Kátia chama responsabilidade para si, admite defeitos e assume disputa ao governo

De concreto, no discurso declarado e nas entrelinhas, faltando pouco mais de um ano para as eleições, fica claro que o governo tem uma adversária de peso para 2018

Senadora inaugurou ontem novo gabinete em Palmas
Descrição: Senadora inaugurou ontem novo gabinete em Palmas Crédito: Divulgação

A inauguração do novo gabinete da senadora Kátia Abreu na noite de ontem, segunda-feira, 3 de julho, num amplo prédio de esquina na Avenida JK, em Palmas, é daqueles fatos que marcam o calendário político e começam a escrever a história de uma eleição.

 

“O Tocantins precisa de mim. O Tocantins está precisando de nós”, vaticinou uma Kátia Abreu que entrou rompida com Marcelo Miranda, os primeiros dias do governo que ajudou a eleger. Num discurso crítico, que traçou um cenário de terra arrasada para o Estado que já tem seus 29 anos de emancipação, a senadora chegou a dizer que “estamos abandonados como no tempo do Nortão de Goiás”.

 

Sem poupar críticas à Saúde, à Segurança Pública, à falta de perspectiva para a juventude, Kátia Abreu bateu no governo do presidente Temer, seu companheiro de PMDB, e no de Marcelo Miranda. “Nosso povo tem aguentado muito. Vivemos uma crise institucional em Brasília e outra no Tocantins. O grupo que ocupa o governo em Brasília não governa mais, só se defende”, argumentou.

 

Sobre o Tocantins, a senadora usou o mote de que  “o Tocantins tem jeito”. Listando tudo que está fora do lugar, na sua visão, a senadora elencou: “o desemprego tem jeito, a segurança pública tem jeito, a saúde tem jeito, as drogas também tem jeito”, disse ela, numa referência “às famílias que estão se desintegrando refém de traficantes e de marginais”.

 

Assumindo os defeitos

Na mesma linha do filho Irajá Abreu, que a precedeu - lembrando que “como seres humanos todos temos defeitos” - Kátia usou parte do seu discurso para admitir suas falhas. Muitas lideranças são unânimes em falar que a maior  dificuldade a ser vencida numa campanha é a de relacionamento com a senadora, de temperamento reconhecidamente difícil.

 

“Vocês me conhecem muito bem. Tenho muitos defeitos e até defeitos graves. Mas não tenho o defeito da preguiça (…) e tenho dedicação”, pontuou.

 

Ao falar do projeto que a move, de recuperar o crescimento do Estado e dar resposta às demandas sociais, Kátia Abreu acenou com a bandeira branca para buscar todas as alianças possíveis com as pessoas que tiverem algo a somar dentro do que acredita ser este caminho. “Não vamos desistir de ninguém. Vamos firmar o maior grupo de gente do bem, gente comprometida em corrigir a falta de rumo em que o Tocantins se encontra. Juntos vamos dar um jeito nisso”, finalizou.

 

Com o gabinete lotado, todas as imediações tomadas por carros estacionados, a abertura do escritório político, com ares de comitê de pré-campanha, reuniu lideranças políticas, prefeitos e ex-prefeitos, vereadores. Gente como Toinho Andrade, deputado estadual dos mais leais na trajetória política da senadora, o ex-governador Raimundo Boi e Warner Pires, vereadores de Palmas e lideranças sindicais, como Cleiton Pinheiro, presidente do Sisepe e Jorge Couto, representante dos Auditores Fiscais (Sindare).

 

A noite terminou com abraços e muitas fotos, um coquetel servido na calçada, e muitas alianças.

 

De concreto, no discurso declarado e nas entrelinhas, faltando pouco mais de um ano para as eleições, fica claro que o governo tem uma adversária de peso para 2018. Outros podem vir, mas Kátia Abreu sai na frente  ao se posicionar claramente e sai aglutinando ao seu redor os que não querem a permanência dos Miranda no Araguaia depois de 2018.

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