Carlesse toma posse na Assembleia de olho na possibilidade de ser governador

Posse do novo presidente da Assembleia veio revestida de sinais. Nos bastidores é grande a aposta do grupo de Carlesse em que ele suceda Marcelo Miranda antes de 2018

Marcelo Miranda e Mauro Carlesse
Descrição: Marcelo Miranda e Mauro Carlesse Crédito: Foto: Elizeu Oliveira

A posse do deputado Mauro Carlesse, na semana que passou, foi o grande fato político do cenário neste início de ano.

 

Alguns símbolos são emblemáticos, assim como há detalhes que revelam muito do que vai por trás dos bastidores onde acontecem as tramas políticas e o jogo de poder.

 

A aposta do deputado Carlesse na possibilidade de ser governador do Estado, na hipótese do afastamento antecipado do governador Marcelo Miranda (PMDB), começou lá atrás, quando concorreu contra o deputado Osires Damaso, na disputa pela presidência.

 

Seus votos foram muito bem amarrados, dentro do que já se conhece dos acordos que perpassam tudo que envolve uma presidência de Casa Legislativa. Ainda mais a Assembleia, com o orçamento e possibilidades que tem.

 

Mas vamos aos fatos.

 

O grupo que cerca Carlesse entrou 2017 esperançoso e ansioso pelo desenrolar da ação que tramita em Brasília para tentar cassar os mandatos de governador e vice de Marcelo Miranda e Cláudia Lelis. É o famoso caso do avião.

 

Corre nos bastidores que semanas antes de receber Miranda na Casa com o discurso de união em prol do desenvolvimento do Estado, Carlesse teria se reunido em Brasília com uma banca de afamados advogados e celebrado um contrato de risco. Algo na casa de milhões. Se conseguirem acelerar o processo, colocar em pauta para julgamento, e se o afastamento se confirmar, a bolada seria certa.

 

No entanto, há dois problemas no caminho do presidente da Assembleia antes que possa se tornar governador.

 

O primeiro é de lapso temporal.

 

O processo que pode ou não desalojar Miranda do Araguaia, está no TSE Se correr célere, entrar em pauta e terminar com julgamento desfavorável, ainda há uma etapa. O recurso ao STF. Fontes palacianas garantem: a fila lá é tão extensa que não haveria tempo para um desenlace final dessa questão.

 

O segundo problema de Carlesse, segundo já corre no meio jurídico em Palmas e Brasília, é o mesmo que aflige Renan Calheiros. Processos na justiça. Desde que se tornou réu, Renan Calheiros permanece presidente do Senado, mas não pode ser presidente da República. Está impedido.

 

Por analogia, seria o mesmo caso do presidente Carlesse. Mesmo que não se aplique automaticamente esse entendimento, ele ainda pode ser provocado, o que colocaria o Tocantins na seguinte condição: sem governador eleito no Executivo, e sem condições do presidente da Casa Legislativa assumir, sobraria o imenso fardo de governar o Estado em crise para o presidente do Tribunal de Justiça.

 

Durma-se com um barulho desses.

 

Parêntese.

 

A posse de Carlesse teve alguns momentos interessantes. O cerimonial da Casa, ao invés de sentar os chefes dos dois poderes, Executivo e Judiciário ao lado do presidente, colocou o governador e a vice, na sua direita e esquerda respectivamente, cometendo uma gafe. O Hino Nacional foi dançado. Algo inédito em cerimonias oficiais. Já o hino popular do Tocantins, de autoria de Genésio Tocantins não foi cantado, foi literalmente gritado. Erros na letra, desafinação e o convite insistente para que a plateia acompanhasse, foram nota fora da programação. Melhor seria ter chamado o próprio Genésio para cantar, mas, enfim…

 

Fecha parêntese.

 

Tudo isso descontado, foi uma grande festa, que só reforçou - até no ato falho do presidente em se autodenominar governo, no final da fala, quando improvisava - a máxima que prevalece desde o império romano. Os homens na política seguem buscando poder e dinheiro. Não necessariamente nessa ordem.

 

(Atualizada às 16h47)

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