Com apoio de Carlesse, Toinho é quase presidente: mas MDB não quer Cayres na vice

Deputado Toinho Andrade tem maioria de deputados apoiando seu nome e chapa toda definida, mas vice de Cayres é questionada nos bastidores pelo MDB...

Governador Mauro Carlesse e o deputado estadual Toinho Andrade
Descrição: Governador Mauro Carlesse e o deputado estadual Toinho Andrade Crédito: Da Web

Nem tudo está pacificado na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa na eleição que acontece no próximo dia 1º de fevereiro, mas se havia dúvidas do interesse do governador – ou compromisso – com a eleição do deputado Toinho Andrade, não existem mais.

 

Pelo menos duas fontes diferentes confirmaram ao T1 Notícias que Mauro Carlesse deixou claro, com o pedido de voto e apoio, que Toinho teria sua preferência por ter “articulado melhor” sua eleição. 

 

O resultado é que, com o movimento do governo, materializado pela condução da conversa em nome de Toinho, pelo vice-governador e ex-deputado Wanderlei Barbosa, a chapa que disputará a Mesa Diretora está formada e acordos já foram feitos em torno da distribuição de comissões importantes.

 

No final da semana passada apenas três deputados não haviam sido procurados para esta conversa: Luana Ribeiro, Júnior Geo e um terceiro.

 

Alguns, como a deputada eleita Cláudia Lelis, foram procurados pessoalmente por Toinho e Wanderlei.

 

Outros, como o deputado Nilton Franco, ouviram o pedido de voto do próprio governador.

 

O apoio do SD, que tinha em Vilmar do Detran um pré-candidato, terminou de ser selado após uma conversa do próprio governador com o senador eleito Eduardo Gomes.

 

E a consequência é Amélio Cayres na indicação da vice, assumida pelo próprio na semana passada, em entrevista ao T1 Notícias. Pertencendo a outro grupo, é de Ricardo Ayres a vaga de primeiro secretário. Todas as outras já estariam definidas, conforme um dos eleitos ouvido pelo T1.

 

A novidade nos últimos dias é que alguns deputados do MDB começaram a se insurgir com a vice de Cayres. O ruído permitiu que a deputada Luana Ribeiro, candidatíssima, voltasse a articular esse grupo em apoio ao seu nome.

 

Com a tendência a fechar um “acordão” em torno de uma chapa só, para que ninguém fique de fora das composições de cargos e espaços, os deputados ainda não estão 100% acomodados. E é isso que permite dizer hoje que, embora seja o favorito, Toinho ainda não tem a certeza da presidência. 

 

A cisão do grupo dos dez

 

O governo agiu rápido em torno de Toinho logo após a reunião do grupo dos dez na casa de Cláudia Lelis. Excluído da reunião, o inicialmente contra a chapa governista, Eduardo Siqueira, fez movimento reverso. 

 

Dos deputados do MDB, dois abriram primeiro de uma coalisão em torno de uma chapa mais “independente”: Elenil da Penha e Jorge Frederico.

 

Jair Farias, do Bico, foi o próximo do partido a fechar apoio a Toinho. 

 

Rapidamente o grupo se desfez. Hoje restam sustentando candidatura, ou pelo menos falando nisso, os deputados Eduardo do Dertins e a própria presidente, Luana Ribeiro.

 

Um dos problemas que ainda causa ruído é uma insatisfação grande na base governista com as exonerações.

 

O governo já liberou, entre as recontratações, pedidos dos deputados, mas poucos perto do que havia. 

 

A ordem agora é manter pelo menos 50%, dos 15.700 exonerados, fora da máquina pública.

 

Nada que não tenha sido antecipado pelo portal ainda na campanha eleitoral: não é possível manter a folha nos patamares em que se encontram.

 

Perspectiva de poder alimenta força do governo

 

As dúvidas em torno da governabilidade de Mauro Carlesse também vão minguando.

 

Muita gente tem questionado sobre o pedido de cassação do governador e do vice. Mesmo com o pedido do Ministério Público Eleitoral em torno das exonerações que foram feitas no começo do ano, é algo improvável que o governador seja cassado por exercer o dever de governar, fazendo o ajuste de contas.

 

Se cometeu “estelionato eleitoral” ao contratar sabendo que seria preciso exonerar, como acusa seu adversário Carlos Amastha, são outros quinhentos. Quem votou na esperança de permanecer sabia que o risco era grande, afinal, informação sobre as contas e limitações da máquina do Estado não faltaram. 

 

O que existe hoje, como em todo começo de governo, é uma expectativa de poder de quatro anos. Isso dá ao governo todas as condições de negociar com aliados e chefe de poderes as medidas que precisará tomar. Não será fácil, mas o período que vem pela frente é de medidas necessárias.

 

Uma coisa já se percebe: Carlesse não tem medo de decidir e arcar com os ônus e bônus dessa decisão.

 

Como no caso da Assembleia. Lá só cabe um reparo: a decisão em torno de Toinho deveria ter sido conversada com toda a bancada. Nos bastidores, no entanto, rola uma afirmação: o governo tem medo de Luana Ribeiro e suas reações. 

 

Do jeito que foi construída, a campanha de Toinho aleijou companheiros importantes e pode deixar sequelas. Estes terão duas opções: engolir ou reagir e não aceitar. Ou ainda: engolir agora e devolver depois.

 

Se fosse hoje, a maioria dos deputados é unânime em afirmar que o presidente seria Toinho.

 

Como ainda faltam mais de 15 dias para o veredicto final das urnas na Casa, não dá para prever que tudo transcorra em brancas e pacíficas nuvens.

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