Capoeira vira patrimônio cultural brasileiro

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Por Maria José Alves Cotrim*

Nesta terça-feira, 15 de julho, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Institutodo  Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou a proposta de registro da capoeira como patrimônio cultural do Brasil.   Primeiro passo para o reconhecimento cultural dessa prática, mas ainda falta muito. O “barco já está em alto-mar” e agora cabe ao governo, elaborar projetos e políticas públicas que envolvam ações necessárias para a continuidade das rodas de capoeira e a valorização dos mestres, responsáveis diretos pela perpetuação dos ensinamentos que têm em mestre Bimba e mestre Pastinha seus maiores expoentes. É difícil caracterizar a capoeira em uma única identidade, já que seus instrumentos musicais, a ginga e as músicas surgiram com o objetivo de escondê-la como luta e se parecer mais com uma diversão, um jogo ou uma dança. Junto com o título, é necessário que venha a valorização dessa  atividade cultural representa a força de uma atuação negra em prol da liberdade de um povo.

História e vertentes

O primeiro nome dado a essa pratica foi “capoeira de Angola”, que é a vertente pura, tendo como seu mestre, Pastinha, que defendia a prática do jogo como uma expressão artística e privilegiava o trabalho físico e mental.Com o tempo, essa cultura sofreu alterações sendo transformada em luta e passou a ser consumida também pela alta classe social, sofrendo grandes alterações e passando a ser chamada de “capoeira Regional”, tendo como seu cursor mestre Bimba, o responsável por desenvolver técnicas e sistemas próprios de aprendizado divulgando-a assim em todos os cantos do país. Estas duas formas, inicialmente limitadas á Bahia, difundiram-se pelo país inteiro.

Começa então a ganhar popularidade a idéia de que, devidamente regulamentada, a Capoeira poderia ganhar um lugar junto às artes marciais orientais, já aceitas pela sociedade brasileira. Passaria, assim, a ser "a arte marcial brasileira", uma luta esportiva com competições regulamentadas. Surgindo em 1968 os primeiros campeonatos e sendo regulamentada oficialmente como esporte em 1972.

O fato é que para a capoeira ser legitimada na mídia teve que perder várias das características que lhes são próprias, em virtude de sua origem étnica, para adquirirem outros traços que as tornem mais aceitáveis aos olhos das classes dominantes. Podemos então interpretar o aparecimento da Capoeira Regional como um "embranquecimento"  da Capoeira tradicional (Angola).

* É estudante de comunicação do Ceulp/Ulbra e colaboradora do Blog da Tum

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