Oito anos depois, Tocantins procura seu rumo e cidadão está menos crédulo na política

Em oito anos de cobertura e análise política dos fatos e personagens da política tocantinense, percebo que o cidadão está menos crédulo e o Estado mais endividado, perto de precisar fazer uma guinada

Jornalista Roberta Tum, diretora do Portal T1 Notícias
Descrição: Jornalista Roberta Tum, diretora do Portal T1 Notícias Crédito: T1 Notícias

Esta semana completamos oito anos no ar, primeiro com o Site Roberta Tum, que publicou sua primeira página com este título em 27 de março de 2009. Depois com o T1 Notícias, uma mudança que fiz para tirar meu nome do título e ampliar o conceito desta página de um site de notícias para Portal, um canal de acesso a vários conteúdos, que não só o que nós produzimos na redação.

 

Aqui estão os advogados Marcelo Cordeiro e Adriano Guinzelli com suas colunas. Está também a amiga Jaciara Barros, colunista famosa no Estado, com seus flashes da sociedade tocantinense. Está o jornalista Luiz Pires com sua contribuição semanal na coluna de turismo, Lucas Meira falando de juventude e empreender e estão ainda dezenas de colaboradores que rotineiramente enriquecem nossa página com seus pontos de vista no Em Debate, que funciona como um contraponto à Minha Opinião, se transformando na opinião do leitor, ou na “Sua Opinião”.

 

Fazendo uma viagem na linha do tempo nos últimos dias, estava me lembrando do começo, sofrido, dividindo o dia em dois expedientes: um numa assessoria, que garantia o ganha pão, e o outro por aí atrás de notícia que alimentasse o que era então um site embrionário, onde trabalhávamos eu e uma estagiária. Depois, a primeira sala alugada, um CNPJ antigo, alterado para abrigar a nova atividade, a primeira sub-editora do portal, o primeiro repórter, tempos depois a primeira editora de política.

 

Quanto mais o antigo Site Roberta Tum foi crescendo em audiência, mais nosso peso e responsabilidade sobre o que dizer também foi aumentando. Era um leitor ávido não só pela notícia, aquele de oito anos atrás, mas pelo bastidor, pelo contexto atrás do fato, pelos detalhes de como estavam as relações pessoais dos políticos por trás da cortina do teatro que sempre encenam em público, nas formalidades dos atos públicos.

 

Cheguei a escrever todos os dias um artigo, alguns explodindo de leitura, na casa dos 25 mil cliques dia. Era a ânsia por ler e comentar, se posicionar, interferir.

 

De lá para cá muita coisa mudou na Web. As redes sociais cresceram. O Orkut acabou, o Facebook ganhou asas e milhares, milhões de perfis. O WhatsApp foi criado como a grande ferramenta de comunicação, e dentro dele os grupos por onde circulam as fofocas da política. O leitor se divide entre os portais e o que lê no Face por exemplo, onde não há muita responsabilidade com produção de notícia, mas há um grande engajamento e partipação das pessoas contando o que acontece na sua cidade, e desabafando sobre os assuntos do dia a dia. Tudo ficou mais superficial e descartável.

 

Todas essas mudanças impactaram os veículos de web. No nosso caso obrigam a uma permanente metamorfose, na forma de apresentação do Portal. Quantas vezes mudamos de layout nestes anos? nem sei contar. Criamos aplicativo, abortamos o aplicativo, por que não tinha qualidade de concorrer com os layouts modernos de outras mídias por ai. E agora vamos enfrentar o desafio de criar outro, mais intuitivo, mais simples, e mais bonito.

 

O lance é este: cada dia novo é um desafio para quem faz notícia várias vezes no dia. A receita para a audiência aumentar a gente sabe de cor: tragédia, dramas pessoais, fofoca. Só que optamos em não seguir por esse caminho. Simplesmente porque nosso desafio é fazer um jornalismo que acrescente alguma coisa no mundo que vivemos.

 

Ultimamente estamos abaixo da qualidade que gostaríamos de ter. Da diversidade de pautas, de histórias diferentes para contar. Com uma equipe menor, em razão do momento crítico na economia, estamos meio que escravos da cobertura factual obrigatória do que se passa no Estado, na capital e nos principais municípios do Estado, nas principais instituições, no legislativo e no judiciário. 

 

É um grande e exaustivo trabalho manter a atenção, o interesse e a fidelidade do público que conquistamos. Mas nos dedicamos a isto todos os dias.

 

Olhando para trás, me peguei refletindo sobre o que mudou. Penso que o tocantinense está mais cansado, assim como eu, dos mesmos discursos, das mesmas promessas e principalmente das mesmas práticas que rompem qualquer possibilidade de representação, quando o político se assenhora do mandato como se fosse dele e dá as costas para os interesses de quem o elegeu.

 

Principalmente, o tocantinense do interior, o mais sedento por transformação na sua vida, por oportunidades novas, já não vê a política mais como esse meio de promover sua prosperidade, nem os políticos como agentes destas mudanças.

 

Os grupos tradicionais estão desgastados, e não é difícil imaginar que seus maiores expoentes corram o risco de perder as próximas eleições. O modelo político está esgotado, não só no Tocantins, mas aqui o desânimo bateu à porta das pessoas com mais força por que o Estado quebrou, não consegue mais gerar riqueza e emprego. Perdeu o status de solucionador dos problemas e mal cumpre suas funções constitucionais.

 

Vivemos um Tocantins em que os grandes mitos estão de pernas quebradas. Um Estado endividado, com dificuldade em pagar sua folha completa (paga o líquido e não repassa empréstimos, contribuições), que não tem 1% sequer do orçamento para investir, que mal consegue fazer as necessárias contrapartidas aos financiamentos que contraiu.

 

Talvez esse caminho, aparentemente sem saída, seja o grande lance para uma guinada no cenário político e econômico do Estado. É preciso encontrar saídas fora das máquinas públicas.

 

Vivemos um Tocantins menos crédulo, menos otimista, que ensaia andar com os dois pés no chão.

 

Para nós, é um outro desafio: procurar as histórias que o leitor quer ler, os assuntos que as pessoas vão parar e dar atenção por 8 a 10 minutos, média de permanência do internauta no portal.

 

Depois de 8 anos de muito trabalho e vendo os colegas que empreendem na comunicação, buscando seu próprio nicho, segmento, sua pegada e seu caminho, sinto que ainda é possível tocar esse canal adiante. Dentro do que a gente aprendeu e construiu nos últimos anos, mas com a certeza de quem não se reinventa acomoda e morre.

 

Quem saberá dizer como vai evoluir a comunicação na internet pelos próximos oito anos? Talvez algum visionário se arrisque. De minha parte vamos buscar entregar o que o leitor vem buscar a cada dia, mas com o compromisso de ajudar construir um legado. Uma sociedade mais justa e mais harmônica para a geração que nos sucederá.

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