Na queda de braço para abastecer Palmas, faltou empenho do governo, sim!

A inércia de Mauro Carlesse ficou evidente ontem, quando cansada de esperar providências e com diversos serviços comprometidos na Capital, Cinthia Ribeiro foi à justiça lembrar ao governo de seu dever

Crédito: Divulgação/PRF

O governador interino, Mauro Carlesse fez distribuir uma nota à imprensa na manhã desta terça-feira, 29, para se explicar pelo fato de que o governo do Estado - ao contrário de governantes vizinhos - não se esforçou um milímetro para enfrentar a crise de abastecimento de combustíveis em Palmas. E por consequência, nas demais cidades do Tocantins.

 

A inércia ficou evidente ontem, segunda-feira, 28, quando cansada de esperar providências e com diversos serviços comprometidos na Capital, a prefeita Cinthia Ribeiro foi à justiça, através de ação movida pela Procuradoria do Município, lembrar ao governo que lhe compete garantir a manutenção da lei e da ordem.

 

Nos bastidores já se sabia da decisão do governador em não interferir. Desde ontem, pressionado pela circulação dessas informações, e também segundo vai pelos corredores, provocado pelo Tribunal Regional Eleitoral a garantir as condições de realização das eleições suplementares do dia 3, coube a Carlesse se explicar.

 

O argumento do governo é que há dois dias tomou providências para mandar escoltar caminhões que garantissem o abastecimento de veículos das forças de segurança e de ambulâncias que garantem o atendimento aos hospitais. Há dois dias…

 

O argumento que vai na nota explicativa do governo é que Carlesse apoia o movimento paredista dos caminhoneiros e não quis interferir para desobstruir pistas interrompidas. São 13 focos de manifestação ao longo da BR-153 e outras vias dentro do Estado.

 

Ontem começaram a circular as informações de que forças policiais federais, além da Polícia Militar, estavam determinadas a garantir que os caminhões de abastecimento cheguem à Capital. Palmas, no noticiário nacional, ficou conhecida como a única capital brasileira que ficou 100% zerada de combustível.

 

É o caos, imaginar que em apoio ao movimento dos caminhoneiros, que tem a redução do litro do diesel como pauta prioritária, devemos todos ficar sem gás de cozinha, sem meios de locomoção ao trabalho, sem abastecimento regular de leite, arroz, feijão, verduras e sem medicamentos. Estes começaram a faltar nas farmácias. Achar uma benzetacil no final de semana em Palmas transformou-se num drama.

 

Em que pese a legitimidade do movimento e a razão que aduz ao movimento dos caminhoneiros, não dá para assistir inerte a tudo que o desabastecimento provoca. Há um limite para todas as coisas.

 

O município sacou do decreto federal 9,832/2018 e da decisão que o Supremo Tribunal Federal deu na ADPF 519, para lembrar ao governo do Estado seus deveres, sua obrigação.

 

Hoje já se formam filas nos postos de combustível cujos caminhões já estavam na estrada quando o movimento paredista parou tudo. Informações se cruzam sobre a quantidade de caminhões que estão em trânsito para abastecer Palmas.

 

De uma fonte ouvi que são 16 a caminho de Palmas. De outra que são 20. A PRF confirmou serem 25. Para amanhã já está anunciada a greve dos petroleiros, anunciada para durar três dias. Ou seja: o abastecimento não vai se normalizar rapidamente seja para combustíveis, gás de cozinha e tudo que depende do transporte pelas rodovias.

 

Procon deve atuar pra valer

 

Se faltou a percepção da necessidade de manter a cidade minimamente abastecida, o governo pode encontrar uma via de redenção se mostrando útil contra o abuso de preços. Cabe aí PROCON, órgão fiscalizador, se fazer presente através de blitz nos postos de combustíveis, depósitos de gás e, por fim, nos supermercados. Preços abusivos devem ser imediatamente combatidos e multas inibidoras aplicadas. É em ocasiões como estas que o direito do consumidor precisa ser exercido, defendido, praticado.

 

Domingo, dia 3, tem eleição. Pelo visto, nem todos estão interessados em que o eleitor saia de casa para votar, mas é necessário.

 

Sabe por que? Num País democrático, o único meio de conquistar a mudança no cenário político é exercendo o direito de voto, o direito de escolher.

 

Nessa queda de braço para abastecer Palmas, a prefeita Cinthia Ribeiro demonstrou pulso firme. Seja em chamar uma reunião e organizar os serviços públicos prestados pela prefeitura, seja ao ir à Justiça obrigar o comando do Estado a se movimentar.

 

Precisamos de mais gente assim, com essa determinação para resolver problemas.

 

Em tempo: que a verdadeira resposta a esse movimento seja a mudança na política definida pela Petrobrás, através de seu presidente, Pedro Parente, que dolarizou os preços e impõe aumentos automáticos aos combustíveis. Essa pelo visto será a marca deixada por Michel Temer. O ilegítimo que ajudou a direita derrotada sucessivamente nas urnas a tramar o golpe que tirou o País dos trilhos e que agora flerta descaradamente com a ditadura militar, de tão sofríveis lembranças para o País e para os que sobreviveram a ela.

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