Governador apela ao bom senso e contrata mais leitos, mas está na hora de fechar!

TO chega a beira do colapso no sistema de Saúde com a Covid, e governo anuncia contratação de mais 80 leitos. O fato é que com o comércio aberto, festas, acampamentos e aglomerações não vai adiantar

Crédito: Divulgação

Assisti ontem ao final do dia o vídeo mensagem do governador Mauro Carlesse sobre a aproximação de um estado caótico na saúde pública do Tocantins, com relação a taxa de ocupação de leitos clínicos e UTIs para tratar a pandemia.

 

A verdade é que na rede pública estamos vivendo um drama com a contaminação de médicos, enfermeiros e técnicos que estão na linha de frente da recepção, testagem e tratamento de doentes.

 

O famoso pico chegou, depois de semanas de comércio aberto, praias lotadas pelos rios Tocantins e Araguaia, acampamentos e festas, aglomerações nas orlas do Bico do Papagaio, e toda sorte de ações insensatas por parte da população.

 

Mas a verdade também é que o governo não esperava esta aceleração, talvez os cálculos da pasta da saúde não tenham sido tão precisos assim, porque recursos não têm faltado. O Governo Federal, provocado pela bancada em Brasília, tem liberado o dinheiro necessário para o Estado. Talvez tenha falado correr mais rápido com a contratação de leitos e profissionais na área privada, já que a oferta de leitos na rede pública pouco aumentou e o governo optou desde o começo em não montar hospitais de campanha.

 

Um refresco deve chegar na próxima semana com a oferta de mais 70 leitos, conforme anunciado também ontem, quarta-feira, 29, pelo governador. A informação é que teremos 60 leitos clínicos e mais 10 de UTI funcionando no Hospital Oncológico. Com o avanço desmedido da doença, não sabemos por quanto tempo vai segurar a situação, por um simples motivo: tudo continua funcionando. Poucos foram os municípios que mantiveram restrições de circulação.

 

Evitar o contágio, circulando pouco ou nada parece ser a única alternativa que nos resta.

 

O adoecimento dos profissionais de saúde tem transformado a linha de frente do combate ao Coronavírus no maior hospital do Estado num pesadelo sem fim. É o que relatam profissionais que lá trabalham no dia a dia. Pior: os que conviveram com os testados positivos não são afastados para quarentena, pois não há quem substitua.

 

Na rede pública municipal a afirmação é de que não faltam testes, mas pessoas sintomáticas e parentes de sintomáticos têm sido agendados para testar 10, 12 dias depois. Um absurdo completo. A celeridade em testar evita que o vírus se espalhe, pois a pessoa é imediatamente colocada em isolamento. Se é que realmente ficam, pois não há fiscalização. Só ficam os conscientes.

 

A situação caótica que teme o governador já é uma realidade. Trata-se de uma mensagem subliminar, antecedendo quem sabe medidas mais duras. Caso não cheguem viveremos um agosto trágico no Tocantins.

 

O apelo para o bom senso das pessoas caminha para se tornar inócuo, pois até aqui, nem os locais onde existem restrições, como é o caso de Palmas, com fiscalização nas ruas, tem obtido êxito em fazer com que as pessoas cumpram as normas sanitárias.

 

Se nós fôssemos uma sociedade melhor, mais solidária, justa, generosa e menos egoísta, já estaríamos saindo desta.

 

Infelizmente, vai ser preciso arrochar mais nas medidas e na fiscalização.

 

Palmas precisa fechar, Paraíso, a exemplo de Gurupi, também precisa fechar. Se as cidades onde os casos avançam e a sub-notificação continua (numa política negacionista de prefeitos) permanecerem como estão, vamos começar a contar corpos saindo de suas casas, pois não haverá mesmo hospital para todos.

 

Está na hora de fechar.

 

 

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