Concurso da PM e liberação do Azuis: governo acerta duas num dia

Governo assume o ônus de cancelar o concurso da PM, por quebra de segurança, que comprometeu a igualdade de condições aos participantes. Fim do embargo no Azuis também foi medida acertada...

A semana começou com duas quentes e uma fervendo para o governo Mauro Carlesse. 

 

Anúncio de greve na Adapec, embargo do Rio Azuis para acesso aos turistas pela Naturatins em plena Semana Santa, e a expectativa de milhares de concurseiros em torno do malfadado Concurso da PM.

 

Esse último tema, era o mais difícil, fosse pelo universo de pessoas que envolve, ou pelo tempo em que o assunto vinha se arrastando sem solução, num momento em que há milhares de desempregados pelas ruas, lotando filas em busca de vagas na iniciativa privada.

 

Começando pelo fim, o anúncio do cancelamento do Concurso Público da Polícia Militar é a decisão mais acertada que o governo Mauro Carlesse anuncia para um tema polêmico, nos últimos meses.

 

Não havia a menor segurança jurídica para prosseguir com ele, por melhor que fossem as boas intenções.

 

O que impressiona, são os detalhes das tentativas de fraude levadas adiante por gente que estava ali tentando uma vaga para ser....polícia.

 

Deus nos livre deste tipo de policiais: os que queriam iniciar uma carreira pública com fraude.

 

Celulares dentro do ambiente de provas, vazamento de gabaritos. Algo tão escandaloso que dá o que pensar não ter sido anulado antes o concurso, com tantos elementos que garantiriam a quem não passou, o sucesso nos tribunais ao questionar um possível resultado. Fosse qual fosse.

 

Pano rápido.

 

Meu telefone tocou as 22h20 do sábado. Sem condições para atender, fui checar as mensagens para ouvir um depoimento preocupado de um dos comerciantes mais dedicados lá das bandas do Sudeste, radicado em Aurora, empreendedor do ramo de restaurante e pousada no Azuis.

 

Me contava ele do embargo feito pelo Naturatins no lugar. Embargo e notificação não só aos empreendimentos comerciais, como aos moradores da Associação do Azuis.

 

Acompanho o drama daquelas pessoas para sobreviver fazendo trade turístico, há muito tempo. O maior anseio deles é uma torre de celular, já que não tem sinal no Azuis, destino entre os mais procurados do Tocantins. Aliás, um problema para a lista de metas do governador.

 

No domingo pela manhã fui atrás da história. Osmane da Silva, Chef conhecido, que deixou o Castros Hotel em Goiânia para vir cozinhar na beira do Azuis há mais de dez anos, relatava o drama dos moradores e comerciantes, sem fantasiar. Sabe que há muitos “passivos” ambientais. Mas a disputa que alimenta denúncias no Azuis é uma disputa de terras, de herdeiros, e que não pode contaminar a atuação da Naturatins.

 

No corre-corre que fizeram, recorreram ao vice-governador, encontraram uma porta aberta e foram se ajustar num Termo de Conduta assinado no final da tarde para que o Azuis seja liberado aos turistas, assim como os bares e restaurantes. Entre os compromissos, colocar banheiro químico, remover rampas e calçadas, desobstruir o rio onde estiver represado.

 

Alguns apontamentos são graves, como a criação de porcos próximo às margens do Azuis. Prática antiga de moradores ribeirinhos, que usam os animais para subsistência. Outras são sem sentido. Como uma barreira de pedra de rio, que criança faz e desfaz, brincando para que as águas alcancem mais que 30 cm – a altura de uma canela – e permitam que os menores mergulhem.

 

A suspensão do embargo demonstra boa vontade. Afinal, como bem disse o governador Mauro Carlesse no Araguaia esta semana mesmo, ao discursar durante a assinatura do TARE com a Azul, “quem tem que dar emprego é empresário”. E emendou: “governo tem que dar é edudação, saúde, segurança”. Certinho.

 

Podem ser poucos, mas os empregos que o incipiente Trade Turístico do Azuis gera, fazem uma senhora diferença em Aurora. Deixar esse povo simples, sem sua fonte de renda, não seria o caminho natural. Ajudá-los, orientar, apoiar e cobrar. Esse sim, é o caminho. E o governo o encontrou. Pelo menos a primeira etapa.

 

Fecha parêntese.

 

A outra quente da semana, a greve na Adapec, acabou tornando-se um problema menor, uma vez que os funcionários do órgão se dividiram. Boa parte não aderiu ao movimento grevista para ficar alerta na prevenção contra a peste suína, que está preocupando o governo do Piauí.

 

Por outro lado, as reivindicações feitas pela categoria começaram a ser atendidas. Aquisição de mobiliário, melhoria nas condições de trabalho, são algumas delas. Falta o pagamento do Redad, motivo da insatisfação do sindicato. Mas são itens para a listinha de pendências que o governador tem para resolver.

 

Brincando sobre a confusão que faz com as nominatas, esta semana no evento com a Azul, Carlesse resumiu: “vocês pensam que é fácil ser governador? Não é não. É lapada todo dia”, disse, provocando o riso geral na sala de reuniões.

 

Por hoje, o governo se saiu bem de duas. Uma vantagem o governador já demonstra ter: é executivo. Aprende fácil o que não sabe, delega e cobra as providências para o que quer ver resolvido.

 

Já é vantagem.

 

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