A noite de ontem, 30 de julho, marcada pelo Ato de Apoio à Liberdade de Imprensa, em torno do jornalista Glenn Greenwald, aconteceu em um momento emblemático para a história do país.
O ato vem na semana em que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), tripudiou sobre a memória dos mortos pela ditadura, e rechaçado com veemência pela opinião pública, recuou mais uma vez. Do imbróglio, saiu com uma versão mal contada para a morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o recifense Fernando Santa Cruz, preso pelo Exército Brasileiro, e segundo dados oficiais, morto pelo Estado. Como tantos outros.
É também um ato que vem após a acusação de o jornalista do Intercept Brasil tenha cometido crime ao divulgar conversas obtidas por um terceiro, prática comum no jornalismo investigativo, em que é garantido pela Constituição Brasileira, o direito do sigilo da fonte.
Não importa como os dados foram obtidos. Se o conteúdo é de interesse público, é dever do jornalista publicar.
A máquina da extrema direita nas redes vem tentando criminalizar Glenn Greenwald no episódio conhecido como #VazaJato. Que publicou conversas do ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio Moro com o procurador da República Deltan Dallagnoll, entre outras conversas de procuradores que demonstram o conluio montado entre juiz e acusação para validar delações frágeis e articular uma estratégia que retirasse da disputa de 2018 o candidato que liderava as pesquisas: Lula.
O ex-presidente segue preso após um processo em que, as conversas deixam claro, foi completamente comprometido pela parcialidade e atuação partidária do então juiz Moro.
Independente de conotação ideológica, os últimos fatos levaram figuras de direita, que apoiaram o atual presidente a se manifestarem contra suas declarações pérfidas.
A ameaça ao Estado de Direito, cada vez mais flagrante, provoca reações diversas, e salutares em defesa da democracia duramente conquistada.
De importante e emblemático ontem, destaca-se o vídeo em apoio a Greenwald e à garantia da liberdade de exercício do jornalismo, com sigilo da fonte, feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
É um marco.
No Tocantins, duas manifestações se destacam: a da senadora Kátia Abreu (PDT), que retuitou e apoiou o ato de solidariedade a Glenn e do ex-senador Ataídes de Oliveira (PSDB), que criticou a esquerda brasileira, a acusando de estar por trás das revelações, cujo conteúdo ele não discute.
O ato de apoio e todos os gestos de solidariedade em torno de Glenn é uma luz que se acende no final do túnel desses tempos tão difíceis. O clima é ruim, mas pode sempre melhorar, quando as pessoas se posicionam contra aberrações e desumanidades.
Que os bons não se quedem em silêncio diante de um país que retroage pela turbulência gerada no pós golpe.
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