Cinthia rompe com Folha após muito chumbo trocado e dá o tom da relação que quer ter

Depois do desgaste provocado nas relações da prefeita e do vereador, Folha deixa a base de Cinthia e anuncia rompimento com grupo Amastha. Decisões repercutem na pré-campanha expondo fissura no grupo

Estranhamento se agravou após discussão em grupo de WhatsApp
Descrição: Estranhamento se agravou após discussão em grupo de WhatsApp Crédito: Divulgação

A prefeita Cinthia Ribeiro tornou público, numa canetada, o rompimento com o vereador e presidente da Câmara Municipal de Palmas, José do Lago Folha Filho (PSD), vereador em terceiro mandato e que tem o comando da Mesa Diretora até o final do ano. 

 

Trata-se de um ato de coragem, já que na prática, Folha é o vice-prefeito do município e também cabe a ele definir a pauta da Casa na condição de presidente.

 

Foram exonerados de ASG a professores. Pessoas contratadas, segundo corre nos bastidores, na cota de indicações do presidente da Casa. Contratos feitos na gestão Amastha e que vinham mantidos por Cinthia até ontem.

 

O ato é duro, mas faz parte do modus operandi da relação dos parlamentares da base com o Executivo, justifica um aliado da prefeita. Na prática tornou-se insustentável o modo como Folha vinha agindo com relação à prefeita nos bastidores. Uma atitude considerada “hostil e ameaçadora”, que teria começado com ilações sobre um possível pedido de impeachment, que beneficiaria ao próprio presidente, primeiro na linha sucessória.

 

Folha nega, conforme entrevista dada ao T1 Notícias e jura que não trabalhará para prejudicar a prefeita.

 

O que rola nos bastidores no entanto, é que já vinha atuando para desgastá-la junto às suas bases, especialmente na região Norte, onde aliados do vereador dentro de grupos de WhatsApp ligados a ele vinham gravando vídeos criticando a prefeita, e pautando matérias em veículos de comunicação da Capital para denunciar um suposto abandono da prefeita à Praia das Arnos, onde comerciantes aguardam esta época do ano para faturar com as férias. Banhistas vão atrás, além do sol, peixe e cerveja, de programação musical. Que este ano não aconteceu.

 

O motivo no entanto independe diretamente da vontade da prefeita. Só a Praia da Graciosa está apta a receber eventos. E o secretariado mantido por Cinthia sabe disto, pois assinou o TAC que permitiu a realização do Reveillon em dezembro. De janeiro a abril, antes da prefeita assumir, nada foi feito. E de lá para cá, possivelmente também não, pois a temporada surpreendeu Turismo e Indústria e Comércio sem a liberação do Corpo de Bombeiros, já que as obras não foram realizadas. E agora é que foram licitadas.

 

O fogo amigo, de brando subiu para altas temperaturas no último final de semana em torno do assunto: praia e eventos de férias.

 

O comportamento de Folha no entanto, já vinha incomodando Cinthia, por não ser exatamente o que se espera de um companheiro, afirma, em Off, um dos auxiliares diretos da prefeita.

 

Vídeos gravados por aliados, áudios de aliados, e até conversa de fila de banco foram parar no celular da prefeita até que o copo transbordasse.

 

Tudo isso acontece bem no começo de uma pré-campanha em que Amastha busca aliados fora do grupo que já tinha, e que começa a sofrer perdas internas. Se Cinthia Ribeiro perdeu hoje, oficialmente um vereador da base, não por acaso presidente da Câmara, Amastha perde um grande aliado, caso não consiga contornar o estrago.

 

Como era de se esperar a situação aumenta a tensão, por atacado, na relação dela com o antecessor, Carlos Amastha.

 

O que já está evidente é que são dois estilos completamente diferentes de administrar. 

 

Se Amastha terceirizava, Cinthia centraliza.

 

Se o ex-prefeito mantinha a corda frouxa, permitindo aos secretários gastarem primeiro e se explicarem depois, Cinthia puxou a corda e quer controlar os pagamentos e remanejamento de orçamento.

 

Os cortes também já começaram. Com orgulho, a prefeita anunciou no Twitter nesta mesma quinta-feira, que realizou o Arraiá da Capitá este ano com orçamento bem menor que o do ano passado. E a festa recebeu redobrados elogios, não encolhendo em nada, mas aumentando em brilho, como a cada ano que passa.

 

Nos corredores da prefeitura não falta o burburinho de que as decisões estão mais lentas, que ficou mais difícil comprar, que o Controle Interno ficou mais lento, ou que fornecedores demoram mais a receber do que era costume. Tudo isso são efeitos de uma tentativa de maior controle dos gastos determinadas pela própria prefeita. Se vão fluir melhor e mais rápido nas próximas semanas, é o que veremos.

 

Por hora, já resta claro que há um incômodo nas estruturas antigas com a chegada e com o estilo Cinthia Ribeiro de trabalhar.

 

O que virá no retorno dos vereadores das férias, é capítulo para assistir em agosto. Pelo que corre em off na prefeitura, novas mudanças virão. Enxugamento da máquina e cortes de despesas. Tudo para suprir um déficit que vem, aparentemente, da frustração de receita gerada pelo impedimento judicial da cobrança do IPTU com aumento.

 

Só nesta semana, deixaram a pasta dois dos colaboradores mais diretos de Amastha: a ex-secretaria de Comunicação, Raquel Oliveira e o secretário “de fato” da Infra, Luiz Teixeira, substituído pelo engenheiro Antonio Trabulsi. 

 

Aos poucos Cinthia vai imprimindo seu ritmo e impondo seu estilo.

 

Pelo que se lê hoje, não levará desaforo para casa. E vai cobrar dos companheiros, comportamento reto. 

 

No caso dos aliados de Folha, inocentes pagaram pelos pecadores. Ou pelos pecados do seu líder direto. Infelizmente.

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