Na fotografia da campanha vai dando Vicentinho e Kátia, Kátia e Vicentinho

Num cenário com 7 candidaturas, vai dando, no sentimento das ruas, os dois nomes mais conhecidos do eleitor tocantinense: quem não aposta em Vicentinho e Kátia, arrisca Kátia e Vicentinho no 2º turno

Candidatos Vicentinho Alves e Kátia Abreu
Descrição: Candidatos Vicentinho Alves e Kátia Abreu Crédito: Divulgação

Eleição no Tocantins não é, definitivamente, assunto para amadores. Mesmo que seja uma eleição suplementar. Mesmo que a pessoa possa arriscar um voto, sem necessariamente ter a cobrança para si mesma, de estar do lado que vai ganhar. Uma eleição conceitual, para marcar posição, ainda é coisa difícil de se ver por aqui.

 

Num cenário com sete candidaturas postas, vai dando, no sentimento das ruas, os dois nomes mais conhecidos do eleitor tocantinense, seja nos maiores centros ou no interior: quem não aposta que vai dar Vicentinho e Kátia, arrisca dizer que vai dar Kátia e Vicentinho no segundo turno das suplementares.

 

Motivos:

 

Kátia Abreu (PDT) consolidou seu nicho do eleitorado. É apoiada pelos sindicatos rurais, por lideranças conhecidas, ex-prefeitos, ex-deputados, vereadores. Não tem deputado estadual  na sua campanha e não ostenta o maior número de prefeitos como seu, hoje, maior adversário, senador Vicente Alves (PR). Mas cristalizou seu nome num eleitorado que não abre mão dela. Investiu no mote da guerreira, mas o adjetivo que mais tem lhe cabido, e que mais é ouvido, é que ela é a candidata que melhor se preparou para governar o Tocantins. Conhece o Estado, conhece os problemas do Estado e demonstra coragem para enfrentar as dificuldades que precisam de mais gestão do que anseios de popularidade.

 

Encontra adversário a sua altura, no quesito gestão, no ex-prefeito Carlos Amastha (PSB). Ele, que já teve a eleição nas mãos há três meses e que foi prejudicado, por último, pela negativa do registro de sua candidatura no TRE, fato que tentará reverter no TSE semana que vem. Com todo golpe que isso significou nas andanças de Amastha - somado à fatalidade que foi perder o grande general de sua campanha, ex-deputado Júnior Coimbra, falecido em trágico acidente - o ex-prefeito renasce como um gato com sete vidas na reta final da eleição. E segura o terceiro lugar nas menções pelo Estado, pressionado por um crescimento compreensível do governador interino, Mauro Carlesse (PHS). 

 

Esse, com todas as vantagens que lhe confere estar de posse da caneta e do cargo, prometendo benesses e pressionando comissionados a plotarem carros e mostrar a cara em reuniões por aí, não alçou o voo que poderia.

 

Parênteses.

 

O advogado Leandro Manzano tenta ainda no TSE convencer aquela Corte, que é política, de permitir que Amastha dispute. O argumento é mais ou menos este: se dois senadores disputam com todas as suas estruturas políticas, partidárias e em plena posse dos seus gabinetes, se o governador interino disputa com a caneta na mão, por que motivos o candidato que se desincompatibilizou e deixou a prefeitura para concorrer, deve ficar impedido? É um argumento forte. Veremos se surtirá efeito.

 

Fecha parênteses.

 

Fora isso, tem a novela dos prefeitos, que causa espécie. “Vicentinho tá quase 100 prefeitos”, brinca seu coordenador de campanha. São 98, faltam 2 para 100, mas Padre Gleibson, defecção sentida por Amastha quando abraçou o PT, usa de sua influência no Sudeste e promete mais um apoio na reta final para o portuense “curraleiro”, que conseguiu captar de forma positiva o precioso do tocantinense em querer votar num “da terra”.

 

Bombardeado por suas posições pró-Temer, pelo apoio dos Miranda na reta final, Vicentinho marcha sem muitos abalos. Forte.

 

O que houve nos últimos 10 dias foi que a notícia do indeferimento abalou a campanha de Amastha nas bases e provocou uma fuga de votos que beneficiou, num primeiro momento, o ex-juiz Márlon Reis (Rede) e, em ato contínuo, o próprio Carlesse, que colocou a campanha na rua. A falta de um coordenador que tome decisões rápidas parece atrapalhar o governador/candidato.

 

Por outro lado, seu maior trunfo são os apoios de deputados estaduais. Estes não querem bater de frente com os prefeitos de sua base, forçando-os a apoiar o presidente da Assembleia elevado ao posto de interino.

 

Só uma novidade, com capacidade de movimentar uma onda de favoritismo ou desgaste poderá alternar este quadro. Lembrando que terceiro e quarto lugares ainda podem se movimentar, e que o TSE tem a palavra sobre a permanência ou não de Amastha no processo.

 

É que mesmo com todo desgaste, o ex-prefeito segura seu eleitorado até aqui.

 

A foto do momento, portanto, é exatamente esta: Kátia, consolidada, tem dificuldades para subir. Vicentinho segue forte. Amastha perdeu campo, mas se segura e tem o futuro nesta disputa nas mãos de outros. Carlesse pode dar uma arrancada com o poder da máquina e melhorar de posição na reta final, mas dificilmente subirá tanto a ponto de surpreender.

 

Fora isso, Márlon Reis é a novidade que Mário Lúcio Avelar (Psol) não conseguiu ser. Este último, um bom quadro, mas que parece ter perdido o timing de colocar seu nome para apreciação dos tocantinenses. Márlon, ao contrário, usa bem esta janela e pode se colocar como a novidade para outubro.

 

É. É que esta eleição tem resultado válido apenas até dezembro e, portanto, poderia ser aquela em que cada um vota por convicção. Mas não. O Tocantins ainda parece longe de se permitir esta liberdade.

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