Duas palavras sobre Taquaruçu e a violência dos assaltos nas quadras em Palmas

A violência, os pequenos furtos, e ultimamente os roubos à mão armada, tomaram conta do que era o dia a dia pacífico do que poderia ser uma pequena cidade, caminhando com suas próprias pernas

Moradores de Taquaruçu enfrentam onda de violência
Descrição: Moradores de Taquaruçu enfrentam onda de violência Crédito: Foto: Divulgação

Semana passada Taquaruçu foi palco das comemorações de mais uma edição de solenidades alusivas ao 1º de junho, Dia da Capital por Um Dia. Esta é a data escolhida para fazer lembrar aos palmenses que Palmas só existe por que um dia, o pequeno município de Taquaruçu, antes Taquaruçu do Porto, cedeu sua sede administrativa para a criação da capital, numa das manobras mais inteligentes e criativas do então governador Siqueira Campos, no intuito de criar uma capital no meio do cerrado.

 

O fato é que esta data tornou-se apenas mais um adereço no calendário político. Taquaruçu segue empobrecida pela falta de opções de trabalho para seus filhos na própria comunidade. Os moradores, em sua maioria, precisam atravessar entre 30 e 40 km diários para trabalhar. Os que tem mais sorte, conseguem colocação no comércio de Taquaralto, e ficam a apenas 15 km de Palmas.

 

Quem insiste - como já fiz por vários anos - em morar lá e trabalhar aqui, enfrenta uma estrada nem sempre em boas condições, e a correria diária de levantar cedo e passar o dia fora de casa. É uma hipocrisia dizer que Palmas reconhece Taquaruçu com a importância que lhe é devida.

 

Lá, a juventude está cada vez mais a mercê da falta de ocupação, e de tudo que ela acarreta. Quanto mais pobre, menos opções de ter um futuro diferente. A violência, os pequenos furtos, e ultimamente os roubos à mão armada, tomaram conta do que era o dia a dia pacífico do que poderia ser uma pequena cidade, caminhando com suas próprias pernas. O uso de crack tem se tornado uma tragédia não só para famílias pobres no distrito.

 

E aí ouvimos belos discursos sobre como se pode aproximar Palmas de Taquaruçu, mudando leis. E aí, os mortos do distrito - que só podiam ser enterrados se a família comprovasse residência e pobreza - agora poderão ser enterrados desde que possa ser comprovado que moravam há mais de 10 anos no distrito, e mediante o pagamento de uma taxa. Não dá para concordar. Continuam absurdas as imposições da prefeitura de Palmas para dar enterro digno a quem vive naquele lugar sua vida rica em qualidade. A do ar, a das águas de córregos e cachoeiras, a do estilo mais ameno de se viver fora da correria de grandes e médias cidades. Uma vida menos cansativa que a de quem mora em Palmas. E menos calorenta…

 

Muita coisa precisa mudar para que Taquaruçu seja resgatada como berço de Palmas.

 

Na véspera do tal dia das solenidades, um grupo de moradores se reuniu na praça para planejar o movimento de chamar a atenção das autoridades para a violência no distrito. Os roubos precisam ser registrados em Taquaralto por que a delegacia de Taquaruçu funciona precariamente. E aí vem o problema: o 5º DP não pode investigar os crimes do 6º DP.

 

Mas assaltos e violência, drogas e tudo mais, que compõe esse mix, não é problema apenas em Taquaruçu.

 

O vídeo que viralizou nas redes mostrando o assalto de dois homens numa moto a uma mulher num ponto de ônibus, provocou reação imediata da PM na caça aos assaltantes. E o que se descobre agora? Que estavam envolvidos em outro assalto e estupro. Objetos roubados da vítima estuprada foram encontrados em posse dos dois.

 

Essa sensação de impunidade é que precisa acabar. Como? É um desafio para autoridades encarregadas de garantir a segurança.

 

Parêntese. Excessos foram cometidos contra cidadãos que nada devem à justiça, na busca pelos assaltantes que abordaram a moça. Pessoalmente ouvi o relato de uma mãe inconformada por que seu filho foi abordado no Água Fria e espancado como se fosse bandido, na frente do filho dele, de cinco anos, para dar informações que não tinha. “A gente é desassistido. Nem sei o que é pior, se é ficar calado, ou denunciar”, me disse a mãe, indecisa entre fazer uma matéria, ir ao Ministério Público ou ficar calada.

 

A roda viva da violência segue. Contra muita coisa, nada podemos fazer. Mas há muito que pode ser feito. Investimento em segurança. Punição dos excessos. Agilidade do Judiciário. Sigo batendo nessa tecla por que ninguém suporta mais o ponto onde chegamos.

 

É preciso agir enquanto há tempo.

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