Nem tudo que um delator diz, o outro confirma! E aí, como é que fica?

Eduardo Siqueira não é o tal Acelerado, que recebeu mais de US$ 24 milhões de propina da Odebrecht entre 2010 e 2012

Jornal Nacional esclarece equívoco com nome de deputado
Descrição: Jornal Nacional esclarece equívoco com nome de deputado Crédito: Foto: Divulgação

O Jornal Nacional teve ontem que fazer um desmentido, e o fez, mas bem ao seu estilo: sem admitir que errou. Confira aqui o vídeo.

 

E qual o teor? Eduardo Siqueira, com tudo que possa pesar sobre ele de suspeita de práticas equivocadas ou ilegais durante o governo do seu pai, não é o tal Acelerado, que recebeu mais de US$ 24 milhões de propina da Odebrecht entre 2010 e 2012.

 

O dinheiro teria sido pago em contrapartida a um contrato milionário feito com a Petrobras.

 

Já poderia causar estranheza o deputado, então secretário de estado no Tocantins, ter tamanho poder de influência que justificasse uma intervenção sua, num contrato deste porte, render a tal propina.

 

De onde saiu o nome de Eduardo Siqueira? De uma lista do delator Benedito Jr, onde seu nome estaria ligado ao codinome “Acelerado”.

 

O esclarecimento surge no depoimento de um outro delator, Rogério Araújo, que afirma que o Acelerado seria Aluísio Teles, ex-gerente da área internacional da Petrobrás. Este teria recebido os mais de 24 milhões de dólares, em contrapartida de 3% a um contrato firmado em valores superiores a 800 milhões de dólares. “O Acelerado é o Aluísio, três vezes 8, 24”, faz conta o delator, indicando uma comissão de 3% por ter ajudado a montar o esquema. Aluísio teria recebido os 24 milhões de dólares via Mário Miranda.

 

Ainda haverá, com certeza, muito chão pela frente, para saber por que Benedito Jr fez a associação de um político do Tocantins, que não integrava nem PMDB nem PT, a recebimento de propina oriunda de um contrato que nada tinha a ver com o Estado.

 

A questão não é esta. O problema é que há três dias, o Tocantins inteiro chama de ladrão, por algo que possivelmente não tenha mesmo feito, o deputado historicamente tucano, que se filiou nos últimos anos ao Democratas. Um dos comentários em sua página chega a desacreditar Eduardo como pai, a dizer que ele usa a imagem do filho nas redes para dar a entender que é o que não é. Uma coisa que chega a ser desumana, como todo comentário motivado pelo ódio pode chegar a ser.

 

Ninguém segura as reações das redes depois de uma notícia dada em rede nacional, pela Globo, com todos os ares de verdade. O vídeo do Jornal Nacional fazendo o contraponto está aí, mas provavelmente nem um terço dos que viram a primeira matéria verá a segunda.

 

A onda de divulgação de depoimentos dados a princípio sob o manto do sigilo, como peças condenatórias de pessoas que passam imediatamente a serem detratadas pela opinião pública, é uma parte preocupante de todo esse processo de depuração da política nacional.

 

A condenação antecipada pela simples menção de um delator vai se mostrando equivocada. 

 

Quando nem todos os delatores concordam entre si com o que dizem, o que resta a quem foi citado? Esperar o tempo da justiça dos homens e um pouco da misericórdia divina.

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