O medo que nos protege, a pressão do comércio e a subnotificação

O instinto de sobrevivência e o medo da perda de entes queridos tem feito com que as pessoas atendam as autoridades locais e fiquem em casa, mas nem todos os casos são conhecidos e a pressão aumenta..

Crédito: Reprodução

O medo me pegou na estrada de volta pra casa, na quarta-feira passada, dia 18. Eu já estava decidida a ficar recolhida no alto da serra. Vinha de Taquaralto, onde fui buscar milho triturado, ração para as galinhas, itens de segurança para as duas cuidadoras que se revezam com minha mãe, acamada, aos 81 anos. 

 

 

No começo da semana passada já tínhamos tomado todas as providências para protegê-la. Luvas, aventais, toucas, máscaras, álcool gel. Critérios para visitas. Ambiente fora de casa para quem fosse vê-la.

 

Mas o medo que me pegou foi o de estar contaminada. Ele veio com a notícia do primeiro caso confirmado e a lembrança de que no dia 11 tive contato com uma pessoa do grupo de risco. Medo que virou pavor quando comecei a imaginar as consequências de uma transmissão na minha casa. 

 

Peguei a matula e mudei de endereço. Graças a Deus pude fazer isso logo no começo. Sem sintomas, eu, e sem sintomas minha amiga, que tinha ido à Fortaleza no grupo das 20 advogadas, fiquei 8 dias fora de casa. Hoje, 26, volto a conviver com minha família, na mesma casa. Mas ainda mantendo todos os cuidados necessários. Sempre.

 

Sem testes suficientes, pacientes com sintomas voltam para casa

 

Observando os casos notificados e recebendo mensagens diárias de pessoas que pedem todo tipo de ajuda -  de cobrar resultado de testes, a cobrar que os testes sejam feitos – não tenho dúvida: vivemos tempos de subnotificação em Palmas.

 

Sem mortes, graças a Deus, e com as medidas seguras que foram tomadas pela prefeita da Capital e pelo governador desde a semana passada, o clima é de relativa tranquilidade.

 

Mas já aumenta e muito a pressão para que os comércios, fechados há uma semana, reabram as portas.

 

E aí, faço um parênteses.

 

É desastrosa a atuação de líderes de oposição. Não fosse um ano eleitoral e ainda teríamos muita defesa insana para liberar logo a quarentena e voltarmos ao “ritmo normal”, preservando apenas os idosos em isolamento. Mas o ingrediente eleitoral está tornando ainda mais tóxicos esses dias nas redes sociais e no WhatsApp.

 

Lamento. Isso não é possível. Os idosos precisam de cuidados. Não podem ser abandonados à própria sorte. 

 

Não só os idosos contraem o coronavírus e correm o risco de morrer. Todas as faixas etárias estão sujeitas a risco de morte.

 

Por enquanto, o medo que nos guardou nos últimos dias dentro de casa, precisa continuar a nos proteger.





 

 

 

 

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