Kátia e Amastha, Amastha e Kátia: a dupla do barulho já polariza no pós convenção

Pós convenção projeta nas redes e nos trends do Twitter do TO, a disputa de Amastha e Kátia pelo apoio do PT. Amastha levou a melhor ontem, mas enfrentou o furor dos seus apoiadores de centro direita

Amastha com a senadora Kátia Abreu
Descrição: Amastha com a senadora Kátia Abreu Crédito: Divulgação

O maior palanque é o do governador interino Mauro Carlesse. A maior festa popular, foi do ex-prefeito Carlos Amastha. Liderando as duas máquinas -  estadual um, municipal o outro, que deixou o comando na mão da vice poderosa Cinthia Ribeiro - os dois poderiam iniciar a disputa se confrontando. Mas a história não começou bem assim.

 

Como naqueles duelos antigos que misturam amor e ódio entre famílias medievais, Amastha e Kátia se aproximaram nos últimos dias em conversas de bastidores, se distanciaram para cada qual seguir seu rumo e polarizam, desde ontem a discussão sobre a eleição suplementar.

 

A convenção da senadora foi das mais discretas. Ela começou o dia atendendo ligação do deputado Paulo Mourão, que desistiu da candidatura. Se insistisse correria o risco de enfrentar uma carta de desagravo da senadora Gleisi Hoffman, em apoio a senadora Kátia Abreu.

 

Kátia pagou caro junto às suas bases, o apoio inconteste à Dilma, durante o impeachment. Levou junto o voto do filho, deputado federal e presidente do PSD, Irajá Abreu  (“lá em casa não tem esse negócio de um ficar de um lado e outro de outro”, costuma dizer a amigos) e ontem sentiu o gosto amargo da ingratidão. O PT Tocantins, com suas alas e suas brigas intermináveis, optou por apoiar Carlos Amastha no fim da tarde, indicando o advogado Célio Moura como seu vice.

 

Célio Moura subiu e começou a descida.

 

Com lágrimas nos olhos, desceu o Padre Gleibson, prefeito de Dianópolis. Amastha roxo, até ontem. Veio com 50 pessoas num ônibus. Desceu em Porto Nacional e foi recompor o coração. Decepcionado como disse a amigos.

 

Parênteses.

 

Antes do palanque ser montado, ele havia enviado para o ex-prefeito, umas mensagens pedindo que o PC do B não compusesse a vice. Tinha dificuldades devido ao programa do partido, que por questões de fé, afirma discordar. 

 

Amastha tinha dito a ele o nome do vice escolhido. E silenciou sobre a possibilidade de coligar com o PT.

 

Fecha parênteses.

 

Ao descer, impactado com a surpresa, disse numa roda: “só eu sei o que sofri com o PT em Dianópolis, agora o meu governador vai com eles de vice? Mil vezes o PC do B".

 

Agora tudo pode mudar. Ou não.

 

Isso por que a senadora Gleisi Hoffman, ao receber o recurso do suplente de senador Donizeti Nogueira, sacou uma resolução antiga do partido que determina que decisões sobre eleições estaduais devem ser discutidas com a Nacional. Paulo Mourão, José Roberto e Célio  Moura, obviamente, não buscaram esse aval. Depois da derrocada da candidatura de Paulo, correram por fora para entre conversas com Amastha e Andrino durante o dia todo, selar o compromisso.

 

Só os mais próximos sabiam.

 

José Geraldo, por exemplo, subiu no palanque como vice. Feliz. Sorridente. Cumprimentando a todos. Desceu arrasado. Não foi avisado.

 

O reflexo da escolha pelo PT na vice caiu como uma bomba no Facebook do candidato do PSB. Esmagadora maioria de eleitores de centro direita retirando apoio e declarando que não vota mais. De um analista do cenário ouvi a seguinte frase: eleitor do Amastha é de centro direita. Vota no

 

Bolsonaro. E se aliando à esquerda vai perder votos.

 

Ocorre que o PSB já está aliado com a esquerda e com ela tem feito um grande trabalho. Vide as pastas da Saúde, com Nésio Fernandes e da Educação com Professor Danilo Melo. O PC do B já chegou a ter cinco pastas na gestão Amastha, sinal dos bons quadros técnicos que tem.

 

A intervenção do PT Nacional no Tocantins tem o objetivo claro de dar resposta ao gesto de Kátia Abreu no apoio ao partido e à Dilma quando tantos aliados se furtaram. O efeito disso na campanha de Carlos Amastha vai depender dele.

 

Se tiver coragem de abraçar o PT para o bem e para o mal, para o ônus e para o bônus eleitoral terá que ir à Justiça contra a resolução e firmar posição.

 

Se recuar e substituir o vice, vai fortalecer o discurso da direita que diz que ele perdeu o argumento de combate à corrupção quando abraça a bandeira “Lula Livre”.

 

Um sinal: a postagem do Facebook com a imagem de Célio Moura e mais de 500 comentários negativos foi excluída. 

 

Mas uma coisa é certa: esta eleição suplementar não tem muro. Cada um vai ter que se mostrar com o que acredita para trazer o eleitorado que lhe pertence.

 

No primeiro dia pós convenções, o assunto é Kátia e Amastha, Amastha e Kátia.

 

Os outros e o que disseram, o que fizeram, como se articularam, fica para amanhã ou depois, quando a poeira da explosão baixar.

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