlon Reis deram um passo à frente, sem fazer força e sem fazer campanha, rumo às urnas de outubro.

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