Marcelo candidato com Siqueira?… É o TO de volta ao começo 20 anos depois

Eduardo Siqueira já demostrava aproximação de Miranda
Descrição: Eduardo Siqueira já demostrava aproximação de Miranda Crédito: (Reprodução) Pedro Monteiro/ Orla Notícias

“70 com 70 são 140…. Siqueira Campos eles não aguenta/ 70 com 70 são 140, Siqueira Campos eles não aguentaaa…”

 

Eram os idos de 1998, no Bico do Papagaio. Praça lotada em Araguatins. No palanque, um Siqueira Campos aos 70 anos. Dançava ao som da sanfona e do jingle que abre essa análise.

 

Vigoroso ainda nas ideias e na energia física era Siqueira, em campanha para o governo, de uma União do Tocantins ainda viva, pujante. Quem quisesse que aderisse, ou o grupo mais forte do Estado passaria por cima.

 

A cena me volta à mente um dia depois do anúncio da possibilidade de retorno ao mesmo palanque, de Marcelo Miranda ao lado de Siqueira Campos. O primeiro, candidato à reeleição, candidatura que só seria anunciada em abril, foi precipitada pelos apelos dos companheiros, numa jogada que tem por objetivo - ao que parece - unificar num mesmo palanque dois grupos que a princípio, poderiam marchar separados, caso Ronaldo Dimas, prefeito de Araguaína, confirme seu nome à disputa pelo governo do Estado.

 

Explico. Nos bastidores, companheiros de Dimas querem que ele renuncie ao cargo de prefeito de Araguaína antes do prazo estipulado por lei. A atitude, o colocaria num papel de protagonista num processo em que ainda restam dúvidas sobre algumas pré-candidaturas colocadas.

 

Dimas vai bem nas pesquisas internas. Seu perfil de gestor se aproxima do perfil de Carlos Amastha. Com a diferença que Dimas é político assumido. Amastha, mesmo com cinco anos de mandato de prefeito da capital, nega o rótulo em busca de se apresentar ainda como novo. Se não para Palmas, que o reelegeu, mas para o Tocantins, que de fato, elegeu apenas três governadores ao longo de sua história: Siqueira, Avelino e Marcelo. Carlos Gaguim, mandato tampão, por via indireta, não logrou êxito em reeleição. Sandoval Cardoso, que sucedeu Siqueira no malabarismo que sacrificou João Oliveira primeiro, para a renúncia do titular do governo depois, também não alcançou a vitória.

 

E o que faria Marcelo, que fez ruir a União do Tocantins com seu rompimento em 2004, unir-se a Siqueira (de quem se desligou acusando o autoritarismo do antigo aliado, como motivos para iniciar uma nova história política no Estado), voltar ao convívio politicamente, daquele cujos métodos execrou?

 

Carlos Amastha.

 

Este, que desponta nas consultas também como favorito com um discurso de renovar o quadro político do Estado.

 

A possibilidade de convergência dos dois governantes que por mais tempo comandaram o Estado, numa chapa só, acende uma luz amarela imediatamente para quem faz análise do cenário político do Estado.

 

Os passos da reaproximação na verdade já tem sido dado no comportamento político de Eduardo Siqueira Campos. Seja no apoiamento ao governo na Assembleia em momentos cruciais e pontuais. Seja naquela aparição pública em entrega de viaturas à polícia, em que havia destinado emendas.

 

Um chapão, com Marcelo, Siqueira, Eduardo no mesmo palanque remete a outro momento histórico. Aquele em Taquaralto. Ginásio Ayrton Senna, em 2002, quando Siqueira apresentava Miranda candidato ao governo para sucedê-lo. E já lançava Eduardo sucessor de Marcelo em seguida, os três no palanque lado a lado.

 

Nada disso deu certo, como o desenrolar da história mostrou.

 

Posso estar enganada, mas a seguir a carruagem conforme Derval de Paiva anunciou ontem no renascimento do velho MDB no Estado, não vai dar certo de novo.

 

Para arrematar o pensamento, nada melhor que olhar para a história de outro Marcelo. O Lélis. Este que tinha eleição considerada vencida para prefeito da capital. E foi derrotado pela grande convergência em torno de si, orquestrada por Eduardo, que comandou politicamente a campanha, arrastando PMDB para vice do PV. E deu no que deu.

 

Voltando ao começo… como estará Ronaldo Dimas, que pode efetivamente assumir a liderança dos partidos e políticos que procuram alternativa para construir um projeto de poder para o Estado, olhando para frente? Recua, diante do “truco”, gritado ontem? Contentar-se em emplacar o filho candidato a federal nesse chapão? Ou vai marchar com uma candidatura e deixar para pensar em convergência num eventual segundo turno?

 

De outro lado… e Kátia Abreu? que firma seu nome e percorre o Estado com a voracidade de quem tem um projeto e não abre mão desta vez, como fez em 2010, para dar passagem a Siqueira?

 

Estará o Tocantins fadado a viver de novo uma eleição polarizada, com Marcelo e Siqueira de um lado, Kátia e Amastha de outro?

 

São perguntas quentes para um janeiro que já antecipa o que deveria estar borbulhando só em abril.

 

De toda forma, de uma coisa não há o que duvidar. Miranda não tem outro caminho a não ser candidato a sua própria reeleição. Por vários motivos, que não é preciso elencar aqui.

 

Quem vai seguir na disputa com ele, veremos depois.

 

Por hora, a antecipação do anúncio força algumas decisões aos adversários.

 

Hoje, o protagonismo é do governador. Que já disse aqui e repito: não está morto. E acaba de provar.

 

Resta aguardar os outros protagonistas nessa disputa. Polícia federal. Ministério Público. O avanço de operações que fragilizaram e muito os principais personagens dessa disputa em 2017, podem ressurgir a qualquer momento.

 

E chega em julho vivo, só quem sobreviver a elas.

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