As mulheres e seu dom de surpreender: Cláudia e Cinthia, na linha da sucessão

Com o andar da carruagem e 2018 se aproximando, duas mulheres podem sair dos cargos de vice para a linha de frente do comando do Estado e da Capital: Cláudia Lelis e Cinthia Ribeiro...

Cláudia Lelis e Cinthia Ribeiro
Descrição: Cláudia Lelis e Cinthia Ribeiro Crédito: Foto: Montagem/T1 Notícias

Esta semana vamos celebrar o 8 de março, dia simbólico de expressão da luta das mulheres por liberdade, por direitos iguais, ou equivalentes aos dos homens: na vida, na política e no mercado de trabalho.

 

O momento não poderia ser mais simbólico quando observamos que as mulheres vão chegando ao poder também no Tocantins, pela via direta ou indireta. Seja como for, pelo voto. 

 

A direta, quando são votadas nominalmente: senadora Kátia Abreu e deputada federal Professora Dorinha são bons exemplos de mulheres tocantinenses com atuação em Brasília que cavaram seu espaço e se destacam num universo predominantemente masculino. Em nível nacional, para além das fronteiras do seu Estado. Kátia é referência internacional e não só no agro. Dorinha ocupa com competência um espaço de referência quando se fala em Educação, respeitada nacionalmente.

 

Indireta, mulheres que também foram votadas, mas no papel de vice, que constitucionalmente significaria apenas substituir o titular em caso de vacância temporária ou definitiva.

 

É o caso de Cláudia Lelis, para quem o cavalo passou arriado quando o marido teve que ser substituído na chapa de Marcelo Miranda e Kátia Abreu na marca dos 44 do segundo tempo, quando foi considerado inelegível em instância superior. O PV lhe indicou, muita gente torceu o nariz, mas Cláudia surpreendeu. Desde a primeira vez que substituiu Marcelo, até as movimentações paralelas que faz, atendendo pessoas e enfrentando agendas nem sempre agradáveis, Cláudia Lelis cresceu, criou força política dentro do governo, e mesmo ficando em terceiro na disputa pela prefeitura de Palmas, mostrou que tem veia política e luz própria, para além da sombra do marido.

 

Marcelo senador, Cláudia governadora

O que vai nos bastidores é que Marcelo Miranda cuidará da saúde nesse pós-carnaval, e depois focará politicamente numa candidatura ao Senado. Com um olho na pauta do TSE essa semana, mas com o trabalho acontecendo nos bastidores, toda articulação política de governo tem sido em busca da construção de um grupo de aliados que permita a condução da carreira de Marcelo nesta direção.

 

A senatoria, no entanto, inclui um afastamento obrigatório por nove meses. É aí que a boa relação entre o governador e a vice é fundamental para que ela comande o governo nos últimos nove meses de mandato. E teremos uma mulher governadora, de fato, no Executivo. Até aqui tivemos apenas a presidente do Tribunal de Justiça, temporariamente, no último governo Siqueira Campos.

 

Especula-se também que Marcelo Miranda poderá firmar nos próximos meses uma aproximação definitiva com Carlos Amastha, que passaria a ser o candidato do governador ao comando do Estado, num contraponto com sua ex-aliada, e agora aparentemente adversária, senadora Kátia Abreu, que é tida como virtual candidata à sua sucessão em 2018.

 

A aliança entre os dois estaria preparada pelo marqueteiro Marcos Vinícus, que é conselheiro do governador, de um lado, e amigo de Carlos Amastha de outro. A se conferir nos próximos meses como isso evolui. E como ficariam os Lelis, adversários históricos de Amastha, se esta composição eventualmente se confirmar.

 

Amastha governador e Cinthia prefeita

Na outra via, Cinthia Ribeiro encontrou numa adversidade sua primeira chance de mostrar a que veio. A vice de Amastha poderia ter sido do PSD, que era o aliado preferencial, mas desentendimentos entre o prefeito e Irajá Abreu em torno dos nomes que ocupariam a vaga, acabaram selando o distanciamento do grupo da senadora na hora da eleição. O PSDB, com tempo de TV, indicou Cinthia, que foi à luta para mostrar que não era só a viúva de João Ribeiro.

 

Com o afastamento de Carlos Amastha neste começo de março, temporariamente para tratamento de Saúde, a vice ganha os holofotes. O prefeito opera esta semana no Sírio Libanês para a retirada de duas hérnias e de um tumor benigno no intestino. A sua vice comanda uma equipe azeitada e afinada com o estilo do chefe de comandar. Resta ver como Cinthia Ribeiro se sairá.

 

Habituada a acompanhar a política do Estado nos bastidores do gabinete de seu falecido marido, senador João Ribeiro, que era um mestre na arte de fazer política e tinha fama de cumpridor de compromissos e acordos, ela começa a mostrar seu perfil. Eleita junto com Amastha, pelas mãos e com as bênçãos do senador Ataídes de Oliveira, suplente de João, Cinthia tem pela frente um melindroso equilíbrio a fazer. É que Ataídes tem personalidade forte, planos próprios para seu futuro político e o comando do PSDB no Estado. Pode ser que lá na frente seus planos e os de Amastha coincidam, e pode ser que não.

 

Se o prefeito marchar com Miranda, dificilmente Ataídes estará nessa chapa como senador. Há quem aposte que o senador sonha em disputar novamente o governo. Outra incógnita que o tempo esclarecerá.

 

Por hora, temos duas mulheres na linha sucessória do Estado e do município. As duas prometem se tornar boas surpresas, ainda que tenham sido conduzidas à política partidária, de certa forma, ancoradas pelo espaço conquistado antes por seus maridos. Conhecendo as duas antes e fora de seus cargos, posso dizer que são muito mais fortes do que aparentam.

 

Cláudia já mostrou a que veio. Cinthia, com espaço, também mostrará.

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