Pré-candidatos surfam na onda do negacionismo e das fake news para se promover

Final de semana foi tenso. Movimento coordenado a partir de Brasília leva pessoas novamente às ruas. Em Brasília, pedindo a volta da ditadura. Em Palmas, pressionado pela reabertura total do comércio

O dia do Exército Brasileiro - Força Nacional de Segurança que merece todo respeito pela imensa importância que tem na defesa da soberania nacional, proteção das nossas fronteiras e instrumento de integração - foi utilizado ontem, domingo, 19 de abril como pretexto para duas ações tão obtusas quanto preocupantes.

 

 

A primeira, como se viu em Brasília com a presença do presidente da República, repercutiu para todo País motes em defesa da ditadura, um período trágico da história do Brasil que deixou saldo imenso de mortos e torturados. 

 

 

Trata-se de um grupo que acredita piamente em invasão comunista e defende um sistema onde o autoritarismo elimina adversários à força, como alternativa de ampliar seu poder. Já vimos este filme antes. Em 1968, quando militares editaram o Ato Institucional n. 5.

 

 

A segunda, aconteceu aqui, em terras palmenses, onde o pretexto de comemorar o dia do Exército serviu para aglomerar pessoas em defesa da reabertura do comércio, num movimento de rua, que desta vez procurou evitar o confronto com a Guarda Metropolitana. 

 

 

Todo o negacionismo que prega a desimportância da pandemia que já matou mais de 2 mil brasileiros, encontrou sua expressão maior num áudio do pré-candidato a prefeito de Palmas, médico, Joaquim Rocha que circulou no domingo. Ele que já foi vereador, ficou famoso recentemente no Fantástico com as recomendações que fez no início da pandemia, de remédios caseiros para combater o Sars-Cov- 2.

 

 

O conteúdo é inacreditável e poderia ser anedótico, se não fosse pregado tão a sério e confirmada sua autoria - após receber o material, o Blog entrou em contato com o pré-candidato – pelo próprio autor.

 

Entre as afirmações falsas do médico está a seguinte frase: “Esse coronavírus, isso é uma criação... tudo bem ele existe, mas aqui no Brasil ele não tá matando ninguém não”.

 

Propagando uma suposta conspiração internacional, o pré-candidato prossegue nas contradições: “Ele tá matando justamente nos estados onde existem aqueles que querem bater no Bolsonaro. É São Paulo, é Rio e Fortaleza... Por que esse Corona vírus foi selecionar justamente as cidades onde tá o Witzel, o Doria e o Ciro Gomes (...) aí pegaram lá em Manaus um cupincha deles e colocaram lá pra não ficar muito na cara né?”.

 

Num dos trechos o pré-candidato chega a afirmar que usar máscaras e lavar as mãos não previne contra o Corona Vírus por que ele se propagaria “pelo ar”. 

 

“Mas isso não existe não colega, o povo tá sendo feito de palhaço. Esse negócio de usar máscara isso é besteira. Isso tudo aí que tá colocando aí, lavar a mão... é fazer o povo e besta, de otário.

 

Esses cara são uns FDP*. É a nova ordem mundial. Eles precisam transformar o Brasil num comunismo. Eles precisam trazer a China e a Rússia o controle do País...”

 

Seria cômico, se não fosse trágico. Conteúdo que mereceria uma análise do Conselho Regional de Medicina tamanha a irresponsabilidade de suas afirmações.

 

Na verdade, além de Joaquim Rocha, mais dois pré-cadidatos de pouca expressão também tem usado o momento para tentar se promover. Utilizam da mesma onda obscurantista, que nega a ciência. O caso do médico é mais grave por que contesta as evidências e chega a tentar desacreditar os óbitos que acontecem por todo o Brasil, em todos os Estados da federação. Esta é a face mais preocupante de um movimento autoritário, coordenado.

 

Ainda na tarde do mesmo domingo na capital, um grupo nada desavisado, tentou ocupar bolsões de estacionamento dentro da área pública da cidade. Tudo em nome da liberdade de se manifestar pelo que eles chamam ser “a defesa do Brasil”. Não é.

 

Advertidos, alguns de seus membros gravaram vídeos se vitimizando, e protestando contra o que alegavam ser “a perda do direito de ir e vir”. A verdade é que se reuniram em afronta ao decreto municipal ainda em vigor que determina que se evite qualquer aglomeração que possa ser vetor de transmissão do vírus.

 

 

Inconcebível que num tempo onde qualquer pessoa minimamente informada se previne e protege a família num ambiente de comprometimento da saúde pública, arautos com um discurso da idade média, venham ameaçar com traços de loucura e psicopatia o ambiente democrático tão duramente conquistado no Brasil nas últimas décadas.

 

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