Cleiton nega 24 horas depois, via Sisepe, veracidade de áudios mas e a estratégia?

Pinheiro se defende após ter áudios sugerindo estratégia à Carlesse vazados
Descrição: Pinheiro se defende após ter áudios sugerindo estratégia à Carlesse vazados Crédito: Divulgação

Algumas verdades costumam ficar turvas, embaçadas, diante de um processo eleitoral.

 

É o que acontece agora no Tocantins, sem nenhum medo de exagerar.

 

Sim, estamos em plena reta final de uma Eleição Suplementar que o cidadão tocantinense não escolheu. O que talvez justifique parte do seu desinteresse na votação.

 

Votam os que ainda estão motivados a tanto. Seja por interesses pessoais, classistas. Seja pelo interesse público de escolher quem vai nos governar, para tentar impedir que um estado tão desgovernado nos afete na falta de segurança, na precariedade da Saúde, ou na economia ainda tão dependente.

 

Desde ontem o T1 Notícias é alvo de críticas nas redes sociais, partindo de internautas, uns envolvidos na campanha do candidato Mauro Carlesse, outros ligados ao Sisepe. O motivo: a publicação de áudios em que o presidente licenciado fala abertamente sobre a campanha de Carlesse, que apoia, e a estratégia que sugeriu para que o interino ganhe a eleição.

 

Parênteses: o Sisepe não foi atacado, combatido, nem desqualificado pelo T1 Notícias em nenhum momento. Mas estranhamente, é o Sisepe quem fala, como ornitorrinco na nota-defesa de Pinheiro.

 

O que é estranho revela os métodos, já que na nota Cleiton Pinheiro - presidente licenciado - se confunde com o próprio Sindicato, do qual afirma não estar à frente neste momento.

 

Tanto está que “não larga o osso”, no jargão popular. Ao invés de assinar nota própria, usa o Sindicato.

 

Com 24 horas de atraso, Pinheiro usa da nota terceirizada para dizer que os áudios “a ele atribuídos”, são falsos. Ou são montagens. Uma mistura das duas coisas, na falta de optar por uma linha de defesa só.

 

Quem conhece Cleiton e reconhece sua voz, sabe bem que a voz é dele. Quem escuta a conversa nota que há momentos em que soa embargada, uma língua enrolada. Conversa de bar? Não sei. Mas dá o que pensar.

 

Um ambiente em que se bebe e se conta vantagem, é o lugar propício para falar demais. 

 

Foi o que aconteceu com Cleiton, desavisadamente. Falou demais. Foi gravado. E o áudio chegou ao conhecimento de pouco mais de 14 mil pessoas até agora.

 

O T1 é criticado por que fez jornalismo. Senão vejamos.

 

Quando recebemos os áudios a PRIMEIRA providência foi entrar em contato com o sindicalista, que tem larga folha de serviços prestados ao servido público estadual. Dono de uma trajetória centralizadora que lhe rende a admiração de uns, e a ferrenha oposição de outros dentro do próprio Sisepe. Basta rememorar a última eleição e seu resultado. Divididos, os candidatos de oposição perderam. Somados, seus votos mostram que a maioria não votou em Pinheiro.

 

Sem purismo, Cleiton Pinheiro não pode acusar o golpe de virar notícia num processo eleitoral em que assumiu um lado, e uma articulação que confessa nos áudios, disponíveis para qualquer exame.

 

Que o presidente licenciado do Sisepe defenda a valorização do servidor do quadro permanente, é legítimo. Que faça isso sugerindo estratégia que propõe descartar os servidores temporários depois das eleições é vergonhoso.

 

O que Cleiton admite no áudio ser uma defesa sua, que se não for acatada no pós eleições pelo governador interino caso se eleja, ensejará sua atuação na oposição ao governo.

 

O que o presidente licenciado fez foi confessar uma estratégia que beira ao estelionato eleitoral. 

 

Como é que isso funciona? O governo, via dirigentes de secretarias e autarquias, pressiona comissionados e contratados a plotarem carros, a marcar presença em reuniões. Com a espada pesando sobre eles de que “quem não está dentro, está fora”, afinal os cargos são “de confiança”.

 

E o que se pretende? Simples: depois que cair o impedimento da ordem judicial que veda que o governo exonere e nomeie, essa turma simplesmente será descartada. Vai pra rua? “É muita sacanagem”… afirma o interlocutor a Cleiton no áudio.

 

É muita maldade. Muita crueldade. E nem o mais tapado servidor instável - aquele que não consegue pensar o Tocantins além do ganha pão imediato -  merece tal punição.

 

A verdade que não pode ficar turva é que todos somos agentes nesse processo político. Ao eleitor cabe fazer sua escolha partidária. Se for capaz.

 

À imprensa cabe selecionar o que publica ou não numa reta final de campanha. 

 

Na condição de diretora do T1 Notícias, veículo sério, que conquistou a duras penas sua credibilidade no mercado e a liderança de audiência que sustentamos no nono ano em que estamos no ar, optei por publicar.

 

Simples e puramente por que é uma notícia importante. De relevância pública.

 

É importante que o eleitor saiba as estratagemas que envolvem cada candidatura.

 

Falei com um alto interlocutor do governador interino semana passada, o que repito aqui: a continuar desse jeito, vão quebrar o Estado.

 

Não existe Estado em que prevaleçam apenas direitos. Inclusive direitos de categorias.

 

Existe um Tocantins que vai além dos 35 mil servidores estáveis e dos 21 mil contratos. Este Tocantins carrega o outro, pagando impostos, sustentando-o através de um empreedendorismo do qual o T1 Notícias faz parte na condição de pequena empresa.

 

Cleiton Pinheiro recebeu os áudios no seu email, pessoalmente falei com ele duas vezes no WhatsApp, esperei e insisti em que se explicasse. Até por que a explicação, no seu caso, era fácil de dar.

 

Não cola, vir a público 24 horas depois desqualificar o material que foi ao ar, com essa balela de que respeita a Constituição e liberdade de imprensa, mas…..

 

Tem sempre um mas na boca de quem não assume o que diz e não se explica. Desde que não fira seus interesses, toda liberdade é respeitada.

 

O Tocantins pagará o preço da sua escolha no próximo domingo dia 24.

 

Não posso concordar com o que assisto. A quantidade de improbidades e irregularidades já cometidas - inclusive com 197 contratações ilegais, desafiando ordem judicial - já comprometem sobremaneira o governo que segue em curso.

 

Não se trata de antipatia pessoal. Não se trata vender linha editorial, como os que assim procedem nas suas vidas diárias não tem pejo de sugerir.

 

Trata-se de responsabilidade.

 

A história nos julgará senhoras e senhores.

 

E o futuro que espera o Estado, neste quadro, é sombrio.

 

Nós não nos omitimos. Em que pesem retaliações comerciais lá na frente, a uma linha editorial assumida aqui, e agora.

 

É temerária a gestão feita em cima de promessas que sacrificarão a grande maioria do povo tocantinense para que sequer se tente cumpri-las.

 

Em tempo: nos bastidores, a alta cúpula do governo não nega: dos 21 mil que serão exonerados logo que a agenda eleitoral permita, 8 mil serão recontratados.

 

Me perguntem com qual régua se darão estas recontratações? A da competência, a do QI, a do quem indica?

 

Deixo ao leitor a resposta.

 

O tempo dirá a quem assiste a razão.

 

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