Após surpresa com Lúcio, Câmara decide testar vereadores e servidores para Covid

Notícia de caso confirmado de vereador da capital, movimentou grupos e provocou estresse entre vereadores logo cedo. Negativas de tratar o assunto como devido e o medo do preconceito foram marcantes

Marilon Barbosa, presidente da Câmara
Descrição: Marilon Barbosa, presidente da Câmara Crédito: Divulgação

Nos bastidores, dois casos da Covid-19 na Câmara de Palmas já eram ventilados quando ontem, terça-feira, 12, circulou a informação de que o vereador Lúcio Campelo havia confirmado teste para a Covid-19. Procurado pelo T1 Notícias, o vereador confirmou, mas pediu que seu nome não fosse divulgado. Compromisso que cumprimos ao dar a notícia hoje pela manhã. Logo após, outro veículo publicou a notícia com o nome e o presidente da Casa, Marilon Barbosa confirmou ao jornalista Gilson Cavalcanti a identidade do vereador.

 

O que chama a atenção neste caso foi o desenrolar dessa notícia. Uma pressão muito grande entre os próprios parlamentares, desde cedo, exigia a identificação do vereador, para que os outros não fossem todos alvos de suspeita e segundo o vereador Gerson Alves, que entrou em contato com o T1 Notícias, mais cedo, eles poderiam ser alvo de discriminação.

 

Alves era um dos que exigiam a identificação e quem era o caso positivo. O assunto seguiu gerando estresse, quando pedimos à Diretoria da Casa sobre quais seriam as medidas adotadas,  uma posição do presidente. A demanda foi negada com a alegação do diretor Dock Júnior de que não entraria “na intimidade” do vereador que estava com o vírus. E o pedido de que o veículo buscasse por conta própria contato com o presidente Marilon Barbosa.

 

A questão não era esta, mas tudo que aconteceu nesta quarta, expõe muito do que pessa e de como age o cidadão comum diante da confirmação de que alguém próximo está com o vírus. O preconceito relatado por quem já teve e se recuperou, é real também para quem contrai e sua família e próximos. Diferente da advogada Kellen Pedreira, caso 01, que decidiu ela própria avisar os amigos e colegas da OAB, do ex-vereador e empresário da capital, Iratã Abreu, que também tornou público seu resultado positivo, nem todos querem que sua identidade seja revelada.

 

O que nós pretendíamos saber, e que é de interesse público, o presidente da Casa respondeu ao Blog por telefone nesta tarde: a Casa vai tomar a providência de testar seus servidores e os demais vereadores que participaram de sessões na semana passada, com o vereador que está com a Covd-19. Uma medida correta e necessária, para preservar os servidores, dar segurança a eles e estabelecer a cadeia de transmissão que pode ocorrer mesmo para quem não está apresentado sintomas.

 

“Já falei com o diretor geral e vamos providenciar”, disse Marilon Barbosa, confirmando que se precisar adquirir os Kits -  já que a norma da Semus é testar apenas os sintomáticos -  a Câmara o fará. 

 

“A primeira coisa que vamos fazer é um levantamento de quem foram os funcionários que trabalharam nestes dias”, disse o presidente.

 

Marilon Barbosa conta que quando soube, mandou fechar a Casa e suspendeu os trabalhos até dia 25. Confirmando o que se imaginava e que a assessoria da Casa negou mais cedo em nota encaminhada ao T1 Notícias.

 

Casa deve contratar serviços para sessões virtuais

 

Outra pergunta que Marilon Barbosa respondeu ao Blog, é quanto à realização de sessões virtuais. “Não temos equipamento”, disse o presidente. Mas pode alugar, questionei. Até por que os vereadores marcaram audiência pública para debater a saúde e sem o aparato telepresencial, será impossível realiza-la.

 

O presidente não descartou a possibilidade. “Vamos levantar este custo”, afirma.

 

O caso é que os vereadores começaram por conta própria a buscar os testes. Na UPA Sul nesta tarde o vereador Milton Néris, do PDT, pré-candidato a prefeito fez seu teste e já saiu medicado. Mesmo sem sintomas. “Acho que é o protocolo deles”, disse ao Blog. A recomendação é para que o vereador fique em casa, e cumpra os 14 dias de isolamento.

 

Assim como ele, os outros devem, por responsabilidade social, fazer o mesmo. 

 

A lição que a Câmara de Palmas viveu hoje foi a da necessidade de transparência. Pessoas públicas devem agir assim. Instituições não podem esconder os fatos, ainda mais em se tratando de saúde pública.

 

O mesmo deve valer para autarquias e repartições públicas como o Ipup, onde já foram registrados casos. 

 

A Assembléia Legislativa, que começou com sessões telepresenciais e recuou – por não adotar a mesma regra para dar voz e vez aos deputados que estavam em casa, como para os que estavam em plenário – também precisa repensar.

 

Notícia no sentido de que um deputado da região do Bico já tem dois casos confirmados na família correu pelos bastidores da Casa também neste começo de semana. É preciso preservar não só os que são do grupo de risco, afinal, o vírus não escolhe apenas estes para atacar.

 

Vai chegar um momento que ter Covid-19 será comum, já que o vírus circulará por todo mundo em um ano. Até lá, menos preconceito, mais espírito público e transparência faz bem e é dever de todos.

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